Fanfics Brasil - À espera da felicidade À espera da felicidade

Fanfic: À espera da felicidade | Tema: Duas garotas, uma cruel e a outra em busca da felicidade.


Capítulo: À espera da felicidade

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                                                                                        À espera da felicidade 


 


         Ela era magra, alta, de uma pele limpa e cabelos excessivamente lisos e louro. Quase não tinha busto, enquanto as colegas eram avantajadas. Como se não bastasse não comia quase nada. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de tecnologias gostaria de ter: o pai dono de uma loja de informática e tecnologia. 


          Aproveitava bastante. Enquanto nós, nada! Não havia desconto nem para o aniversariante do dia, o que ela nos entregava era um panfleto mostrando os melhores modelos tecnológicos da loja do seu pai. Atrás escrevia com letra terrível palavras como a “data de nascimento” e o “nome” apenas. 


          No entanto, tinha talento para a maldade. Ela toda era puro egoísmo. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente feias, gordas, baixinhas, de cabelos crespos. Comigo formalizou com calma exuberância. Na minha curiosidade de explorar os meios tecnológicos, eu nem notava as humilhações a que ela me predominava: mesmo assim, permanecia a postular seus objetos tecnológicos que ela usava e depois nem ligava. 


          Até que a culminância chegou para aplicar em mim um incontestável sofrimento. Como fortuito, inteirou-me que conservava um celular Iphone 11 pro. 


         Era um aparelho perfeito, minha nossa! Era um celular para se ficar vivendo com ele, alimentando-se, hibernando- o ... Claro! Terminantemente fora da minha retenção. Informou-me que eu fosse em sua casa no amanhecer do dia que ela me emprestaria. 


          Até o próximo dia eu me converti na própria expectativa deleite: eu não existia, flutuava mansamente nas ondas do mar que me levava e trazia. 


          No outro dia fui em sua casa, correndo. Ela não morava num barraco como eu, e sim numa mansão. Não me mandou entrar. Olhando bem firme em meus olhos, relatou que seu primo havia pego emprestado o celular, e que eu retornasse no dia seguinte para busca-lo. Abismada, saí lentamente, e com a leve esperança que me tomava e eu recomeçava na rua a andar saltitando, que era meu modo de andar pelas as ruas de Salvador. A vista disso nem caí: escotava-me na lembrança de usufruir aquele belo aparelho, assim com a certeza que o próximo dia viria, os próximos dias seriam mais tarde a minha vida inteira, o afeto pelo mundo me aguardava, caminhei saltitando pelas ruas e como era de costume não caí nenhuma vez. 


           Porém não ficou meramente nisso. O plano confidencial da filha do dono da loja de tecnologia era suave e ao mesmo tempo diabólico. No outro dia estava eu à porta de sua casa, com um belo sorriso e o coração saindo do peito. Para ouvir a calma voz me dizendo que seu primo ainda não havia devolvido seu celular e que eu voltasse mais uma vez no dia seguinte. Mal sabia eu que anos mais tarde, no passar da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia repetir com seu nobre coração pulsando. 


             E assim prosseguiu. Quanto tempo? Não sei dizer. Ela sabia que o tempo seria indeterminado, enquanto a bílis não escorresse todo de seu corpo fino. Eu já começava, pressagiar que ela me escolhera para sofrer, às vezes adivinho. Todavia, adivinhando mesmo, ás vezes aceito: com quem quer o sofrimento alheio é ter a necessidade de que o outro sofra. 


           Quanto tempo? Eu ia diariamente em sua casa, sem faltar um único dia sequer. Quando chegava lá, a maldosa menina dizia que o aparelho estava emprestado a outra pessoa. 


           Passando os dias até que eu a porta de sua casa, apareceu uma linda e fina mulher. Exigiu explicações, pois não era comum aparecer uma garota toda maltrapilha a porta de sua casa. Com as palavras entrecortadas, sua mãe entendeu tudo! Voltou-se para a filha e com grande surpresa exclamou: Filha esse celular nunca saiu de sua casa e você nem mexe nele! 


           E o pior para a mãe dela não era o que acontecia, mas acredito que era a surpresa da filha que tinha. Ela nos observava num silêncio assustador. Até que se virou para a filha imediatamente e mandou me emprestar seu celular, aliás, não somente um aparelho, mas todos que ela possuía. A mãe da menina voltando-se para mim afirmou: “ Você ficará o tempo que quiser”. 


           Percebe? Valia mais do que ela me dar os aparelhos: “ o tempo que quiser” é tudo o que uma pessoa, adulta e criança, pode ter o desembaraço de querer. 


          Como falar o que se seguiu? Eu estava atordoada, e assim percebi a caixa de tecnologias em minhas mãos. Acredito não ter falado mais nada. Peguei os eletrônicos. Sei que segurava essa caixa com tanto apego que não passava nem ar pelos dedos de minhas mãos, contando os minutos de chegar em casa e poder usufruir de tudo aquilo que nunca ao menos pensei em tê-los um dia. 


          Chegando em casa, não comecei a mexer. Fingia que não tinha, só para ter o susto de ter. Começava a navegar pelas redes, que maravilha! Desligava novamente. E nessa ficava, ligava, desligava, depois mexia-o de novo. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa sofrida que era à espera da felicidade. A felicidade sempre ia ser algo que eu já pressentia. Como retardei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e medo em mim. Eu tinha um futuro diferente.   


            Às vezes deitava-me na rede, meditando com o celular ligado, sem usufruir nada, em choque devastador.  


         


           Não era mais uma criança com um celular: era uma adolescente grávida e sem um pai para criar seu filho. 



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Autor(a): luizrenato11

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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