Fanfic: Felicidade Clandestina | Tema: A felicidade tem um valor e pode ser cruel

Meu nome é Juliana Torres moro em Recife e vou contar uma história que aconteceu comigo há alguns anos. Eu estudava na escola Pedro II e cursava o primeiro ano do Ensino Médio. Sempre gostei de fazer novas amizades, sou de família humilde nunca passei fome, meus pais sempre renunciaram algumas regalias para que meus três irmãos e eu pudéssemos ter uma boa educação. Diante disso muitas vezes não sobrava dinheiro para comprar livros e meu sonho era ter uma biblioteca em casa com os livros dos autores que mais admirava, tais como Talita Rebouças, Adélia Prado, Lygia Fagundes Telles, Cecília Meireles, Gertrude Stein e o meu favorito Monteiro Lobato. 

Pois bem, como disse sempre gostei de novas amizade, mas havia uma garota na minha sala que não dava brecha para eu conversar com ela de jeito nenhum. Ela se chamava Izabel Sanchez ela era uma garota, baixinha, gorda, cabelos ruivos e levemente ondulados, tinha os bustos enormes e os dentes amarelados e tortos e no rosto dela havia muita acne, percebi que ela tinha vergonha de sua aparência. Izabel tinha um comportamento um tanto estranho, na escola vivia sozinha pelos cantos na hora do recreio, não tinha muitas amizades, sentava no fundão e muitas vezes  era até agressiva  com os professores.

Certa vez esbarrei com ela na hora do recreio, quis conversar um pouco, mas ela não deu muita importância então não quis forçar a barra, mas o pouco que conversei com ela descobri que Izabel era filha do dono da livraria mais badalada de Recife o sonho de qualquer adolescente que gostasse de leitura. Eu toda empolgada deixei escapar que adoraria ler algumas obras de Monteiro Lobato, tais como “Memórias da Emília” e “Emília no país da gramática” foi quando Izabel me disse que ela tinha em sua casa a coleção de todas as obras de Monteiro Lobato, eu não acreditava no que estava ouvindo quando ela me disse que me emprestaria essas duas obras do meu autor preferido e que eu passasse em sua casa  para pegar os livros. Meu coração parecia que ia explodir de tanta felicidade naquela tarde ao chegar em casa flutuando de alegria eu nem dormi direito de tanta ansiedade para amanhecer logo e eu poder ir na casa da Izabel.

No outro dia após a nossa conversa eu fui em sua para pegar os livros que ela disse que iria me emprestar. A casa de Izabel era muito linda totalmente diferente do mundo em que eu estava acostumada a conviver, então cheguei toquei a campainha e Izabel apareceu conversou comigo friamente e me disse que os livros que ela ficou de me emprestar não estavam em sua casa naquele dia que eu voltasse amanhã foi a partir daí que percebi que Izabel “tinha me pegado pra Cristo”, ou seja, não iria ser fácil como eu havia pensado a partir daquele momento pela forma esnobe que Izabel me tratou conseguir  o empréstimo desses livros, mas eu estava firme e não demonstrei desânimo falei pra ela que retornaria amanhã.  Depois dessa conversa com Izabel que já não era muito minha amiga ela passou a me esnobar quando percebeu meu interesse pela leitura dos livros.

No outro dia retornei novamente ela me disse que os livros ainda não tinham sido devolvidos e que eu passasse no dia seguinte e foi assim sucessivamente, até que depois de quase quinze dias nessa luta sem desistir e nem desanimar um só dia eu chego na casa dela no finalzinho da tarde de uma sexta feira e ela vem ao meu encontro e quando abriu a boca para falar o que eu já esperava eis que uma mulher surge  por trás de Izabel e pergunta educadamente para mim o que estava acontecendo e quis saber o motivo de todos os dias eu ter batido em sua porta era a mãe de Izabel. Eu fiquei sem saber o que falar, Izabel ficou sem um pingo de sangue nos lábios ambas em silêncio sem saber o que dizer. Até que criei coragem e falei com a senhora o motivo pelo qual batia em sua porta todos os dias. Então ela olhou firme para Izabel e com uma voz ríspida perguntou a ela o porquê e a razão dela está mentindo para mim pois os livros que ela prometeu me emprestar nunca tinham saído da biblioteca de sua casa e ordenou que Izabel fosse buscá-los para me emprestar sem prazo de devolução a mãe de Izabel, uma senhora muito simpática virou pra mim e disse que eu poderia ficar com os livros o tempo que eu quisesse. Eu não acreditava no que estava ouvindo parecia um sonho quando Izabel me entregou os livros eu não sentia meus pés no chão eu estava feliz demais que nem liguei que ela queria me “fuzilar” só com o olhar. Me despedi de Izabel e de sua mãe e retornei para minha cabeça com a sensação de missão cumprida. Naquele dia eu nem jantei, cheguei em casa tomei um banho e já dei início às leituras dos livros que tanto sonhava ler. Izabel depois desse dia parece que me odiava, mas eu não ligava, li os livros sem pressa para entregar e saboreei cada armação da Emília.

Após ler as duas obras de Monteiro Lobato fui devolvê-las e qual foi a minha surpresa quando a mãe de Izabel me disse que eu poderia pegar mais duas obras que eu quisesse para ler, eu senti meus olhos se encherem de lágrimas de tanta felicidade e foi assim que eu consegui ler todos os livros do Monteiro Lobato. A crueldade de Izabel culminou na minha felicidade.