Fanfic: Felicidade de Fachada | Tema: drama teen

                       Felicidade de fachada

Ela era linda, loira, olhos claros, pele maravilhosa sempre na moda e muito rica. Em torno dela muitos que queriam estar em visibilidade na escola e também aproveitar dos benefícios da sua amizade.

Eu, ao contrário era magra, cabelos castanhos crespos e rebeldes, era do tipo que não tinha amigos por ter pouco ou nada a oferecer. Moça de cidade pequena, onde todo mundo se conhece, sem realmente se conhecer.

E como eu admirava essa moça, cheia de amigos sempre sorrindo, sabia tocar piano e violão, falava mais de uma língua, sempre culta e refinada. E eu com meu estilo do povo, as vezes em casa não comia nada e quando comia era arroz e ovo. Pensava como seria ser como ela, ter muitos amigos e ser admirada, ter sempre algo bom para comer e roupa bonita para vestir.

Enquanto ela era venerada pela sua beleza e condições financeiras eu era humilhada pela aparência, falta de estilo e pobreza.

Eu gostava de música, e amava cantar só que isso ninguém sabia, até que um dia me ouviram cantar quando estava ajudando minha tia que era camareira da escola, e estava limpando a cozinha. 

Quando ouviram logo gostaram e então me chamaram para fazer apresentações em datas especiais na escola e eu logo comecei a ser notada, isso de repente começou incomodar a venerada.

Certo dia ela me chamou para ir na casa dela, falou que conhecia muito sobre música e podia me mostrar as novidades nessa área, mesmo estranhando aceitei o convite.

Quando cheguei na casa dela, vi um mundo deslumbrante, muitas coisas ela tinha , computador, roupas, maquiagem, piano e violão, achei tudo muito encantador, mas algo chamou minha atenção, mesmo sendo tão mimada, passava maior parte do tempo com sua empregada cumprindo as regras que seus pais deixavam em um papel colado no espelho do seu armário.

E eu que quase sempre me lembrava da humilhação que me assolava e por tanto tempo me sentia fora do esquadro, fora do eixo, pouco a pouco fui esquecendo, porque embora fosse pobre e desajeitada na minha casa sempre fui bem tratada e zelada com muito amor. Já essa moça tão bela e esnobe cheia de beleza e conhecimento, faltou em sua vida o contentamento de ser amada, de ser cuidada. Naquele momento eu percebi que o sorriso que ela carregava era uma felicidade de fachada para esconder a solidão.

Pouco a pouco fui conversando, demostrei que me importava, com o tempo ela foi se apegando e sempre que podia a visitava. Fui conhecendo sua vida e entendendo suas atitudes e ficamos amigas. Fui dando pra ela o que de maior valor eu tinha, que era meu ombro amigo, meu ouvido, minha paciência, meu carinho e simplesmente a minha presença.

 Ela também com reciprocidade quis demonstrar sua amizade da forma que ela sabia, querendo me dar presentes, roupa boa e comida. Era o jeito dela e eu entendia, mas disse a ela que não poderia aceitar, pois talvez nunca teria a chance de o mesmo modo presentear.

 Então ela me disse de forma muito convincente que eu não deveria recusar, pois comigo ela havia descoberto uma felicidade diferente, tão pura e verdadeira, e que eu já lhe tinha dado o melhor presente. 

O melhor presente foi o de estar presente.

 AIRES Daniele M. Felicidade de fachada. 2019