Fanfic: O Objetivo de Adélia | Tema: Garota rebelde
O Objetivo de Adélia
Adélia Pinto Penacho, Penacho por parte de pai, estava sentada no banco do canto do ônibus quase vazio, a menina de 15 anos carregava um leve sorriso no rosto, apesar de ter deixado o hospital há poucos minutos, não tinha acontecido nada de ruim, ela apenas tinha ido fazer uma visita à cunhada que acabara de dar à luz.
Nem sempre Adélia carregou o sorriso no rosto, embora, sempre teve uma família bem estruturada, não no sentido financeiro, mas companheirismo; há pouco mais de dois anos a vida daquela menina foi um verdadeiro tormento; Tudo por causa da Margarete, uma garota ruiva, muito bonita com seus cabelos cacheados de fogo, as sardas no rosto não diminuía em nada a sua beleza, porém, para ela, isso a fazia sentir-se diferente, tinha muita inveja das outras colegas da escola que tinham o rosto limpo, sem sardas, pois na idade na qual elas estavam todas traziam algumas espinhas espalhadas pelo rosto.
Margarete nunca prestou atenção em Adélia, até que certo dia, um livro em seu poder chamou a atenção da outra, era um livro com pouco mais de cem páginas, mas para Adélia era uma verdadeira relíquia, há muito que ela procurava por aquele exemplar de capa laranja.
_ Margarete, estre livro é seu?
_ Sim, por quê?
_ Você pode me emprestar quando terminar de ler? O coração da Adélia parou enquanto esperava pela resposta da colega que a olhou de cima a baixo analisando se aquela menina a sua frente merecia ou não, e depois, de parecer uma eternidade para quem aguardava pela resposta, ela respondeu. _ Por que não? Claro que empresto, mas não hoje, amanhã, estou terminando de ler, passe na minha casa amanhã à tarde, está bem?
Feliz pela resposta, a menina nem se lembrou de que Margarete morava em um bairro do outro lado da cidade e, assim que as duas se separaram, Adélia sentiu a consciência pesada pelas vezes que pensou mal da colega por vários meses e, que agora iria lhe emprestar o melhor livro do mundo.
No dia seguinte, um sábado, o pesadelo de Adélia começou, subiu em um coletivo próximo a sua casa, desembarcou no centro da cidade e embarcou em outro para mais meia hora de expectativa; ela não via a hora de pegar o livro nas mãos. Desceu do ônibus e caminhou por duas quadras até parar diante da casa da Margarete, estava toda fechada, seu coração parou, mesmo assim, bateu palmas diante do portão e esperou, uma vizinha apareceu na janela da casa ao lado para avisar. _ Não tem ninguém aí, eles foram viajar e só voltam amanhã à tarde.
_ Muito obrigada! Agradeceu e voltou cabisbaixa para o ponto de ônibus e para a sua casa. Mas, no dia seguinte, logo após o almoço voltou à casa da colega, encontrou sua mãe sentada na varanda, se cumprimentaram e a mulher foi chamar pela filha.
Poucos minutos depois, as meninas estavam frente a frente, o sorriso voltou a florar no rosto da primeira, mas logo desapareceu quando ouviu a desculpa da ruiva para não emprestar o livro. _ Meu Deus, eu esqueci no porta-luvas do carro do meu pai e, ele acabou de sair para o trabalho, você sabe né, ele é frentista em um posto de gasolina e hoje vai trabalhar até tarde. Volta amanhã!
No dia seguinte, outra desculpa. _ Nossa! Como eu sou cabeça dura, a minha prima Glaucia veio ontem assim que o meu pai chegou do trabalho e pediu o livro emprestado, me desculpa, mas a Glaucia ficou de trazer amanhã depois do almoço, ela costuma ler bem rapidinho.
_ Tudo bem, amanhã eu voltou. E apesar de pensar em desistir por várias vezes, Adélia sempre voltava à casa da Margarete, pois aquele livro era muito importante para ela.
Adélia voltou no dia seguinte, no outro e no outro e no outro, até que no início da terceira semana, Margarete não aguentou de tanta curiosidade pela insistência da colega por um simples livro de um autor desconhecido e, perguntou. Diga-me uma coisa, o que é que tem naquele livro que é tão importante para você atravessar a cidade e vir aqui todos os dias?
_ Porque foi o meu irmão quem escreveu, foi uma edição curta...
_ Seu irmão? Interrompeu Margarete com brilho nos olhos.
_ Foi, mas, porque você está me olhando assim? Adélia achou a outra garota muita estranha, será que ela tinha enlouquecido?
Em menos de um minuto o livro apareceu nas mãos da Margarete. _ Eu empresto o livro para você, mas...
_ Mas?
_ Eu quero que você me consiga um encontro com o escritor mais lindo do mundo.
Bem! E agora Adélia Pinto Penacho estava sentada no banco do canto do ônibus quase vazio, na memória a imagem da Margarete deitada na cama do hospital com o filho recém-nascido ao lado, no coração a sensação de ser tia e, dentro da bolsa, o livro mais importante da sua vida.
FIM
Esse texto foi inspirado pelo conto "Felicidade Clandestina" de Clarice Lispector..
Autor(a): adilson_josE_alves
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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