Fanfics Brasil - Felicidade Ingênua Felicidade Ingênua

Fanfic: Felicidade Ingênua | Tema: Felicidade Clandestina


Capítulo: Felicidade Ingênua

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Felicidade Ingênua


Jenifer  não se parecia nem um pouco com as demais meninas da sua idade, tampouco com as colegas de aula. Éramos estudantes da mesma escola, da mesma sala de aula, numa cidade do interior do estado.


Seu cabelo era crespo, ruivo e despenteado, usava um sutiã com enchimento para parecer mais adulta, e usava maquiagem nos olhos e na boca, o que a tornava ridícula aos nossos olhos. Dessa forma, achava que chamaria a atenção dos meninos, nos deixando para trás.  Não tínhamos nenhuma simpatia por ela, mas ela era o que muitas de nós queríamos ser: filha de dono de livraria.


Mas mesmo nesta prestigiada condição, parecia não dar valor ao que tinha, preferia alimentar sua repulsa por nós, meninas bonitinhas, esbeltas, educadinhas. Por incrível que pareça, às vezes queríamos estar no lugar dela. Tínhamos paixão pelos livros, podíamos devorar todos se tivéssemos uma livraria aos nossos pés. Qualquer esforço seria compensador.


E ela sabia o quanto eu amava os livros, devia pensar que a invejava. E não perderia uma oportunidade de me torturar.


De repente, do nada, se achegou a mim e disse que tinha o livro O Jardim Secreto, de Hodgson Burnett e que podia me empresta-lo, se eu quisesse. Ai, ai, ai... Meu coração acelerou que até esqueci o que antes pensava a respeito dela.


Porém tinha uma condição. Claro que teria! Eu teria que ir até sua casa, no dia seguinte com hora marcada, para buscá-lo. E assim aconteceu.


Mas que tortura aquelas horas que demoravam a passar! Parecia uma eternidade. À noite, sonhei com aquele livro, era o mais querido, parecia mesmo um sonho... No outro dia, o comportamento daquela guria tosca não me incomodava mais, afinal de contas ela ia realizar meu desejo.


Quando enfim chegou o horário combinado, fui à sua casa cheia de expectativas, ansiosa para começar a ler o livro o mais rápido possível, mas para minha surpresa, ou não, eu já devia prever que algo poderia acontecer. O livro não estava mais com ela, pois me disse que havia emprestado a outra a uma amiga.


Naquele momento meu coração se entristeceu e até senti uma pequena raiva. Como ela podia ter feito isso? Mas pensei melhor e aceitei a situação, afinal eu queria tanto aquele livro. E assim combinamos para dois dias depois, novamente eu deveria ir à sua casa.


E assim aconteceu. Cheguei no horário combinado, bati na porta e ninguém atendeu, bati outra vez e outra vez. Depois de alguns “eternos” minutos, Jenifer apareceu de batom vermelho e mascando chiclete, fazendo um barulho irritante.


- Oi! Hum, é você! Você atrasou 10 minutos! Te liga! Hum... ainda não estou com o livro, minha amiga não devolveu. Volta daqui alguns dias!


Quase chorei, não sei por quê. Não sabia dizer.


Voltei pra casa triste, mas com esperança de ter aquele livro tão sonhado nas mãos. Contava as horas para chegar a hora de ir buscá-lo.


Porém o sonho parecia estar longe de se realizar. Passaram-se semanas, todas as vezes que eu ia até sua casa, a menina dizia que não tinha o livro disponível.  


Mas eu não desisti e fui lá num domingo, de manhã cedo. Bati na porta algumas vezes e esperei até que um senhor veio falar comigo. Fiquei nervosa, pois estava diante do dono da livraria da cidade. Todavia, ele foi muito gentil comigo e perguntou o que eu desejava. Então lhe expliquei o que estava fazendo lá, contando todos os detalhes de todas as vezes que estive em sua casa. O homem, então, me convidou para esperar no jardim e entrou na casa.


Quando retornou, estava acompanhado de sua esposa, a qual foi, minutos depois, conversar com sua filha. Nessa conversa, a mãe descobriu toda a armação de filha. Na realidade, o livro nunca esteve naquela casa, sequer havia um exemplar na livraria.


Fiquei muito triste e contei a eles sobre a minha paixão por livros. Depois de cerca de trinta minutos de conversa, a mulher me disse que compraria o livro e me presentearia. Meu coração se alegrou novamente e nem sabia o que dizer. Só agradeci e fui para casa ansiosa para contar o ocorrido a quem quisesse ouvir.


Nos próximos dias, Jenifer não olhava na minha direção, era como se eu não existisse. Mas isso não importava mais.


O tempo passou e um dia, na escola, ela me chamou e entregou-me o livro que os pais haviam comprado. Senti um desprezo e uma raiva pairando sobre sua cabeça, mas nada falei, sorri em silêncio.


Certa vez, tive a oportunidade de contar a história do livro numa apresentação de trabalho e, claro, Jenifer estava lá.


Após minha apresentação, ela veio a mim, com uma expressão facial muito diferente daquela que eu via todos os dias. Não parecia a mesma guria esnobe e amarga que conhecíamos. Sorridente, se fazendo de simpática, perguntou-me se podia emprestá-lo a ela, pois tinha adorado a história.


No primeiro momento, pensei em dizer que havia emprestado para outra menina, mas meu coração sempre foi bom. Respondi que sim.


A partir daquele dia tudo ficou diferente, passamos a conversar mais e compartilhar nosso tempo. Falava-me das partes interessantes da história e passou a se sentar mais perto de mim e minhas amigas. As nossas diferenças já não importava mais.



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Autor(a): celia_ritter

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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