Fanfic: Felicidade Clandestina | Tema: O livro
FELICIDADE CLANDESTINA
Na melhor livraria da minha cidade, estava Manuela, uma menina detestável, muito esnobe, bem nerd e de aparência desleixada. A menina chata, sempre saboreava lentamente uma barrinha de chocolate, sem se preocupar com sua fisionomia, permanecendo sentada no mesmo lugar de sempre, devorando com seus enormes e esbugalhados olhos negros, o livro que acabara de chegar na livraria do meu pai, mas nesse dia em especial ela estava lendo o que eu havia esperado por meses, e era o único exemplar.
A menina foi esperta, chegou horas antes e foi a primeira a comprar, meu pai sempre ambicioso, claro que vendeu. Mesmo sendo filha do dono da livraria, não tive o prazer de ser a primeira a ler o tão concorrido livro.
Manuela era tão insegura e sentia tanta inveja de mim, que em datas comemorativas, presenteava nossas colegas de sala com livros e cartão-postal da livraria, mas para mim, somente cartão-postal.
Com toda minha simplicidade e curiosidade naquele “TAL LIVRO”, me vi suplicar para que Manuela me emprestasse, então ela me disse: “Vá até minha casa no início da outra semana, que lhe emprestarei com maior prazer, pois ainda tenho que finalizar minha leitura”.
Passado uma semana, fui até sua casa com um sorriso radiante, esperando enfim ter o tão esperado livro em minhas mãos, mas aquela menina detestável e esnobe, disse que não estava encontrando-o, que sua mãe em suas faxinas matinais, poderia ter mudado de lugar, e perguntou se poderia retornar na manhã seguinte. Olhei para ela e disse: “Tudo bem, amanhã ou depois voltarei”, e ao fixar meus olhos nela, percebi que, aquele velho sorrisinho era sarcástico, me deixando muito triste com tamanha crueldade, todavia eu não poderia esperar outra postura da Manuela.
Chegando na livraria, perguntei para meu pai se conseguiria mais exemplares, ou pelo menos um para mim e ele justificou que ainda demorariam chegar.
Não suportando minha ansiedade, fui me humilhar para aquela menina esquisita mais uma vez. Cheguei em sua casa como o combinado, ela me atendeu e disse na maior tranquilidade que acabara de emprestar o “BENDITO” para seu irmão caçula.
Assim foram todos os dias, cada dia a tristeza nos meus olhos ficavam mais visíveis, chegava feliz, cheia de esperança e retornava com o coração triste e desapontada.
Esperei mais duas semanas, e resolvi voltar à residência da menina detestável em outro horário, então ao tocar a campainha, fui recebida por sua mãe, e disse a ela que queria falar com sua filha Manuela. Ela ouvindo atentamente nossa conversa sobre o livro, imediatamente nos interrompeu e pediu para que sua filha fosse ao quarto, pegasse o livro, e explicou que o mesmo nunca havia sumido, sempre esteve intocável na prateleira do quarto.
Manuela totalmente transtornada, reclamou para sua mãe na minha frente: ela é dona da livraria, ela não precisa de mim. Então sua mãe disse: entregue este livro a Júlia agora, você não é melhor que ela e nem ela melhor que você, somos iguais, aprenda isso Manuela. Dona Estela, com toda sua delicadeza apertou minhas mãos se despedindo, e disse que eu poderia ficar com o livro por tempo indeterminado.
Observei que Manuela tinha ficado bem frustrada e ao mesmo tempo envergonhada, segurei o livro bem forte, agradeci as duas e fui embora com os olhos cheios de lágrimas pensando comigo: ela ainda tem uma linda mãe que possa corrigi-la, orienta-la, aconselha-la sempre que estiver agindo erroneamente e ainda enche-la de carinho. Manuela esqueceu que meu pai era um simples trabalhador, guerreiro, dono da “melhor livraria” da cidade, mas que me criou sozinho, trabalhando dia e noite dedicando mais tempo aos seus livros do que para sua própria filha, o que me fazia ter uma felicidade clandestina, sendo que, tudo que eu sonhava era ter uma amiga, uma irmã, uma mãe como a dela.
Autor(a): vanderlei_santos
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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