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Fanfic: Amante de livros | Tema: Amante de livros


Capítulo: Amante de livros

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Amante de livros 


  Liz era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha uma boca enorme, olhos castanhos. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa com balas, possuía o que toda criança devoradoras de historias gostaria de ter: um pai dono de livraria.


  Ela pouco aproveitava a livraria do pai, e nós, eu e minha prima Lara queriamos pelo menos um livrinho barato. Ela nos entregava em mãos um cartão postal da loja do seu pai.


  Essa menina tinha talento para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho, ela devia nos odiar, nós que eramos lindas, altas, magrinhas, cabelos lisos, longos. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: implorava para que ela me emprestasse os livros que não lia.


  Certo dia contou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, era um livro enorme, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela me emprestaria. Até chegar o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria.


  No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e pediu para que eu voltasse no dia seguinte para busca-lo.


  Voltando para casa, encontrei minha prima Lara com um belo livro na mão, ao me ver, ela imediatamente guardou o livro dentro da bolsa, estranhei, meio que boquiaberta falei com ela e continuei indo pra casa, com a esperança de voltar à casa da Liz no dia seguinte. 


  O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta da sua casa, com um sorriso enorme e o coração batendo aceleradamente. Mal sabia eu que ela ainda não estava com o livro e assim, pediu para que eu voltasse no dia seguinte. De novo vivi esse drama do dia seguinte.


  E assim continuou. Todo dia seguinte que eu voltava à sua casa, ela dizia que ainda não estava com o tão esperado livro. Quanto tempo? Eu ia todos os dias á sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia: o livro esteve comigo ontem de tarde, más você só veio agora pela manhã. Até que um dia, quando eu estava na porta,  apareceu seu pai, perguntou o que eu fazia todo dia na porta da sua casa. Ele devia estar estranhando. Falei que estava indo buscar o livro que a filha dele falou que iria me emprestar, e que todo dia que eu ia e  ela falava que ainda não estava com o livro, por isso o motivo de todos os dias eu estar lá. Daí ele perguntou o nome do livro, logo, a filha interrompeu a conversa e pediu ao pai para entrar pra casa que ela iria resolver. Mas o pai ficou curioso, então eu com minha inocência respondi: As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, é este o livro que eu quero. 


  Até que o pai voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro saiu daqui de casa uma vez, foi emprestado a uma moça alta, magra, cabelos lisos e longos. Espantei-me, pois logo lembrei da Lara que tinha essas características físicas e tinha guardado um livro em sua bolsa no dia em que cruzei o caminho com ela.


  Foi então que, finalmente o pai olhou firme para a filha e disse: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim disse que eu podia ficar com o livro por quanto tempo eu quisesse. Eu não sabia se pulava de alegria ou se morria de pena da menina, pois para o dono da livraria não era a descoberta do que eu fazia todo dia alí, era a descoberta horrorizada da filha que tinha.


  Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Peguei o livro. Não sai triste, cabisbaixa como sempre, saí pulando, segurava o livro com as duas mãos. Quanto tempo levei até chegar em casa, o caminho parece que  ficou longo, eu apreciava tanto aquele livro que nem lembrava da falsidade da minha prima Lara comigo.


  Chegando em casa comecei a ler. As vezes sentava-me na rede, balançava-me com o livro aberto e começava a ler. Todo lugar que eu ia levava ele comigo.


  Não era  mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.



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Autor(a): taila_mires

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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