Fanfics Brasil - Felicidade Ostensiva Felicidade Ostensiva

Fanfic: Felicidade Ostensiva | Tema: Amizade


Capítulo: Felicidade Ostensiva

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Felicidade Ostensiva


 


Ana era a garota mais inteligente da sala, era gordinha, tinha sardas, cabelos vermelhos e crespos que caiam sobre sua cintura, eram como caracóis a luz do sol. Tínhamos a impressão que era mais velha que nós mesmo tendo a mesma idade.


Sua maturidade nos confrontava, aliás detinha algo que qualquer amante da literatura poderia querer, um pai dono de livraria! Eu particularmente queria muito ser sua amiga, mas as outras garotas que andavam comigo a tratavam com desdém, afinal éramos mais as mais esguias da escola com nossos cabelos loiros esvoaçantes, ela definitivamente estava fora dos nossos padrões de socialização.


O mais encantador em Ana era sua capacidade de ser boa e indiferente as nossas investidas cruéis. Sempre nos atendia com um ‘bom dia’ ou ‘espero que tenham um ótimo fim de semana’, eram atitudes de uma pessoa acima da média.


Até que um dia como qualquer outro ela começou a exercer sobre mim um grande interesse ou quase uma obsessão, sentada naqueles bancos da escola a vi lendo “As reinações de Narizinho” de Monteiro Lobato. Meus olhos brilharam como duas grandes jabuticabas a luz da lua e não consegui disfarçar minhas intensões, foi ai que as garotas me advertiram e questionaram aquele minha empolgação com alguém tão insignificante, me recompus e fomos embora era uma sexta-feira e provavelmente passaria o resto do dia com aquela imagem na cabeça.


Realmente a sexta seria um tanto quanto atípica comigo e minhas vontades ocultas. Não consegui esquecer e fiquei bem balançada poxa porque deveríamos fazer apenas o que esperam que façamos? Não poderíamos agir normalmente como acreditamos que devesse ser, sem julgamentos e conviver todos juntos? Acho que eu tinha muitos pensamentos utópicos, uma característica bem particularmente minha.


No dia seguinte decidi ir a casa de Ana, não sabia ao certo o que iria falar ou como à chamaria, claro, depois de tantos anos de desprezo sem fim era um tanto quanto estranho eu chegar assim repentinamente do nada querendo seu livro e sua companhia! Mas sabia que não iria ter sossego mental enquanto não fosse até ela. Não queria apenas o livro apesar de ele ser meu sonho de literatura desde pequena, mas ela era alguém que eu admirava em secreto, para mim era linda e bem diferente de todas nós, desapegada de más intensões e futilidades. Acredito que todas achavam o mesmo só não queriam reconhecer e por isso faziam o que faziam e eu estava lá bem no meio de tudo.


Ao chegar à porta de sua casa parei e pensei por dez minutos como seria a minha abordagem e fiquei bem arrependida por não ter pensado nisso ao longo do caminho, só pensei nas qualidades dela e porque agíamos de forma cruel. Foi aí que me deu aquele frio estarrecedor, pois não sabia o que dizer, ela provavelmente me acharia interesseira! Por que não falei tudo que pensava antes? Porque tinha que ser logo agora após a ver lendo aquele livro que tanto almejava ler?


E assim discorreu uns trinta minutos em sua porta, quando um carro se aproximou e de dentro saiu uma mulher alta, esguia de cabelos vermelhos e aí associei ao da Ana, era provavelmente a sua mãe. Me perguntou se queria algo quando logo me convidou a entrar e me vi de frente a Ana, acanhada e bem sem graça percebi o semblante surpreso dela ao me ver e ao mesmo tempo amavelmente me convidou para um café na varanda se sua casa.


Ficamos por um tempo uma olhando a outra sem palavras, realmente não sabia o que dizer! A sua presença era tão mágica, poderia ter se recusado a me receber, mas foi o contrário, ágio de forma afável com um tipo de atitude que ultrapassa as expectativas. Percebendo meu acanhamento foi doce ao puxar a conversa, falamos sobre muitas coisas então de modo inexorável pegou o livro e me deu, ela havia percebido naquele dia o quanto fiquei empolgada ao vê-la com ele, foi como se caísse sobre mim aquela chuva aliviadora em um dia quente de verão, aquele dia foi incrível! Passamos o final de semana inteiro juntas e com o livro, liamos e discutíamos sobre a história.


Aquele fim de semana foi a fagulha que precisava para acender todas as minhas intensões, falei a Ana tudo que pensava ao seu respeito e me desculpei por todo o tempo que fui cruel, ela nunca mereceu qualquer ação que fizemos, fomos egoístas e más! Como sempre demonstrou uma maturidade fora do normal e foi ai que começava a amizade mais importante das nossas vidas.


Como um livro tem o poder de mover pessoas tanto dentro das histórias que nos conta, quanto durante o percurso que fazemos para termos o privilégio de poder o ter. Aquele primeiro dia de aula da semana começava diferente, não mais escondia os meus pensamentos e minha nova amiga, mesmo a partir daquele momento, passasse a ser também ignorada! Eu me sentia leve em uma felicidade ostensiva, naquele momento eu era eu, e sabia que existia alguém que compartilhava também dos mesmos pensamentos e gostava de mim como era.


  Juntas leríamos durante o restante daqueles dias, não somente aquele livro que motivou nossa amizade e que eu tanto amava, mas muitos outros! E sabíamos que través deles poderíamos ir e fazer qualquer coisa que quiséssemos isso ninguém poderia tirar de nós.


 


 


 



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Autor(a): suellencdsouza

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