Fanfic: Transformando a história | Tema: Literatura infantojuvenil

TRANSFORMANDO UMA HISTÓRIA ATRAVÉS DA LEITURA.

           Laura estudava em uma escola simples do bairro. Destacava-se das outras meninas da sua idade por ter um desenvolvimento mais acelerado. Enquanto outras meninas buscavam enganar com seios feitos de papel enrolado, ela já os tinha com abundância. Porém, ela era gorda, tinha sarda, cabelos encaracolados e não gozava de beleza. Por esse motivo, ela era deixada de lado  e até sofria “ bullying” na escola. 

          Algumas garotas buscavam se aproximar dela só para tentar ganhar um livro de presente, já que seu pai tinha uma livraria que deixava todas com inveja, entretanto, o máximo que conseguia de Laura era um simples cartão de aniversário com os dizeres “data natalícia e “saudações.”

          Laura tinha um gênio muito forte e gostava muito de vingança e dizia odiar as outras meninas, só visto que eram bonitas, esquias,  altinhas e com cabelos lisos.

          Certo dia, soube que havia chegado na livraria de seu pai o livro infantil  denominado de mistério do coelho pensante, da autora Clarice Lispector, então me aproximei de Laura.

          No começo ela foi muito grossa, todavia, fui conquistando a sua amizade e tentando mostrar pra ela que, apesar das nossas diferenças, só queria a sua amizade.

         Com o passar dos dias e com vontade de fazer a leitura do livro, perguntei se ela poderia me emprestá-lo para eu ler. Ela por sua vez, falou pra eu passar no outro dia em sua casa e pegá-lo.  Fiquei muito animada e radiante. Fui para casa nas nuvens e ansiosa para chegar o outro dia e ter em minhas mãos o sonhado livro.

         No outro dia fui até a casa de Laura. Ao chegar  no  portão,  chamei seu nome e logo apareceu na janela. Então perguntei:  você  pode me emprestar o livro? Mas para minha decepção, ela olhou bem nos meus olhos, disse-me que havia emprestado a outra menina, e que voltasse no dia seguinte e conseguiria o meu objetivo.

        Porém a espera foi bem maior do que eu pensava, fiquei indo vários dias na sua casa, sempre com uma ânimo renovado e com a fé que conseguiria  ter em meus braços aquela valiosa literatura.  Sempre que chegava em  sua casa, ela dizia uma história diferente e pedia pra eu retornar no outro dia. E assim, os dias foram passando e eu nada de ler a obra desejada.

         Até que em mais um desses dias, quando estava mais uma vez na sua porta, ouvindo pacientemente a sua recusa, a sua mãe assistiu a mais uma cena negativa, proporcionada por sua filha e estranhando a minha ida todos os dias na sua casa,  nos pediu explicações do que estava acontecendo.

        Depois de um silêncio profundo de ambas, e após isso, houve da parte de Laura  uma explicação embaraçada e pouco elucidada, a mãe por sua vez,  percebeu o que estava acontecendo naquele local e qual  o motivo da minha ida  frequentemente a sua residência. Nesse exato momento, ela vira pra filha e diz: mas o livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

        Então a sua genitora ordena que a filha imediatamente, faça o empréstimo do livro e diz pra eu ficar com ele o tempo em que  eu desejasse.  Ao pegar o livro, percebi que poderia fazer algo diferente.  Então perguntei se a Laura não queria dividir comigo essa leitura, que pudéssemos  descobrir juntas as maravilhas desse mundo fantástico da literatura infantil. Depois disso, poderíamos debater com os colegas e fazer grupos de estudos. A sua mãe gostou muito da ideia e incentivou a filha para que a mesma “ mergulhasse” nesse universo desconhecido. Assim, através da leitura, ela poderia mostrar para o resto da turma, que era uma garota legal.

          Após esses argumentos da mãe,  Laura aceitou que todos os dias, realizássemos uma leitura conjunta, dessa forma, estaríamos desenvolvendo a prática de ler e ao mesmo tempo, construindo uma bela e verdadeira amizade.

          Ao passar dos dias, nós conseguimos terminar a leitura e apresentamos um resumo da obra  os nossos  colegas de sala. Por causa da leitura, aconteceu uma aproximação de Laura e seus colegas e nunca mais houve  a prática de “ bullying” com ela.

         Mais um exemplo que a educação “derruba” barreiras do preconceito.