Fanfics Brasil - Felicidade Efêmera Felicidade Efêmera

Fanfic: Felicidade Efêmera | Tema: Reescrita do Conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector


Capítulo: Felicidade Efêmera

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Ele era magro, alto, moreno e de cabelo crespo, castanho. Fugindo de todos os padrões da sociedade. Em seu bolso, carregava um smartphone de última geração, mas não era um Iphone da Apple. Entretanto, ele possuía o que qualquer jovem gostaria de ter: Uma namorada linda e simpática.


Eles viajavam bastante juntos, em cada aniversário faziam uma viagem diferente, pelo menos para uma cidadezinha do interior, em busca de novas amizades, novos horizontes e de pontos turísticos para fazer fotos e postar em sua página do Instagram. Eles também jogavam bola, mas ele era fascinado pela tecnologia.


A sua inteligência era o seu maior talento, o mundo virtual era a sua paz, era onde ele tinha êxito. Sobretudo, quando ele e ela estavam jogando juntos uma partida de um game em seu aparelho telefônico.


A sua rotina era sempre a mesma, estudar, trabalhar, viajar e namorar. Sobretudo, se informar acerca dos novos lançamentos de games e celulares. Todavia, ele sempre estava rodeado de “amigos”, porém será que ele é feliz?


Será que em meio a tanta desigualdade social é possível mesmo ser feliz? O mundo virtual funcionava como sua válvula de escape, mesmo afastando-lhe de quem está perto e aproximando-o dos que estão longe. Porém, seu maior passatempo era abrir a tela inicial do smartphone, clicar no Facebook, dar uma olhada no Whatsapp ou até mesmo fazer um storie para o seu Instagram. Ou seja, vivia em um mundo fantasia.


Até que veio para ele, o tempo em que as responsabilidades aumentaram e devido muito trabalho, essas coisas de tecnologia e rede social foram ficando de lado, os cliques foram deixados de escanteio e agora predominava o pagamento dos diversos boletos. Sua rotina mudava e agora ele começara a praticar esportes com seus colegas de trabalho sempre que possível. Era aquele velho futebol dos fins de semana.


Até o dia em que foi lhe apresentado o IPhone X Pro do seu novo colega de trabalho, era um aparelho telefônico da Apple para ninguém botar defeitos, era possível fazer com ele inúmeras funções. Era de fato, um smartphone acima da média, e o mais cobiçado dentre todos os aparelhos da época.


No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Ele não morava numa casa como eu, e sim em um edifício. E antes mesmo de me mandar entrar, olhou em meus olhos disse-me que estava vendendo seu novo aparelho e que eu pudesse dar o meu lance. Fiquei atônito e segui de volta para minha casa caminhando saltitante a pensar pelas ruas de Fortaleza. Seguia pensando em qual valor oferecer para obter aquele poderosíssimo aparelho celular e deveras ansioso para o dia seguinte que viria. Mas, é claro que o dia seguinte iria demorar de chegar.


Mas, não se tratava apenas de adquirir um celular. O plano era obter um celular que tivesse um processador rápido para jogos, e melhor ainda para fazer fotos com uma boa resolução. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa com um belo sorriso no rosto. Ansioso por uma boa conversa: no entanto, ele me disse que ainda não estava pronto para conversar comigo, que eu voltasse em outro momento. O problema era que mais uma vez eu iria viver o drama do “dia seguinte” seguiria a roer as unhas, se corroendo de ansiedade.


E assim a vida seguiu. Quando teria aquele tão desejado aparelho celular? Não sei. Ele sabia que iria levar muito tempo, teria que derramar muito suor por todo seu corpo. Eu já estava sofrendo, porque era tudo que eu queria, mas na altura do campeonato, eu ficaria feliz com ao menos em jogar uma partida de qualquer jogo que fosse naquele Iphone X Pro.


Eu ia diariamente a casa do meu então colega de trabalho apenas para conversar, com pretexto de quem sabe poder jogar no celular do meu chapa. Às vezes ele dizia que se eu me comportasse bem, logo ele me deixaria jogar ou quem sabe passar um fim de semana com o aparelho.


 Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa me veio a rica oportunidade de segurar aquele aparelho em mãos, era uma tarde nublada de sexta-feira, eu estava de óculos escuros, quando meu colega me fez a simples pergunta: - quer jogar? Eu prontamente respondi: - sim, é claro que quero. Foi uma sensação indescritível. Ao tocar naquele aparelho, e observar a fluidez do sistema, foi maravilhoso. Rodava qualquer jogo nele.


Meus olhos brilhavam, de fato era algo indescritível para qualquer gamer. Foi então que, finalmente ele me disse: “É seu. Pode ficar de presente para você.” Você tem sido um excelente colega de trabalho, por isso nada mais justo do que coroar a nossa amizade com um presente do seu mais amigo.


Naquele momento confesso que não sabia o que havia sido o melhor presente, se o smartphone que ganhara ou se o fortalecimento de uma nova amizade. Eu fiquei lisonjeado assim que tive de fato o celular em minhas mãos. Saí pulando de alegria pelas ruas de Fortaleza. Quanto tempo eu não ficava feliz assim.


Ao chegar em casa fui logo correndo contar para todos os meus familiares, que surpresos quase não acreditavam. Horas depois lá estava eu atualizando todas minhas redes sociais já pelo novo celular que ganhara. Era inenarrável a felicidade que eu sentia, porém toda essa felicidade era passageira.  De fato eu demorei perceber que toda exposição nas redes sociais, toda viagem e ambição por um modelo de celular caríssimo, era apenas uma forma disfarçada de se rotular ao que a sociedade impõe.


O real, é que o que importa, é viver; ser feliz de fato; fazer amizades e não viver uma busca incessante, por coisas passageiras.


A partir daquele episódio, eu não era mais o mesmo, afinal almejei um celular e de brinde ganhei um amigo.


(PORTO, Ozeias. Felicidade Efêmera. 2019)



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Autor(a): ozeiasportooficial_

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