Fanfic: Felicidade Roubada | Tema: Felicidade
Felicidade roubada
Sabrina Teotônio
Assim a vida seguia calma como sempre em uma cidadezinha do interior. O Estado? Tanto faz. De nada mudaria a região do país para essa pequenina guerreira.
Lá morava Laura, menina inteligente e determinada, que mesmo em meio a tantas dificuldades se esforçava para poder estudar.
Laura acordava muito cedo todos os dias para ajudar sua mãe nos afazeres de casa e a cuidar dos irmãos. Seu pai passava o dia na roça, cultivando a árida terra de meu Deus. Ó Deus! Cadê a chuva, meu pai? E assim seguia dia após dia na sua labuta diária pelo pão de cada dia.
A comida era pouca, Laura sempre comia menos para que seus irmãos tivessem como se alimentar melhor, embora a diferença de idade fosse pouca, ela era muito madura para sua idade.
Suas roupas, ah! Suas roupas, mais pareciam os farrapos usados por Cinderela após limpar toda a casa a mando da madrasta. Sapatinhos de cristal nem pensar. Não tinha sapatos, seus pés já estavam curtidos da poeira e pedras da estrada. Andava vários quilômetros muitas vezes ao dia para buscar água, já nem se incomodava com o calor de 40 graus queimando seus pés.
Fada madrinha ela tinha...
Certa vez ganhou de sua professora um par de sapatilhas cor de rosa, com lacinho e tudo. Lindos que só. Laura os guardou para um momento especial. Tinha medo de estragá-los com o pó e pedras da estrada.
A escola ficava longe, tinha de ir andando, ônibus era luxo e ela não conhecia isso. Mesmo cansada seguia sorrindo e cantando no caminho para a escola:
— Eu vou, eu vou, para a escola agora eu vou.
— Parara timbum! parara timbum!
— Eu vou, eu vou!
— Algo soa familiar?
— Mas não é o que parece, isso eu posso garantir.
Continuando...
Lá, mesmo que por pouco tempo, esquecia-se das durezas dessa vida, brincava, comia, cantava e lia, e como lia. Lia do seu jeitinho, às vezes gaguejando, se enrolando entre uma letrinha ou outra, lia as figuras, criava as histórias na sua cabeça. Que imaginação fantástica dessa menina. Jamais desistiu de aprender a ler. Dizia pra si mesma:
— Um dia serei escritora, contarei para o mundo tudo o que já vivi e tudo o que imagino de bom para o mundo. Irei brincar com as palavras como faço na minha cabeça.
Sua professora, doce Maria, percebendo sua vontade de aprender a ler, lhe deu o melhor de todos os presentes, um livro de Monteiro Lobato, HISTÓRIA DO MUNDO PARA AS CRIANÇAS. Que livro, 473 páginas de pura aventura. Laura conheceria as grandes histórias da humanidade. A pobre menina não conteve as lágrimas, não acreditava que ele era todo seu. Mal podia esperar para mostrar para seus pais e seus irmãos.
Estava extasiada de felicidade, seus olhinhos brilhavam como dois vagalumes em noite de verão.
A noite, naquele mesmo dia, sentou-se para o jantar, contou tudo sobre seu dia maravilhoso e então correu para o quarto buscar o precioso presente. Carregava-o com todo o carinho do mundo, abrindo-o cuidadosamente para não amassar. Disse que iria lê-lo todas as noites após o jantar, e assim o fez.
Todas as noites tornaram-se especiais.
Quando acordava, Laura voltava para a dura realidade que vivia, mas sem entristecer, tinha consigo a arma mais poderosa do mundo para vencer, sabia que precisava seguir adiante, que assim como as histórias do livro ela enfrentaria muitas batalhas, que não seria fácil chegar onde queria, mas que tinha o que precisava: fé, coragem, determinação e muita vontade de ser feliz, por mais que o mundo mostrasse o contrário ela sempre dizia:
— Sei que não posso ter tudo o que uma pessoa precisa para ser considerada feliz, porém, sou digna sim da felicidade e a encontro todos os dias em cada detalhe, em cada demonstração de amor, em cada respiração. Estou viva, existe dádiva maios que pode lutar e recomeçar todos os dias? Poder mudar meu destino? Ainda não me roubaram o otimismo que faz com que eu consiga suavizar tudo o que a machuca, que meus sonhos serão mais difíceis de concretizar do que de outros eu sei. Não será um príncipe que me salvará e sim eu mesma. — Seguirei sempre em frente, aprendi a dar valor ao que realmente importa e sou feliz vivendo assim.
— Como sei de tudo isso?
— Prazer, Laura!
Autor(a): sabrina_teotonio
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