Fanfics Brasil - Jully A Verdadeira Felicidade

Fanfic: A Verdadeira Felicidade | Tema: Amizade genuína


Capítulo: Jully

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A Verdadeira Felicidade


Jully era jovem, bonita e de estatura média, seus cabelos maravilhosamente cacheados, brilhavam como a luz do dia. Tinha um corpo estupendo, cheio de curvas, quanto a mim já não me encontrava na jovialidade, mas sentia a felicidade me rodear com tanta graciosidade. Como se não bastasse, enchia os olhos dos que estavam a sua volta com sua humildade e simpatia. Além do mais possuía uma vocação, uma certa compulsão por livros, era como lobos vorazes com sua caça, dia após dia, na livraria de seu amado pai tornava-se devoradora de histórias.
Conhecimento, tratava-se apenas de mais um de seus atributos, para nós os amigos, com os melhores livros presenteava-nos, com mensagens agradáveis e acompanhadas com cartões-postais de paisagens extraordinariamente lindas, de países distantes, enchia-nos os olhos ao vê-los.
Um de seus maiores talentos achava-se na benevolência. Ela toda era pura bondade, doando e presenteando seus livros. Como ela nos amava, particularmente sentia-me sempre a satisfação ao meu redor, vi o quão diferente era a sua forma de ser e lembro-me o quanto tudo isso significou para mim, um belo exemplo adquiri para a vida. Comigo exerceu com calma e serenidade o seu afeto. Na minha ânsia de saber e conhecer um pouco mais sobre a literatura, nem notei a espantosa surpresa a qual me submetia. Muitos perguntava-me se éramos amigas, e como não ser, achava-me num profundo orgulho de tê-la por perto, pois todo conhecimento e sabedoria adquiridos, veio-me por meio dela, dos seus feitos e dos presentes os quais me presenteava, na maioria das vezes eram livros, que tornavam-se lidos e absorvidos. A amizade era continuada e bem mantida, isso até o meu próximo aniversário. Foi quando fiz trinta anos, tudo foi lindo, a festa, o vestido, os convidados e eu que encontrava-se deslumbrante, porém em meio a tanta beleza, deparei-me horrorizada com o presente que ganhei de minha sublime amiga, disfarcei-me em tons de alegria quando vi uma linda blusa acompanhada de um livro chamado A Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, naquele momento tive que lidar com o meu próprio ego, arrogância e caráter, pois ali estavam pessoas que eu amava e também aquelas amizades que eram importantes no meu trabalho, ninguém poderia descobrir o meu segredo, do contrário minha vida iria de “água” abaixo, assim eu pensava.
Ao final da festa todos voltaram aos seus lares, ninguém percebeu que o meu segredo encontrava-se naquela obra (livro). Todos saíram satisfeitos e felizes, mas dentro de mim uma dúvida se espalhava como um vírus nocivo, minha adorável amiga descobrira tudo e quis me envergonhar, até quando ela fará o seu joguinho? Esses eram meus pensamentos audaciosos, meu rosto se pranteava numa tristeza sem fim. Aquele livro era temeroso aos meus olhos, me chateei com Jully, comecei a duvidar se sua amizade era realmente verdadeira, daquele livro nenhuma página tive o desplante de ler. Sentia-me traída, ao meu ver ela usou de falsidade para comigo, tinha convicção de que era uma indireta maldosa em relação a mim. Quanto à amizade, o que acham que poderia ter acontecido? O óbvio, lentamente fui me afastando dela, com uma profunda tristeza no coração, ela fora mais do que uma amiga, uma irmã que compartilhávamos e enfrentávamos juntas momentos de tristezas e alegrias, porém nos meus pensamentos amargurados e perfurados com a lança ataviada de egoísmo já não a aceitava como amiga e sim como enganadora, como pode me enganar todo esse tempo, por que não me contou logo, para que me fazer sofrer de novo? Essa era minha consciência dia após dia.
E Jully como se encontrava em meio a tudo isso? Aaah, todos os dias ela vinha em minha casa com sua doçura e solidariedade, eu não a recebia, mas minha caixa de correios achava-se sempre cheia de mimos e livros como sempre ela fazia. Em um imperfeito dia pedi para minha funcionária dizer que me mudei para um lugar distante, vi de longe as lágrimas rolarem dos olhos de Jully e seu semblante entristeceu como se fosse a morte de alguém, todavia o meu coração encontrava-se muito sentido com tudo aquilo, não voltei atrás e também chorei amargamente, por perder aquela pessoa a qual eu achava ser tão especial em minha vida. Um fato mais do que importante é que ninguém poderia saber que todas as características daquele livro recaia sobre mim, tudo o que jamais havia explanado à ninguém, nem mesmo a ela, pois sentia medo do que diriam de mim. No entanto, seria mera coincidência ela me presentear com aquele livro, justamente no meu aniversário? Até então só eu sabia daqueles fatídicos problemas meus, dos caprichos e de tudo de ruim que havia dentro de mim, ou seja, no meu coração e que me fazia muito mal, contudo preferi guardar e ferir-me para sempre. Me angustiava sem cessar, o que fiz de errado, onde falhei, por que e como ela descobriu meu mistério? De forma alguma achava solução para esse dilema. Então procurei viver minha vida disfarçadamente, visto que ali era meu lugar de apoio, jamais me mudaria para outra cidade, aquele lugar significava muito para mim, enfim minha vida tornou-se a ter sentido naquele recinto e isso não poderia destruir meus restantes de sonhos.
Passaram-se alguns anos, soube que Jully havia se casado e seguido com sua vida em um país no qual sempre sonhara, fiquei feliz por ela, mas a mágoa ainda restava em minha alma. Eu nunca quis me casar, preferia a vida solitária, sempre tomando meus cafezinhos da tarde na padaria do Seu Zé, muito hospitaleira por sinal, vivia feliz até aquele dia, quando de repente bateram-me em meus ombros, virei-me rapidamente e vi que era ela, Jully, toda linda e como sempre sorridente, me abraçou bem forte e me fez uma pergunta: Você sumiu desde o seu aniversário, o que aconteceu que esqueceu de mim? Eu trêmula, não sabia como agir e ela como sempre me tratando carinhosamente, foi quando me disse com tons de brincadeira, bem baixinho: descobri o seu segredo! Eu que já me encontrava fora de mim, gritei bem alto: chega e saí daquele lugar aos prantos. Jully, mesmo sem entender nada foi correndo atrás para entregar-me algo que estava na mão. Ela gritava e eu dizia para me deixar em paz, corri tanto até não conseguir mais, corria com minha mente se desfazendo de constrangimento, caí e joguei minha cabeça sobre meus joelhos. Jully chegou bem perto e esticou suas mãos com o meu velho diário da qual nem me lembrava mais. Chorando muito, reconheci aquele diário e perguntei-a com uma voz que não era minha: o que faz com ele? Como conseguiu? Não acha que já me humilhou o bastante? Ela sem entender nada apenas me respondeu: você deixou cair, isso faz alguns anos, quando fomos naquela sorveteria e você saiu às pressas para atender a um chamado e também faz tempo que estou tentando entrega-lo, mas um dia fui em sua casa e me disseram que teve que se mudar com urgência, jamais entendi qual foi o motivo de sua mudança, mas guardei-o e o li, afinal sempre fomos mais do que amigas, sei que jamais esconderia algo de mim e descobri através do seu diário que não gosta de conto, nem de uvas passas, agora estou aqui para lhe devolver e me redimir pelo presente que te dei no seu aniversário de trinta anos, deveria ter escolhido outra coisa, me desculpe, senti muito sua falta. Naquele momento me senti a pior pessoa do mundo, o que era fato é que o meu segredo jamais escrevi, sempre guardei-o para mim, descobri ali que Jully era inocente de todas aquelas coisas a qual eu a submeti em meu pensamento, não soube o que dizer, apenas a abracei fortemente e chorei muito. Ela não entendia nada do que estava acontecendo, então me perguntou o porquê de tudo aquilo, mas eu como sempre inventei algo e também pedi perdão pelo afastamento inesperado e por tudo o que havia acontecido.
Ficamos naquele lugar por horas, conversamos muito e no fim do dia fomos para casa, Jully estava de volta e eu também, pois sem ela a minha felicidade não era a mesma. Porém, como todos devem estar imaginando, sobre o tal mistério, nunca contei a ela, até tive vontade de me abrir, mas resolvi não pagar o preço. Jully jamais soube que aquele conto tratava-se de minha história e que aquela garota malvada de A Felicidade Clandestina não existia mais e o que ela mais almejava era A verdadeira Felicidade.



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Autor(a): leidiani_mucuta

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