Fanfic: Menina má (Reescrita do texto Felicidade Clandestina) | Tema: Literatura
Ela não era a menina mais bonita da escola, não tinha um corpo esbelto, era sardenta de cabelos crespos e arruivados, porém, lindos. Tinha a fama de má, por ser debochada com os demais, por rir das desgraças alheias e mais ainda por ter tudo o que qualquer um de nós queria: um pai dono de livraria.
Em tudo que era convidada ela nunca dava nem sequer um livrinho velho, sempre dava um jeito de irritar as pessoas com apenas um cartãozinho postal sem graça.
Ela era pura maldade. O olhar dela parecia mais ser de ódio, despeito, sempre de nariz empinado com aquele ar de superioridade. Chamava-nos de magrelas. Devia ser porque somos todas bonitinhas, altas e de cabelos bem lisos. Confesso que comigo o sadismo dela era bem maior e sempre tentei me aproximar dela, queria tanto que me emprestasse qualquer livro para eu ler que acabei nem percebendo o quanto ela me humilhava.
No fundo eu sentia que ela não era tão má assim quanto falavam e o quanto eu via e comprovava, não acredito que a pessoa nasça com a maldade no coro. Alguma coisa havia acontecido com ela, esse era o meu pensamento.
Um dia, sabendo que ela tinha um livro do qual sempre quis ler fui até ela na intenção de emprestá-lo e então sorrindo ela disse que podia buscar na casa dela depois da aula. Quase não acreditei, fui muito feliz até lá, mas a alegria acabou quando ela disse que o livro não estava no poder dela. Poxa, foi frustrante. Mas ainda assim ela disse que eu podia voltar lá no dia seguinte e a esperança reapareceu, pois achava que o livro já estaria em seu poder. E assim se sucedeu por duas longas semanas eu indo a casa dessa menina. Enfrentando sol e chuva todo dia, mas esperançosa e feliz por então ler o magnífico livro. Como não notei que ela apenas estava me enrolando? Por que ela era tão má assim?
Meu amigo me perguntou por que eu não baixava o livro para ler em pdf pelo celular, não quis. Eu queria pegar o livro, senti-lo em minhas mãos, cheirá-lo, eu amava os livros e queria muito ler e apreciar uma boa leitura, mesmo sabendo que eu poderia ler praticamente todo o livro que quisesse pelo celular eu ainda sim, queria ler aquele e queria folheá-lo.
Em minha última tentativa peguei tanta chuva e cheguei toda ensopada a casa dela para receber um NÃO novamente, estava esgotada, cansada e frustrada. A mãe dela percebendo que todo dia eu ia a casa dela resolveu perguntar o porquê das minhas idas até lá. E expliquei toda a situação. Ela ficou revoltada e disse que esse tempo todo, a filha estava me enganando e que o livro jamais havia saído de sua casa e que estava imensamente triste por isso e fez com que ela me pedisse desculpas. Fiquei sem graça, mas ao mesmo tempo aliviada, ela precisava aprender alguma coisa, uma lição. Como ela poderia ser daquele jeito sendo que a mãe dela era um amor de pessoa? Ela pediu para que eu entrasse me ofereceu uma toalha e um chocolate quente. Ela foi tão legal comigo. Conversando com a menina perguntei o porquê de ela ter feito aquilo, eu nunca a tratei mal, pelo contrário eu até a defendia quando tentavam falar as coisas dela. Foi então que ela me disse que as pessoas sempre foram cruéis com ela e riam dela por ela ser gordinha, sardenta e de cabelos crespos, as pessoas que estavam ao redor dela só estavam por interesse, pelo pai dela ser dono da única livraria da cidade e não por ela ser quem ela é de verdade, e a única forma que encontrou para se defender foi essa, sendo uma pessoa fechada, antipática na concepção dos outros. Fiquei boquiaberta, nunca pensei que ela se sentisse desse jeito, deve ser horrível.
Conversamos por um bom tempo e posso dizer que ganhei uma amiga, minha concepção sobre ela ser uma MENINA MÁ, desapareceu porque percebi que quem era ruim, eram as pessoas, ela apenas se defendia. Saí dali feliz por ter conseguido o livro e mais feliz ainda por ganhar uma nova amiga. Descobri a felicidade através de um livro, sim através de um livro, pois, se não fosse minha vontade de lê-lo eu não ganharia uma nova amiga e além do mais eu estava certa em pensar que ninguém nasce com a maldade no coro e sim que a pessoa se torna assim por algum motivo, como aconteceu com ela. Enfim sou agradecida e feliz por terem inventado os livros.
Autor(a): maria_jardim
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