Fanfic: Felicidade Real / Felicidade Clandestina | Tema: Trabalho Acadêmico

FELICIDADE REAL

Ivana Aparecida Medeiros de Oliveira

Era uma vez, uma menina gordinha, de pele morena dos cabelos cacheados e claros. Morava numa casa simples, mas com um quintal invejável, pois possuía quase todos os tipos de frutas.
Todos os dias, Bolinha como a chamavam e suas primas que morava ao lado de sua casa, brincavam com as bonecas delas, pique esconde, queimada e se divertiam muito, quando subia nas árvores frutíferas sempre perfumadas e atraentes com suas frutas fresquinhas e maduras o que fazia a aventura ser mais “maneira”.
A época do natal era esperada com toda ansiedade e alegria por elas.
Mas o que Bolinha não sabia, é que aquele natal lhe reservava uma surpresa não agradável como nos outros.
Sua prima Didi era invejosa e sempre gostava de imitá-la em tudo. Astuta, descobriu que Bolinha queria ganhar a boneca Beijoca da Estrela e sabia que seus tios, não tinham condições de comprá-la.
Já os pais de Didi, comerciantes renomados na cidade podiam comprar e até doar se quisessem. Então Didi seu pediu a boneca aos pais em segredo, mesmo não gostando muito de bonecas.
Os dias foram passando e o natal se aproximando.
Bolinha já estava conformada em ganhar qualquer boneca e na mente já tinha decidido que a chamaria de Beijoquinha em homenagem a tão sonhada boneca.
Chegou o natal!
Bolinha mal dormira aquela noite. Ansiosa em conhecer a boneca que seus pais puderam comprar.
Quando abriu seus olhos castanhos claros, olhou para o cantinho da cama e ali estava sua “filhinha”! Boneca magrinha, com os cabelos negros e roupinha estampada com flores coloridas e vibrantes.
Mal podia acreditar que ali estava uma boneca novinha só dela.
Com todo cuidado a pegou como se fosse um bebê.
Colocou-a no colo e deslizando sua mãozinha, pôs-se a afagar os cabelinhos embalando-a ao som de uma cantiga de ninar: “Dorme, dorme, dorme Beijoquinha do meu coração!”
Depois de algumas horas, chegara o grande momento do almoço em família, onde todos os primos mostravam os presentes que ganharam.
Bolinha muito feliz com sua beijoquinha chegou correndo em direção a grande cozinha da casa de sua avó, onde o natal era festejado. Com o coração saltitante e um belo sorriso nos olhos.
Todos os primos e primas estavam alegres com seus presentes, era uma festa e tanto, mas, de repente adentrou na cozinha Didi, com sua uma boneca enrolada em uma manta amarela de lã e um sorriso sarcástico e acenou para Bolinha a conduzindo num canto reservado da casa.
Bolinha não poderia imaginar o quão cruel atitude lhe reservava naquele instante.
Didi retirou a manta daquela boneca grande e linda e num ímpeto de autoridade a exibiu como um troféu para Bolinha e seus olhos brilharam como um farol e não podia acreditar no que estava vendo e exclamou: “Que linda! É a Beijoca!
Posso segurá-la?”E Didi no ápice de sua maldade respondeu-lhe: “Não! Esta Beijoca é só para você ver!”
Bolinha ainda argumentou com Didi dizendo que trocaria um pouquinho com a Beijoquinha. Mas Didi só conseguia rir. Até fazer com que Bolinha fosse para outro canto da casa chorar.
Desde aquele dia fatídico, Bolinha não quis saber mais de brincar com bonecas e a Beijoquinha ficou guardada na caixa com seus poucos brinquedos.
Anos se passaram e Bolinha já não era mais Bolinha. Cresceu e tornou-se a professora Ana.
Encontrou o grande amor de sua vida e casou-se.
Teve seu primeiro filho e após seis anos uma linda menina!
Didi não morava mais na mesma cidade, mas todo ano, o natal ainda era na casa da avó.
E o natal chegou novamente.
Didi mal podia esperar para conhecer a bebê de Ana, que era linda, de pele clara, cabelos lisos e negros trazendo em seu sorriso angelical duas covinhas desenhadas em cada bochecha.
Quando Didi colocou aqueles olhos grandes e curiosos na bebê exclamou: “Que menina linda Ana”!”Parece uma boneca que não me recordo agora.”
Ana com toda meiguice a respondeu afirmando: “Esta é a Beijoca que Deus me deu! Minha felicidade real!”