Fanfic: Felicidade Clandestina | Tema: Felicidade Clandestina

Ainda lembro daquela menina chamada Amanda, que se destacava dentre nós da turma, por sua singularidade, o seu estereotipo distinguia-se do nosso, por ser gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos e ruivos. Tinha um busto enorme, que ficavam mais acentuados, pelo excesso de balas que colocava nos bolsos da blusa. Ela possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Durante as aulas, ficava em seu lugar de sempre, no canto direito da sala, era de poucas palavras e, durante o intervalo não era diferente. Mas no dia que chegou a nova aluna Alice, seus pais tinham se mudado a pouco tempo para a cidadezinha do interior.

Alice era do tipo de pessoa que a maioria admira e querem por perto. Cabelos cor de ouro, olhos que mais pareciam duas petecas. Era o que podemos chamar de “popular”. A partir daquele dia, floresceu em Amanda um sentimento de crueldade, o que a tornara pura vingança. Mas como devia ser difícil para uma menina daquela idade, lidar com toda essa diferença. Com moças altinhas, esguias, de cabelos livres e com a mais nova colega de classe, que conseguiu em poucos dias o que Amanda não conseguira há anos, a atenção e amizade do resto da turma.

Fechada em seu casulo, não dava espaço para qualquer tentativa de aproximação, mas logo Amanda buscou em Alice o alvo perfeito para derramar todo ódio que cobria seu coração. E foi no fascínio que Alice tinha pelos livros e pela curiosidade excessiva, que Amanda atraiu para sua rede de tortura.

Usou a paixão que Alice tinha pela literatura para humilhá-la, informou casualmente que possuía a coleção de Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, e que emprestaria para a colega, bastando para isso ir buscar na sua casa. Alice ficou em êxtase, pois se identificara muito com a personagem, principalmente por ser muito curiosa. Mas o que parecia ser um gesto de companheirismo não passava de uma armação.

No dia combinado, Alice foi até a casa de Amanda, e ela não estava. No dia seguinte, na escola disse que teve que sair mais que era para ela voltar à tarde em sua casa. E, novamente, não estava lá... Isso se estendeu por dias.

Até que certo dia, Alice aproximou-se da colega tímida e perguntou como era possuir o mundo em suas mãos, Amanda meio que sem entender o que significava aquelas palavras, respondeu que não possuía esse poder e que talvez nunca conseguisse, por ser impossível. Mas o que aquela menina com cabelo cor de ouro referia-se era sobre a livraria, todos aqueles livros, revistas era como se coubesse o mundo nas mãos.

E, aquela garota rancorosa refletiu sobre aquelas palavras, que caíram como brasa e derreteram o coração frio daquela menina que se isolava do mundo e de todos. E, isso foi suficiente para Amanda buscar o gosto pela leitura e ser tornara uma devoradora de livros, uma felicidade que ela descrevia como felicidade clandestina, pois cada livro que lera, era uma felicidade, mas ao mesmo tempo lembrava do que fizera com sua colega.