Fanfic: Mistério Clandestino | Tema: Letras Português Literatura
Mistério Clandestino
De todos os lugares do mundo, era ali o mais envolvente e mais instigante que gostava de estar, sentir aquele frio na barriga era uma das coisas mais perfeitas e intrigantes para mim.
Saía completamente de minha zona de conforto, pois afinal, ser certinha o tempo todo não dava né. Ali naquele jardim minha alma fluía, pensamentos voavam, meus livros eram como bebidas, literalmente me embriagava de histórias, tudo que eu precisava ter.
Todos os dias, sempre na mesma hora, lá estava eu...
Até que certo dia, algo mudou, minha atenção voltou para algo misterioso, o perfume mudou, vi ao longe alguém entre os galhos, via apenas um vulto, o sol ofuscava, me assustei, chamei e nada. Era difícil desvendar, não sei se era homem ou mulher, ou apenas um animal, esse era o problema, um bicho será? Deu medo...
Sai tão depressa que nem venci pegar meus livros, quanto mais corria, mais me sentia perseguida, era pavoroso. Avistei a rua e ufa, civilização. Quando entrei em casa minha mãe perguntou por que eu estava branca, desfalecida e eu respondi que havia me perdido na hora, pois tinha coisas para fazer, fui para meu quarto e fiquei pensando o que poderia ser aquele ser ou aparição, adormeci na imaginação.
Mais um dia se iniciou e lá eu ia para a escola, arrumada, perfumada e com meus amigos fiéis, os livros, muitos deles.
Minha escola era do tipo sério, formal, com corredores longos e escuros, um tanto fria, diga-se de passagem, mas eu gostava daquele ar melancólico. Minhas amigas sempre estavam a minha espera, eu era Linda, a loira tipo Rapunzel, Joana ruiva e bem alta, e Aurora morena dos olhos verdes, posso dizer que éramos as mais belas de nossa turma, modéstia parte. Minhas amigas e eu tínhamos sempre as melhores notas e nos destacávamos nas aulas de ginástica, eu particularmente nas aulas de leitura.
Se tinha um coisa que me intrigava era nossa colega Pietra, gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, peste e moleca era ela. Não tínhamos contato além da sala de aula, eu ficava a observando todos os dias, ela não tinha nada de comum comigo, mas algo me chamava para ela, não era só o fato de seu pai ter uma livraria, sim, o que qualquer doida por livros como eu gostaria, mas não, era mais misterioso. Pietra não se destacava em nada de especial, apenas em comer, sim era muito comilona, sua mochila de paetês era o destaque da moçoila, e sempre os bolsos recheados de doces.
No final da aula fui me despedindo de minhas amigas e imaginando minha tarde, meu livro, em meu canto secreto, der repente, na saída da sala trombei com Pietra, vinha ela de volta pra sala, havia esquecido sua tão preciosa mochila, nem se quer me pediu desculpas, fomos saindo e percebi que seu perfume havia ficado impregnado em mim, tão doce e agradável, parecia familiar...
Quando cheguei em casa, logo me desvencilhei de meus afazeres e fui me deslocando para meu tão mágico lugar, em todo o percurso nem lembrei do dia anterior, dos momentos aterrorizantes, cheguei e me coloquei sentada onde mais gostava, entre um muro de flores e um pequeno lago, abri meu livro e me transportei para outro mundo, o sol batia em minhas pernas e sentia aquele ardor tão gostoso, mistura de paz e aconchego. Foi aí que de repente ouvi o quebrar de gravetos e mais uma vez meu coração vinha na boca, o que seria de novo? Chamei e nada, o pavor mais uma vez se instalou, paralisei, será que meus dias de sossego e paz iriam terminar, fui então aos poucos levantando e indo em direção de casa, no caminho o que me acompanhou além do medo foi um doce perfume desconhecido, me intrigou.
Em casa aquele momento e perfume não saiam de minha cabeça, comentei com minha mãe e ela mais que de repente me proibiu de ir lá novamente. Me recolhi e dormi.
No outro dia levantei mais cedo que o normal e fui em meu lugar escolhido, precisava descobrir algo, alguma pista do que poderia ser, porém as únicas coisas que encontrei foram papeis de bala, pensei em quem poderia jogar lixo naquele lugar tão puro e sagrado, sem sucesso fui direto para a aula.
Na escola tudo normal, nenhuma novidade, além de estarmos em ritmo de férias de metade do ano e do mistério que me atordoava e não me deixava quieta. Pedi para ir ao banheiro, lá mais uma vez aquele perfume estava, o mesmo, tão inebriante, abri todas as portas, corri para ver quem era, mas ninguém estava ali além de mim, retornei para a sala mais desconfiada ainda.
Quando cheguei em casa fui pegar meus cadernos para estudar e para meu espanto dentro da mochila estava um dos livros que havia deixado no dia em que vi o vulto me observando, fiquei com medo, me perguntando como aquilo foi parar ali se eu havia deixado lá na hora do pavor, certo que foi a mesma pessoa quem pegou e colocou na minha mochila, tinha certeza que era uma pessoa agora, mas quem seria?
No decorrer dos dias não fui mais lá e também deixei de ler, estávamos de férias, não conseguia me concentrar em nada que me fizesse ter prazer, aquele sentimento de pavor e dúvidas me intrigava, sentia curiosidade em saber e vontade de voltar lá.
Era domingo e o dia estava lindo, acordei feliz e motivada, criei coragem e fui para lá, quando cheguei tudo estava igual, bem como no último dia, abri minha mochila e vi o livro, comecei a folhá-lo e a ler, a leitura era boa, mas o perfume do livro ainda mais, tão doce, parecia o mesmo perfume que havia sentido em outros dias, continuei a ler e a me acostumar com a situação de medo e alegria, o desejo de estar ali era maior. De fato, sentia-me observada e gostava, continuei ali, queria ser leitora mesmo com essa mistura de medo e mistério clandestino.
Autor(a): luluzinhapriebe
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