Fanfic: Reinando a felicidade | Tema: Felicidade Clandestina
Nunca compreendi ao certo como uma garota privilegiada, não em termos físicos ou estéticos, não vivia aventuras todos os seus dias por meio dos livros que facilmente poderia ter acesso, mas pelo contrário o negligenciava e era tão infeliz e má, eu fico imaginando como seria minha vida rodeada de livros, eu viveria em cima deles, não dormiria, claro que me alimentaria, iria ao banheiro, mas sem largar o livro, pois bem posso fazer duas coisas ao mesmo tempo.
Eu me considero uma pessoa persistente, mas nunca pensei ser tão esperançosa, por sequer pensar em desistir um dia da minha vida até conseguir o livro, mas quando finalmente o tinha estava confusa e com uma sensação ruim por obtê-lo de uma pessoa tão fria por não ter piedade do tamanho esforço que fiz. Mas ao mesmo tempo As Reinações de Narizinho foi meu troféu em um pedestal, que o consegui com muito sacrifício, quando damos tudo de nós para alcançar algo a satisfação é indescritível. Eu estava determinada a devorá-lo mas devagar para saboreá-lo.
No dia seguinte acordei mais cedo que o habitual e silenciosamente, para que ninguém percebe-se, peguei o livro e comecei a ler, o meu plano era ler uma página, mas quando dei me conta notei espantada estava atrasada para a aula, peguei meus materiais e também o meu “troféu” e saí as presas. Ao chegar na escola primeiro me deparei com senhora Leonor que logo me parou e tirou satisfação do motivo do meu atraso, eu contei minha longa história, apesar de ranzinza e amargurada pude entrar, deve ser pelo fato de ser raro um jovem que tenha o hábito da leitura, ou que possua a habilidade de inventar uma desculpa pelo menos fundamentada. Entrei na sala e senti um olhar intimidador no olhar de Eugênia , como se fosse me consumir, mas eu aprendi desde de cedo a me valorizar e não ser rebaixada e ter medo de ninguém que queira se impor a mim, amor próprio é tudo mores, prossegui ignorando-a e isto a fez virar os papéis a garota má foi quem ficou acovardada. No break eu mostrei como se fosse minha posse a minha “aquisição” se posso chamar assim, acho ter possuído o direito de o fazer, pouparei esta história para contar aos meus amigos mas tarde, não posso desperdiça-la assim. Claro que nos corredores encontrei a megera, mas cena vista por meus próprios olhos mudou minha impressão a seu respeito, ela estava rodeada de garotas “ padrãozinho” de maneira sem piedade a rebaixavam e a humilhavam continuamente, me comovi e fiquei espantada por esta cena, quem diria a garota durona estava frágil e indefesa rodeada de garotas franzinas, mesquinhas, estúpidas é extremamente superficiais, naquela cena percebi o quão controverso era a meu conceito sobre os outros, eu estava sendo intimidada por uma garota mais vulnerável do que mim, pois eu saberia me defender em uma situação assim. Quando Eugênia viu a minha presença estava desarmada e exposta nossos olhares se cruzaram como se fosse em slow motion e quando voltei ao real ela desapareceu em um milésimo de segundo, fiquei pensando o restante do dia no ocorrido.
Chegando em casa peguei o livro para ler mas não consegui me concentrar, pois o ocorrido não saia da minha mente, pausei, fiquei presa ao meu mundo interior refletindo, meus pais perceberam o modo como eu estava mais introvertida do que o normal. Embora julgava me uma pessoa compassiva eu estava dividida em rancor e pena, um sentimento inexplicável, mas o adultos como tentam achar explicação em tudo, argumentavam a minha angústia como “ isto é coisa de adolescentes”.
Acordei pensando “este é um novo dia” e já me sentia decidida das minhas ações para aquele dia, eu tomei o caminho mais sábio eu iria tentar encontrá-la, dizer “oi” e perguntar “ quer ser minha amiga”, nossa seria melhor falar “olá”, não muito formal, quer saber quem pergunta quer ser minha amiga logo de cara, meu Deus já sei porque tenho poucos amigos, eu não sei iniciar uma conversa, o sentimento destemido deu lugar a insegurança novamente, e eu pensava ser corajosa, mas alguma atitude eu iria tomar. A rotina começou como sempre, até então nada inesperado e nenhum sinal de Eugênia. No intervalo eu a vi sozinha, quando a via assim antes , tinha impressão de ela ser autossuficiente mas agora vejo sua solidão real. Cheguei ao seu encontro, não falei nada, somente sentei ao seu lado, quando fui supreendida com a fala de Eugênia:
_ Se você pensa que eu ligo para aquelas garotas medíocres como você, está muito enganada.
Eu disse:
_ Primeiramente, você não precisa atacar as pessoas com palavras, assim como se referiu a mim , e segundo, eu sei que você tem consciência do seu potencial e não precisa deixar que os outros digam o contrário.
Depois disso abaixei a cabeça e me calei, porque até então ela era minha inimiga, e de uma hora pra outra eu estava a empoderando, confesso as vezes pensar em adjetivos pejorativos para referir me a Eugênia, mas era pelo motivo de eu achá-la arrogante e sem consideração pelos outros, e nós humanos temos essa tendência de rebaixar os nossos rivais de alguma forma. Após um silêncio a convidei para ir até minha casa, ela impressionantemente aceitou o meu convite, passamos horas e horas tendo uma conversa leve com se fôssemos best friends. Passamos a nos encontrar quase todos os dias, a passarmos o recreio juntas, estudar, fazer trabalhos e ter papos de garotas.
Eugênia recordou-se do acontecimento do livro de Narizinho, lembrando-me de devolver pois já terminei de lê-lo, e ela disse como estava impressionada pelo meu gosto pela leitura. Eu a motivei a se interessar pelo livro ao qual me emprestou e ela me fez uma proposta. Nunca fiquei tão empolgada. Minha nova amiga, acho que agora posso chamá-la de nova melhor amiga, convidou-me a visitar a livraria de seu pai. Eu logo topei e dei um abraço apertado. Ela apresentou seu pai a mim, um homem razoavelmente jovem de cabelos e barbas ruivas, percebi de onde veio os belos cabelos de Eugênia, desde sempre admirava-os, simpático e conversante. Passamos horas e horas, e agora teríamos um novo ponto de encontro. A garota não parecia a mesma e estava interessada nos livros como eu. Não há melhor forma de descrever meu sentimento do que felicidade Clandestina.
Autor(a): manoela_silvano_pereira
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