Fanfics Brasil - Felicidade Clandestina Felicidade Clandestina

Fanfic: Felicidade Clandestina | Tema: Trabalho Acadêmico


Capítulo: Felicidade Clandestina

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Felicidade Clandestina


 


 


Adoro correr com meus amigos pelas ruas de Recife. Todos os dias nos encontramos na esquina para mais uma tarde de aventuras, pelas ruas movimentadas com seus carros, barraquinhas de lanches, casas, pessoas e animais e por incrível que pareça, sempre tem gente nova.


Sou uma menina de cabelos compridos, com apenas um metro e quarenta e sete  centímetros de altura, tudo bem, eu sei que sou baixinha. Meus melhores  amigos Lucas  e Laura sempre me lembram disso, não sei exatamente o porquê, já que os dois são três centímetros maiores que eu e incansavelmente, tento explicar que tudo isso não passa de fatores genéticos. 


Não somos os mais afortunados da grande Recife mas nos divertimos muito por essas ruas, brincando de pega- pega, pique- esconde, no entanto, nossa paixão está nos livros. Nada melhor do que ir para o nosso lugar secreto, deitar na grama e deixar a imaginação nos guiar.


Existe uma parte do mundo que não vemos porque essas são as coisas que lemos.


Quem viajaria em um barco pirata?  Como poderíamos voar como o super homem? Ver sereias e fadas? Somente lendo, poderemos embarcar em aventuras inesquecíveis.


Não temos, é claro, uma biblioteca em casa mas, temos a Maria, uma senhora muito gentil, que nos empresta livros incríveis.


O que nos facina é saber que ela tem um esposo dono de livraria. O que qualquer criança devoradora de livros gostaria de saber.


Certo dia, ao devolvermos seus livros , ela nos contou que chegara “ As reinações de Narizinho” de Monteiro Lobato, ficamos pasmos, felicissímos,  com a notícia, claro que já queríamos emprestado. Então, ela nos contou o inesperado, algo que a muito tempo queríamos saber: ela tinha uma filha. O livro estava em sua posse. Fomos convidados para conhecê-la.


Naquele dia, não dormi direito, ansiosa para conhecer esta menina que tinha uma biblioteca em casa, meu Deus! Que incrível deve ser morar em uma casa que tem uma biblioteca, pensei.


Passei a noite imaginando que nos tornaríamos grandes amigos. Agora não seriam apenas três correndo e deitando na grama, seriam quatro, os quatro melhores, os quatro aventureiros. Imaginei ler na sua biblioteca, dando risadas e claro falando da aventura descoberta em cada capitulo. 


Quando o dia raiou, dei um salto da cama, corri para tomar banho, tomar café, da um beijo na mamãe e no papai e encontrar Lucas e Laura porque iríamos passar o resto do dia na casa da nossa mais nova amiga.


Ao encontrá-los vi seus  rostos cheios de luz,  a felicidade deles era a mesma que eu sentia. Nossos passos eram tão apressados que um senhor, dono de uma banca de frutas, nos perguntou se íamos participar de alguma corrida.


Ao chegar no bairro onde ela morava, vimos a beleza que era tudo aquilo. Sabiamos onde ela morava. Fomos no caminho certo.


De longe avistamos Maria em uma das janelas daquela casa enorme e fomos recebidos por ela. Logo ela chamou a sua filha, ficamos ansiosos a espera.


Nos sentamos em um sofá muito confortável e enorme e ficamos surpresos ao avistar uma menina gorda, sardenta, de cabelos crespos e arruivados e para a minha surpresa, ela era baixa.


Ao avistá-la , ficamos ali, em pé, todos calados. Ela nos encarava com um olhar mal humorado, como se não quisesse está ali. Dava para ver no bolso da calça que ela usava, muitas balas, tantas que estavam para cair. Pensamos que seriam nossas , mas ela não nos ofereceu nenhuma. Por um momento fiquei contrangida, comedo do sentimento de frustação, que certamente, estava porvir.


Sua mãe nos trouxe biscoitos. Sentamos novamente e começamos a conversar, mas aquela menina nos dava respostas frias, e nos tratava com desdém.


Meus amigos e eu, não chegamos a almoçar na sua casa, decidimos partir dizendo que teríamos uma festa de aniversario para ir.


Fomos para casa tristes naquele dia.


Algumas semanas depois fiz aniversario e mandei o convite para ela. Na espera de ganha um livrinho ela aparecera com um cartão- postal de Recife mesmo, escrito apenas “ feliz aniversário”. Percebi que ela pouco aproveitava a biblioteca que tinha.


Algumas semanas depois, tomei a decisão de pedir aquele livro emprestado. Fui até à sua casa, correndo. Ao chegar lá, recebi a pior notícia. O livro não estava com ela, estava com outra pessoa.


Voltei com meus amigos no dia seguinte mas a resposta era sempre a mesma, aquela menina nos olhava friamente, parecia um plano, parecia que fazia de propósito. Precisavamos descobrir o porquê.


Indo diariamente a sua casa, aconteceu algo incomum. Ao abrir a porta, a menina de cabelos arruivados estava triste, parecia estar chorando.


Ela nos convidou para entrar, algo que estranhamos porque das outras vezes, nem chegavamos a entrar.


Todos sentamos no sofá e então as lágrimas começaram a descer daque rosto pálido. O choro era de pura aflição, ficamos preocupados a ponto de perguntar se estava passando mal ou alguém tinha falecido. Mas a resposta foi uma surpresa.


Em meio aos soluços, ela nos contara que estava muito arrependia do que fizera, de todas as vezes que nos tratou mal e que queria pedir desculpas. É claro que nós, a perdoamos. Mas e o motivo de tudo aquilo? O que aconteceu?


Ao reparar que sua mãe não aparecia a alguns dias, perguntamos por ela, e a resposta nos deixou tristes. Sua mãe estava acamada, muito doente. Fiquei com o coração partido ao vê-la.


Aquela menina aparentemente má havia tido uma conversa e sua mãe descobriu toda a façanha. Na verdade, o livro jamais havia sido emprestado, ela nem chegou a ler. Fazia aquilo, por ciúmes.


Todos ao redor da cama e Maria começou a dizer que existe um outro lado do mundo onde tudo é possivel, onde existem fadas, dragões e tudo que podiamos imaginar.  Este lado é aquilo que lemos. Quem não ler não conhece tudo,  nem sabe de tudo. Que deveriamos enxergar além do que nossos olhos podiam ver.


Ali, aquela menina nos encarava e rapidamente saiu correndo, quando voltou trouxe um livro grosso e com voz firme disse:  - Vamos ler?


Nos despedimos de Maria e peguei aquele livro, nossa, quanto tempo esperei por este momento!.


Agora não eram mais três correndo pelas ruas, eram quatro. Ela, enfim, conheceu nosso lugar segreto. Deitamos na grama, abrimos aquele livro, olhamos um para o outro e embarcamos naquela felicidade clandestina.


 


 


 


SILVA,Nayara. Conto reescrito de.LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998


 



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Autor(a): nayara_da_silva_souza

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