Fanfics Brasil - Sonho e realidade. Trabalho de Letras - FELICIDADE CLANDESTINA

Fanfic: Trabalho de Letras - FELICIDADE CLANDESTINA | Tema: Livros e Eu - FELICIDADE CLANDESTINA


Capítulo: Sonho e realidade.

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      Eu moro a dois quarteirões da escola, um da livraria, aqui o frio faz assobios sombrios e levam as folhas de um lado para o outro, quando faz muito frio poucos se atrevem sair de casa, enquanto eu, saio quase todos os dias, minha vida estudantil me obriga a cumprir a carga horária, a pesar do congelante clima, amo passar por de frente da livraria bem devagarzinho, para poder aprecia-la melhor, ela possui um espaço reservado para leitura e o que posso dizer dela, é pequena mas aconchegante, nos dias mais frios são oferecidos aos leitores pequenos copos de leite com canela, comporta diversos livros e possui prateleiras bem altas, tudo separado e dividido por ordem alfabética.    Assim como nos filmes lá o silêncio transpassa paredes, é certo quando a filha do dono chega, ela é grande e mal arrumada, anda fazendo barulho e mascando chiclete, não! ela não lê livro, nem faz um empréstimo justo a quem tanto deseja.  Lá quase não se vê quem pode se estar, ah livraria se nela eu pudesse deleitar, sonho com o cheiro das folhas onde passaria uma a uma e descansaria suave e constante alegria.  A filha do dono que podia devorar todos um a um, não faz questão de um só, nem dos mais fininhos nem os amontoa aos cantos dos já lidos. Com sua postura rígida e fraudulenta atormenta a quem ela escolhe para magoar. Enquanto os meus dias passam rapidamente eu consigo fazer questão de apreciar cada um, não posso ser livre, nem presa totalmente, me apoio em histórias e tento vivê-las uma a uma, o que é bom, deve ser conhecido com calma e é assim que passo, página por página. Eu sonhava com histórias de um novo mundo, com lugares inalcançáveis, ouvia dizer que os livros poderiam mudar o sentido de uma vida, acalmar um coração ansioso e até fazer feliz quem já não é mais. Comecei a me interessar por livros, quando a professora nos leu um poema de Manoel de Barros, com ele meu pensamento foi longe, distante como mil léguas, depois disso comecei a depositar minhas esperanças nos livros. Eu estou no ensino médio, mas tive tantas decepções que fujo do meu próprio eu, para encarnar qualquer personagem que queira se apaixonar por mim, entre livros e eu, no final só sobram os livros, que são minha versão boa da vida e refaço com eles minha história de novo e de novo, posso voltar ao passado e concertar minhas falhas, posso ser alguém que descansa em um sombra na praia, ou uma pessoa bem importante que da ordem aos seus empregados, num prédio muito alto, onde de lá enxergo as nuvens e alguns pássaros de cores apagadas, num tom azul meio pastel do céu. Mas entre lidas e realidades o que eu mais quero é uma família, alguém que realmente se importe que esteja no quase fim comigo, naquela cadeira de balanço, colocada na varanda, com tantos medos que eu poderia ter, o meu maior é olhar para o lado, já velhinha e não conseguir ter algum velhinho também cansado que possa estar comigo até aquele exato momento, e que tenhamos histórias antigas para contar, de quando éramos jovens e tínhamos tantos e tantos papéis para desempenhar, mas a cada dia esse pequeno medo se torna cada vez maior, quando vejo tantas outras pessoas assim, com medo da solidão, medo de si e assim se afogando na ansiedade e depressão. Amo os livros, pois me tiram da desilusão, enquanto posso me apoiar somente neles em minhas mãos e não ter comigo aquele velhinho chato me pedindo atenção, me pedindo pra abandonar o livro e ver o céu gigante em nossa frente, ver as folhas todas jogadas no chão, porque é isso que os velhos fazem né, se sentam, leiam um livro ou tecem algum tipo de coisa, como não sei crochê e não encontrei ninguém, acho que me restam os livros por todo o pequeno momento da minha vida que aqui eu viver, até dizer a deus aos velhos costumes, aos amores não vividos e as vividos de mais e o mais importante esperar que exista um Deus me esperando lá do outro lado. Todos os dias quando eu ia pra escola, por todas as manhãs eu depositei meus centavos do lanche pra comprar um bom livro, algum que me fizesse desenhar na mente todo meu inalcançável. Os dias passavam e lá estava eu a caminho da escola, como sempre de longe eu avistava a menina destrambelhada, a filha do dono da livraria, penso nela como alguém que poderia se tornar uma pessoa melhor, pois nessa vida tão curta, cada pedaço dela, devia nos importar muito e muito. Ah! Quem sou eu? Que não posso ser aquilo que quero, mas posso um passo de cada vez, conquistar meus poucos livros, meus poucos sonhos, registrados em pedaços de papéis rígidos, de folhas novas a gastura se senti mas me empolga. Mais dias se passaram e finalmente meu potinho estava cheio, pronto pra ser usado, nem acreditava e minha felicidade era tanta que hesitava sair de casa pra compra-lo, apenas para sentir mais daquela sensação de felicidade e ficava ali ameaçando sair, pensando nele todo. Depois de dois dias criei ainda mais vontade de passear por aquelas páginas e fui! Comprei! cheguei em casa rasguei o plástico que o envolvia, ele era da capa grossa avermelhada, com as letras afundadas na capa, senti aquele cheirinho bom de folha nova, abri e fechei, abri de novo, folheei as páginas procurando gravuras, que nele não se tinha, esperei o dia todo e só a noite quis começar ler, entrei no meu quarto, acendi a luz, apaguei a luz, deitei na cama, acendi o abajur, para mim era como apreciar calmamente uma coisa muito boa, que gostaria que levassem horas, dias, meses, para acabar. Era como brincar no dia de chuva e se molhar toda, como comer doces e pasteis, era como olhar para o lado, e olhar nos olhos do velhinho sentado comigo. Mais do que pedaços doces de papéis é para mim, uma porta de entrada para outro universo, é deixar de ser quem sou, para ir além e me tornar parte de uma nova da história.



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Autor(a): jesyk_s_

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