Fanfic: Quebrando Regras | Tema: LGBT, Lesbica, homossexual, bissexualidade, colegial, romance, orange

Nada como um passo após o outro... nada como um passo atrás do outro. Tentava acreditar em minhas próprias palavras enquanto caminhava para o interior da escola. Poderia apostar que minha mãe ainda estava com o carro lá parado esperando até que eu sumisse do campo de visão dela. Eu queria dar meia volta, entrar no carro e voltar para casa. Minha casa de antes, minha escola de antes e meus amigos de antes. Eu era quem neste mundo? Ninguém. As pessoas nem ao menos notaram quando eu passei. Tudo bem, eu não queria que elas notassem... mas sei lá.

– Saí da frente! - Ouvi alguém gritar. Olhei para trás e um garoto vinha com um carrinho cheio de livros na minha direção. No mesmo instante saí do caminho dele.
Foi no desespero, e como eu sou a pessoa mais idiota do mundo empurrei uma garota contra os armários.

– Ai meu Deus! - fiquei sem saber o que fazer. – Desculpa, desculpa... Machuquei? Sério eu não vi eu...

– Ei, calma. – ela segurou meu braço. – Eu estou inteira. Já vi que é novata assustada desse jeito por pouca coisa.

– Pouca coisa? Aquele garoto... Aquele garoto veio com aquele carro... Nossa. – respirei fundo. – Eu sou a Lara. – a cumprimentei.
 – Eu sou a Kate, bem-vinda ao lugar que você não gostaria de estar. – ela tinha o cabelo curto, repicado e um corpo bem magro. – Você é de qual ano? Vou levá-la até a sala, para ter certeza que não vai matar mais ninguém. – brincou.

– Eu estou no primeiro ano. Turma vinte e dois.

– É... Não somos colegas, mas a tua turma é do lado da minha. Vou te deixar com um pessoal que vai cuidar bem de ti. – Acompanhei Kate até o anda de cima.

No caminho ela contou como funcionava a escola e eu já estava pressentindo que iria me ferrar mais do que o esperado. Ela parecia uma veterana, porque tinha detalhes de tudo e todos. Era popular, todo mundo lhe dava oi e conversavam por alguns segundos. Senti-me estranha perto dela, porque eu era assim na minha escola e agora sou uma desconhecida. Chegamos em frente a sala de aula, ela entrou comigo e me apontou um grupo de alunos.

– Vivian, Dan, Mila... – os chamou. – Essa é a nova colega de vocês... A...

– Lara. – completei.

– Isso, Lara. Ela é bem desastrada, vocês poderiam cuidar dela, não é? – ok, me senti a pessoa mais idiota da face da terra agora. Senti como se fosse o bebê e todos tivessem que cuidar. Cara, que mico.

– Claro Kate... Ela até que parece ser legal. – medo.

– Então tudo bem, bom primeiro dia de aula para vocês. – deu um beijo em cada um, inclusive em mim e saiu.

Fiquei sem saber o que fazer e como começar uma conversa com eles. Não pareciam tão receptivos e isso me deixava angustiada.

– Lara, senta aqui. – Mila, uma garota loira peituda e de estatura média pegou meu braço e me fez largar as coisas em uma classe vazia. – Não se preocupe a gente não morde.

– Só se você pedir, claro. – disse Dan com um sorriso safado na cara.

– Acho que não vou pedir... Eu tenho namorado. - avisei.

– Ninguém aqui é ciumento, não esquenta. – o garoto não vai me deixar em paz.

O professor chegou à sala de aula, então nos sentamos e houve uma apresentação. Eu tive que dizer meu nome e de onde eu vim e tudo mais. Era chato, era de dar vergonha, mas passou rápido. Tinha umas atividades de revisão que tinham que obrigatoriamente ser passadas para nós. Eu fiz numa boa, não tinha nada de novo para mim. No intervalo era uma maré de gente, saímos em grupo. A única que não me dirigiu a palavra foi Vivian. Ela não parecia uma má pessoa, acho que era tímida por isso não falou comigo. Nos sentamos na escadaria, Mila e Dan resolveram comprar lanches no bar e sobrou eu e ela...

– Oi, hã... Nós ainda não conversamos, mas eu não queria que ficasse estranho isso. – disse de uma vez. Ela ficou vermelha e me olhou assustada.

– Ah... Eu, bom. É que eu não sei como começar uma conversa com alguém que eu nunca falei, mas seja bem-vinda, Lara. Espero que goste.

– Obrigada. Olha, eu falo demais às vezes, podemos conversar sobre várias coisas... – eu estava ficando nervosa, estava me esforçando para ficar bem. Mas a verdade é que eu estava morrendo de vontade de ir embora. Eu não sabia nem como conversar com uma pessoa. – Quer saber? Vou dar uma volta. – levantei e saí para qualquer lugar.

Eu não fazia ideia para onde eu estava indo, a escola era grande e cheia de gente. Eu só queria um canto separado para eu dar o meu ataque de pânico. Encontrei um banheiro afastado e entrei. Escolhi uma das portinhas, entrei e baixei a tampa do vaso. Assim que sentei, peguei meu celular e disquei o número de Rose, minha melhor amiga. Ela atendeu no segundo toque.

– Alô? Lara?

– Rose, eu não quero ficar aqui... Sério! – comecei.

– Oh meu amor, o primeiro dia é sempre difícil, você sabe poxa. Calma, que amanhã vai ser melhor.

– Não Rose, eu quero vocês, quero minha cidade, aqui tem gente estranha para todo o lado!

– Faz assim, se acalma. Termina esse dia e eu vou dar um jeito de te visitar até o final desta semana, está bem?

– Ok. Eu amo você, muito. – sequei as míseras lágrimas.

– Tenho que desligar, te amo amiga.

Fui até a pia e lavei o meu rosto, a porta se abriu e Kate entrou com um sorriso duvidoso no rosto. Ela parecia desarrumada agora, não estava mais como antes.

– As meninas me contaram que você fugiu... interessante. – debruçou-se sobre a bancada.

– Não estava me sentindo bem, só isso.

– É, mas elas que estão cuidando de você...

– Eu não gostei disso. Você me entregou para elas como um pacote escrito frágil. Você nem ao menos sabe se elas foram com a minha cara! – minha mão tremia. – Eu não queria estar aqui e não... não quero. – tampei meu rosto para evitar lágrimas.

– Ah não... sério, não chora. Odeio garotas chorando.

– AH DESCULPA SENHORA: SOU UM HOMEM FORTE! – aumentei o tom de voz.

– Ah... Para com isso Lara, é o primeiro dia e você já está enlouquecendo. Quer dar uma volta? – ela nem ligou para o fato de que eu estava fula da vida? Como assim?

– Como assim dar uma volta?

– Primeiro dia de aula, não tem nada de importante. Podemos pular esses dois últimos períodos e dar uma volta. Você precisa se acalmar. – passou o braço em volta do meu ombro me puxando pra perto. – Relaxa Lara, senão você pira.

– Estou tentando, mas é difícil! – ela gargalhou alto. Mas que tanta graça que eu faço?

Fomos até a sala, pegamos nosso material e descemos pelas escadas laterais. Kate pegou a minha mão e me guiou a passos rápidos até o portão de trás. Era baixo e velho, pulamos numa boa.

– Se minha mãe ficar sabendo disso... Estou ferrada.

– Cara, você tem que se preocupar menos. Se continuar andando comigo, preocupação você vai ter que tirar do dicionário.

– Isso me parece um problema.

Quando eu percebi, já estava matando aula com uma garota que eu mal conhecia.