Fanfic: A garota do livro | Tema: A garota e seu livro

Há muito tempo, havia na escola uma garota robusta, cabelos ruivos e sardas no rosto. Com seios enormes, enquanto nós, as outras garotas ainda não tinham quase nada. Sempre trazia os bolsos cheios de balas. O pai era dono de livraria.

Mas ela nem se importava. Era mesquinha, nunca nos presenteou com nenhum livrinho nem mesmo no aniversário. O máximo que ela fazia era nos dar um cartãozinho de “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”, com paisagem daqui mesmo de nossa cidade Londrina- PR, com o Lago Igapó, Jardim Botânico de Londrina ou Catedral Metropolitana de Londrina.

Passava por nós chupando balas. Ela devia nos odiar, nós que éramos lindas, altas e magras. Mas eu vivia lhe implorando pra ela me emprestar os livros que ela não lia. Mais ainda quando me disse que possuía o, recém lançado, livro “As aventuras na Netoland” com Luccas Neto.

Esse livro trazia histórias, jogos, curiosidades e pôsteres. Era um livro para dormir e acordar com ele. Porém livro de “Youtuber” (rapaz que tem canal no youtube), minha mãe jamais iria compra-lo pra mim. Ainda se fosse livro didático, sim. Então a menina me disse que passasse na sua casa no dia seguinte que ela me emprestaria.

Naquele dia como as horas demoraram a passar, quase nem dormi a noite na ansiedade de ter aquele livro em minha mãos. Ficava imaginando como ele era, quanta páginas, as figuras, o tamanho das letras, que histórias ele trazia. Eu queria aquele livro!

No dia seguinte fui até a casa da garota do livro. Morava numa mansão em frente o clube, não me mandou entrar. Disse que eu demorei e teria emprestado o livro a outra menina, que eu voltasse no dia seguinte, que ela já estaria com o mesmo.

E assim foi dia após dia eu ia até a casa da menina. E ela sempre me dava uma desculpa diferente para que eu voltasse no dia seguinte. Eu não acreditava em nada do que ela falava, era uma mentirosa, a vontade era de entrar escondida na casa e revirar tudo até encontrar o livro.

Cada dia o papo se estendia um pouco mais. De repente as idas a casa da garota do livro já não eram tão insuportáveis, hora e outra me pegava sorrindo, lembrando de algo que ela havia dito e ansiosa por ouvir mais das suas histórias.

Aconteceu que certa tarde a menina me convidou para fazer um lanche e me emprestou o livro. Eu não cabia em mim de tanto contentamento. Enfim o livro estava em meu poder. Eu podia senti-lo, toca-lo, me deliciar com a leitura de cada letra impressa. Fui para casa pulando, o mundo estava mais lindo, eu era uma rainha. Ah que felicidade!

Mas o melhor de tudo foi que já não era somente o livro e eu. Tinha feito uma amiga de verdade, o nome dela é Beatriz.