Fanfic: O mistério entre as páginas | Tema: Felicidade Clandestina
Em uma manhã de segunda-feira, durante o período escolar, eu e minhas amigas estávamos conversando antes da aula começar, quando uma aluna nova, gorda, baixinha, sardenta e de cabelos crespos meio arruivados, adentrou na sala de aula. Parecia ser mais velha, pois tinha seus bustos volumosos, e nós, éramos bem esmirradas. Ela era quieta e possuía um ar misterioso. Em sua apresentação para a turma, comentou rapidamente que seu pai era dono de uma livraria, e eu como uma ávida leitora, permiti que isso me empolgasse.
Vendo que tinha dificuldade em socializar, resolvi me aproximar dela com cautela para que ela não se afastasse de imediato. Tentei cativar sua confiança aos poucos, até que um dia, em uma de nossas curtas conversas sobre leitura, ela me indicou um livro e disse que poderia me emprestar qualquer livro que estivesse na biblioteca de seu pai. Coincidentemente, ela indicou o mesmo livro que eu almejava ler há tempos: “As crônicas de Nárnia” um livro que me realizaria como leitora, e este livro estava em sua casa. Pois bem, pedi para que ela me repassasse o endereço de sua casa para que eu fosse buscar o livro pessoalmente, aproveitando, também faria uma visita. Ela recuou e mudou de semblante de imediato e disse que levaria o livro para a escola, que sua casa estava passando por algumas reformas e que por conta disso, eu não poderia visitá-la. Mesmo assim, insisti ao pedir seu endereço para saber onde ela morava, e ela novamente mudou de assunto. Ninguém da escola sabia o endereço de sua casa, somente o endereço da livraria, pois ficava no centro de Recife. Ninguém se importava tanto quanto eu em descobrir seu endereço, pois lá estava o tão desejado livro. Sua mãe, uma mulher de estatura média, magra, dos cabelos crespos ruivos e volumosos, bem-apessoada, parecia simpática, mas nunca falei com ela, mal saía do carro, ia buscar a sua filha na escola. Pensei em segui-la, mas como? Se sua mãe, sempre vinha lhe buscar, e eu, como a maioria dos alunos, ia e voltava de ônibus para casa... Esperava ansiosamente por uma oportunidade de até mesmo receber um convite. No outro dia, perguntei a ela se tinha lembrado de trazer o livro, ela ficou sem jeito e disse que tinha esquecido em seu quarto. Fiquei chateada, mas relevei pelo fato de que, na pressa, já esqueci algumas coisas também. Ela disse que traria no outro dia, sem falta, eu confiei.
No dia seguinte, ela trouxe o livro como prometido, e pediu para que eu tivesse muito cuidado, pois era presente de seu pai. Ao chegar em casa, observei que estavam faltando algumas páginas do livro e outras partes inacabadas, como se ainda estivessem escrevendo o livro. Infelizmente, não tinha como entrar em contato com a dona do livro, e teria que esperar passar o final de semana para que eu voltasse a falar com ela, pareceu mais longo do que das outras vezes; pensei mil coisas e não descartei nenhum pensamento.
Na segunda-feira ela havia faltado, sem nenhuma justificativa na escola. E no dia seguinte também, e no outro dia... Passou duas semanas e ela apareceu, como se nada tivesse acontecido. Senti como se ela tivesse mudado, não aparentemente, mas seu jeito, algo havia mudado e tudo estava muito estranho. Pensei em comentar sobre o livro de início, mas a minha curiosidade em saber o que havia acontecido com ela foi ainda maior. No intervalo, me aproximei dela e perguntei o que havia acontecido pra ela ter se ausentado daquela forma, e principalmente, sem atestados ou justificativas. Ela simplesmente olhou para mim, como se fosse responder com grosseria, mas a única coisa que ela me respondeu foi: “Você não entenderia”. Tentei indagar mais sobre sua ausência, mas ela apenas fingia que não estava escutando. Me aborreci e automaticamente me afastei, acredito que era que o que ela queria naquele momento já que ela não deu muita importância para minha retirada.
Quando cheguei em casa, lembrei que havia esquecido de comentar sobre o livro com ela, então resolvi ir na biblioteca de seu pai, onde havia outros livros para ler, e quem sabe ela estaria por lá. Pela parte da tarde, me arrumei e fui direto pra lá. Ao entrar na biblioteca, senti um leve arrepio na espinha, pois o ambiente era um tanto retrô e óbvio, tinha livros de todos os tipos e confortavelmente diferente das bibliotecas que eu já havia entrado. No balcão não havia ninguém, então, fui logo observando os demais livros e se tinha alguma cópia do livro que eu estava lendo, pois sem aquela parte do livro, eu não conseguiria dar continuidade a leitura.
Passeando os olhos nos livros, muitos me chamaram atenção, outros nem tanto. Infelizmente não encontrei a cópia do livro e de tão distraída que eu estava, nem havia notado a presença do dono da livraria. Minutos depois, notei que alguém estava me observando: um homem alto, um pouco maduro, com os cabelos um pouco grisalhos, gordo, olhos verdes e vistoso: era o pai de minha amiga, o dono da biblioteca. Não parecia tão simpático, mas era paciente. Perguntou que livro eu estava procurando, e eu disse. Ele disse que aquele livro não tinha mais nenhum exemplar, só de uso próprio e que ele havia dado de presente a sua filha. Por um segundo, fiquei com vontade de comentar sobre minha proximidade com sua filha, depois sobre esse livro, mas fiquei com receio de sua reação e me omiti.
Olhei alguns livros pelos quais tinha me interessado, mas resolvi ir embora já que o livro que mais me interessava não tinha. Quando cheguei em casa, fui olhar o livro novamente, e para minha surpresa, algumas partes que estavam em branco tinham sido preenchidas e o conteúdo tinha mudado: não era possível, só podia ser confusão de minha cabeça ou alguém pegou o livro e trocou. Perguntei a minha mãe se alguém havia ido em casa e entrado em meu quarto, ela disse que não recebeu visita hoje e em seguida perguntou o porquê. Sem conseguir explicar o que havia acontecido, resolvi inventar uma desculpa pra ela acreditar, e assim aconteceu.
Sem saber o que fazer, procurei alguma coisa que estivesse escrita no livro que justificasse o que estava acontecendo; não encontrei. Deixei o livro em cima de meu cômodo e decidi que assim que encontrasse minha amiga, não hesitaria em perguntar sobre o livro.
No outro dia, estava super ansiosa para falar sobre o livro com minha amiga, e por conta disso, nem consegui assistir as primeiras aulas. Assim que a vi, chamei pra conversar e disse que era muito sério, ela não falou nada, apenas me seguiu. Em um lugar mais reservado, pedi para ela explicações sobre o livro que tinha me emprestado. Ela disse que nunca tinha lido, e não estava entendendo onde eu queria chegar. Pedi para que acreditasse em mim, e contei o que estava acontecendo. Ela riu de mim e disse que não estava acreditando, em seguida se lembrou de algo, ficou séria e calada. Percebi que ela sabia de alguma coisa e que não queria contar. Foi o momento em que o sinal do retorno do intervalo tocou, e ela disse que me contaria na saída, pois hoje sua mãe não iria lhe buscar.
Autor(a): hillary_christina
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