Fanfic: A GAROTA E A DOCE FELICIDADE | Tema: A garota que sonhava em ter o livro Negrinha de Monteiro de Lobato.
A GAROTA E A DOCE FELICIDADE
Aurora era uma garota mineira de nascimento. Seus pais adotaram o município de Belford Roxo no interior do Rio de Janeiro,como lugar para viverem. Era uma garota alta, magra, de cabelos ruivos, lisos e longos. Tinha uma bela aparência e amava ler e escrever desde os 10 anos de idade, estava sempre sonhando acordada e acreditava em mundos e realidades que muitas vezes desconhecíamos. Aurora descobriu o gosto pela leitura com o livro O Menino Azul de Cecília Meireles. Depois veio outros livros e não parou mais, todos os livros lidos com muita dificuldade, pois não tinha acesso direto com os mesmos, eram sempre emprestados e ela sempre tinha um tempo determinado para devolver. Aurora tinha três amigas: Hannah, Sarah e Luna que ainda eram muito desengonçadas para suas idades, mais Luna possuía o que qualquer garota devoradora de livros gostaria de ter: um pai dono de Livraria. Ao contrário de Aurora, Luna não gostava de ler e a livraria era pouco aproveitada por ela. E por Aurora, Hannah e Sarah menos ainda. Elas esperavam sempre pelas datas comemorativas para ver se Luna os presenteava com pelo menos um livrinho barato, mais sempre o que ela os entregava era um cartão- postal da livraria de seu pai e com as paisagens ali mesmo do município em que moravam da área campestre mais do que conhecida. O cartão vinha sempre acompanhado de palavras como " saudade" e "data natalícia".
Com o passar dos anos, com a separação conturbada de seus pais, Luna acabou se fechando para o mundo. E a partir deste acontecimento tudo mudou, ela se afastou de Hannah, Sarah e Aurora e passou a ter comportamentos estranhos, e Aurora descobriu que Luna tinha talento para crueldade, ela era pura vingança, olhava para Aurora com ódio, logo Aurora que era imperdoavelmente bonitinha, magrinha, altinha, de cabelos livres. Luna passou a exercer com calma a sua perversão. Aurora como sempre amou livros, na ânsia de ler, nem notava as humilhações a qual se submetia, insistia em pedi emprestados os livros que Luna não lia. Até que certo dia Luna começou a executar sobre Aurora uma crueldade mais planejada e insuportável. Como que por acaso, Luna informa que ganhou de seu pai Negrinha de Monteiro Lobato. Era um livro bem volumoso, meu Deus, aquele livro que você começa a ler e não quer mais parar. O mais cruel disso tudo é que Aurora não tinha condições financeiras de comprar esse livro e Luna sabia o quanto Aurora amava ler, então disse Luna : passe em casa amanhã, vou lhe emprestar o livro. Deste momento até o dia seguinte Aurora estava completamente feliz, era uma euforia sem fim, pulava, dançava, sorria, estava vivendo um sonho. Ao acordar no dia seguinte muito cedo, tomou seu café as pressas e foi a casa a casa de Luna, e era realmente uma casa, porque Aurora morava em uma casa, porém muito pequena comparada a de Luna. Então ela o recebeu, mais não a convidou para entrar, ali mesmo disse que o livro estava com outra menina. Mais que ela poderia voltar no dia seguinte para buscá-lo. Com tristeza e admirada pelo livro não estar ali, saiu devagar, pensativa, mais surgiu novamente a esperança de que no outro dia ela teria o livro em suas mãos, e esse sentimento o fazia voltar pulando para sua casa, que era seu jeito estranho de andar pelas ruas daquele pequeno lugar, nada lhe aconteceu, pois voltava guiada pela promessa do livro e pela inocência de não saber que os dias seguintes seriam mais tarde sua vida inteira.
O plano de Luna era calmo e diabólico e no dia seguinte lá estava Aurora batendo na porta de sua casa, com sorriso e o coração acelerado, para ouvir a calma resposta: o livro ainda não está comigo, mais volte amanhã. O que Aurora não sabia é que Luna usaria esse drama do "dia seguinte" por muitas e muitas vezes. E assim continuou, Aurora perguntando se ela saberia quanto tempo o livro ficaria com a tal menina e Luna sempre tinha mesma resposta: não sei. É claro que ela sabia que era por tempo indefinido, enquanto ela não estivesse satisfeita em ver Aurora humilhada o suficiente, ela não pararia. Diante disso, Aurora começou a desconfiar que Luna a teria escolhido para sofrer, parece que as vezes ela adivinhava, mais mesmo assim continuava aceitando as humilhações de Luna, como se ela gostasse de satisfazê-la. Apesar de tudo ela continuou indo diariamente à casa de Luna, não faltava um dia, e as vezes ela dizia: o livro estava comigo ontem a tarde, mais você só veio de manhã, emprestei novamente. Aurora já estava com aparência cansada, logo ela que não era de se cansar com facilidade, mais sempre sentia olheiras se cavando sob os seus olhos espantados.
Certa vez, quando Aurora estava à porta da casa de Luna em mais uma tentativa em vão, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu seu pai. Com certeza estava estranhando uma garota aparecer toda manhã na porta de sua casa, mais nunca entrava e pediu explicações as duas garotas, elas fizeram uma confusão silenciosa, e começaram a falar ao mesmo tempo, o pai de Luna não estava entendendo nada, quando de repente o senhor fala que já havia entendido e começou a olhar fixamente para sua filha e disse: mais este livro nunca saiu aqui de casa Luna, e você não gostou e nem quis ler. O pior para esse pai não foi descobrir o que estava acontecendo e sim o caráter de sua filha. Ele ficou em silêncio por alguns segundos olhando para elas, e talvez imaginando a tamanha perversidade de sua filha que até aquele momento era desconhecida, e a menina ruiva em pé a porta, exausta , ao vento das ruas de Belford Roxo. Foi então que se refazendo, disse firme e calmo para sua filha: vá pegar o livro. Luna obedeceu imediatamente, em menos de dois minutos ela estava de volta com o livro, e seu pai virando para Aurora e muito certo do que estava fazendo, disse: e você fica com o livro, a partir de hoje ele é seu. É tudo o que uma pessoa grande ou pequena que ama livros poderia ouvir naquele momento. Aurora estava estonteada, e assim recebeu o livro em suas mãos, nem ao menos agradeceu, pegou o livro e ao contrário do que costumava fazer, desta vez não saiu correndo e não esboçava nenhuma reação, apenas segurava o livro com as duas mãos e pressionava contra o peito. Aurora levou um bom tempo para chegar a sua casa,mais isso pouco importava pra ela,estava com o coração pensativo e o peito quente. Chegando em casa, colocou o livro em um lugar confortável e seguro, diferente do que parecia ela não começou a ler , passou a fingir que livro não estava ali, quando o via parecia assustada em tê-lo visto na sua frente. E assim no decorrer dos dias Aurora abria-o lia algumas linhas e fechava-o novamente, andava pela sua casa, fazia outras coisas, e fingia novamente que não sabia onde poderia ter guardado o livro. Mais agora sua felicidade era completa, ela estava se sentindo uma rainha delicada, e por vezes deitava com o livro em seu colo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma garota com um livro.: era uma mulher realizada.
Autor(a): samaramoura29_
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