Fanfic: Reescrita do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector | Tema: Felicidade imaginária
Ela era magra, baixa, de cabelos crespos, meio loiros. Tinha um quadril feio, além do sentar desengonçado que era motivo de piada entre nós, mais possuía tudo o que uma adolescente apaixonada por livros queria ter: um pai dono de livraria.
Ela se achava superior a nós por ter um "status" na sociedadade, mais devia nos odiar por sermos extremamente lindas, esguias e ainda por cima com os quadris mais desejados da época, tudo o que ela não conseguiria ter.
Pouco se divertia, e nós menos ainda. Ela era pura maldade.
Como ela sabia do meu amor pelo livros, usou e abusou da sua maldade arquitetada, pois na livraria do seu pai possuía o livro que eu mais cobiçava: "Pais brilhantes, professores fascinantes" do saudoso Augusto Cury.
No intervalo da faculdade, eu estava sentada na calçada ouvindo música, e de repente ela me chamou para conversar e disse-me que emprestaria o livro tão esperado por mim no dia seguinte. Nem pude acreditar! Meu coração se encheu de esperança da felicidade tão sonhada, nem consegui dormir de tanta ansiedade. Aquele livro era meu sonho de consumo, além de possuir vários ensinamentos, é um livro altruísta, sem contar que ele me ajudaria bastante no período que estava vivendo na faculdade, realmente era um livro para se viver com ele.
No dia seguinte, fui correndo na casa dela, saltitante pelas ruas, sorrindo como nunca.
Bati na porta, ela me atendeu e disse pra eu voltar no dia seguinte, pois não havia procurado o livro.
O dia seguinte chegou, fui lá novamente. Ela inventou mais uma desculpa esfarrapada para acabar com minha alegria e me torturar aos poucos, mais ainda assim no meu coração havia esperança.
Então chegou o terceiro dia, já não estava tão entusiasmada como nos dias anteriores, fiz do silêncio minha melhor companhia. Bati na porta novamente, ela me atendeu cabisbaixa, pude perceber que a mãe dela nos observava em silêncio, eu não disse NADA. Mais naquele instante pude perceber a enorme guerra causada no silêncio alucinante daquele lugar, nesse meio tempo o livro tão esperado por mim, finalmente chegou em minhas mãos. Segurei - o com força e fui correndo pra casa!
Chegando lá, abri - o e comecei a ler o primeiro capítulo, em seguida fechei- o e guardei na estante, só pra depois ter a falsa sensação de o ter como na primeira vez.
Dias foram passando, e eu só sentava na sala com ele no colo, acariciando-o com muito carinho sem ler mais nada, parece que a felicidade sempre seria clandestina pra mim. Isso já fazia parte da minha história. Eu era uma mulher à moda antiga.
Não era apenas uma simples garotinha com um livro nas mãos, "era uma mulher com seu amante".
Autor(a): beatriz_fernandes
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