Fanfics Brasil - A chegada O jogo da felicidade

Fanfic: O jogo da felicidade | Tema: jogo


Capítulo: A chegada

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 Chegou do nada, entrando na cidade. Menino baixo, moreno da cor de jambo, era de rosto engraçado e de bochechas enormes. Os olhos saltavam do rosto e o cabelo era tão escorrido que dava para ver o couro cabeludo. Andava empinando o nariz, empinava tanto que mal conseguia olhar para os buracos no chão. 


Mesmo sendo tão franzino, possuia o que muitos de nós, simples meninos do Vale do Rio Lento, gostaríamos de ter: um belo videogame de última geração e uma prateleira cheia de jogos.  Provavelmente, quando morava na cidade grande, aproveitou todos esses jogos em uma bela tv de plasma. Porém nós, que só tínhamos como diversão o fliperama do bar do seu Zé, íamos nos deliciar tendo poucas horas na presença desse belo e moderno videogame. 


Além de deter o nosso sonho de consumo, ele tinha um grande ego e um tom que ia além do sarcasmo. Acredite se quiser, ele chegava no colégio contando tudo o que sabia sobre jogos e tudo que aproveitou nessa vida de jogador. Era um sabichão tecnológico. Contava e ainda tinha a capacidade de perguntar o que nós achávamos desses jogos. O que iríamos dizer?


Nunca havíamos sequer vislumbrado os gráficos evoluídos que o "black glass", o jogo do momento, possuía. Simplesmente soltávamos risadinhas sem graça e concordávamos com tudo que ele falava.


Certo dia, Marcos, o tal menino esnobe, me convidou para uma tarde de jogos na casa dele. Eu não entendi o porquê do tal convite, principalmente porque nunca o vi convidar outro alguém para sua casa. Porém aceitei. Entendi como um milagre dos céus.


Terça-feira, dia 21 após o almoço, era o  dia do milagre. Fiquei uma semana inteira contando os dias, o dia do meu milagre, o dia que eu ia subir de nível. Eu deixaria de ser um simples roceiro do Vale do Rio Lento.


Quando chegou a data, corri cerca de um quilometro até a grande casa amarela. Chegando a frente do belo portão branco, grito pelo nome de Marcos. Ele aparece na varanda, com um sorriso no rosto e uma bela desculpa. Disse que teria que cancelar, pois teria um evento e não poderia faltar. Mandou que eu voltasse no dia seguinte, no mesmo horário.


Estava eu no dia seguinte, em frente ao portão branco. O que recebi? Outro sorriso e outra desculpa furada. Tinha algo de diferente nesse sorriso, um tom de cinismo e um olhar malicioso. Dessa vez, a desculpa foi uma aula de inglês com um professor particular. 


Mesmo diante de desculpas, eu não poderia desistir do dia em que teria a oportunidade de desfrutar do "black glass". Era o jogo perfeito, o sonho de consumo de qualquer garoto da minha idade. Passar pelas fases e desvendar os mistérios do "Senhor vidro", me tirara o sono. 


A esperança estava viva dentro de mim e na quinta-feira após o almoço, estava eu em frente a a casa de Marcos. Chamando pelo nome do meu futuro novo amigo, aparece uma senhora de sorriso gentil e rugas no rosto, o cabelo era grisalho e curto na altura dos ombros. Marcos aparece correndo, tentando disfarçar a situação diante da senhorinha, que ele chama de " Tia Amélia".


A gentil tia Amélia, quando soube da situação, logo me chamou para dentro e me levou ao tão sonhado videogame.Fiquei quieto no canto da sala, enquanto ouvia as broncas, em médio tom, que Marcos recebia da senhora.  


Marcos veio até mim, entregou-me o controle do videogame, ligou a tv e inseriu o tão esperado jogo. Passou-me umas instruções e retirou-se para o sofá ao lado da poltrona onde eu estava sentado. 


Joguei a primeira fase do jogo e fiquei deslumbrado com a qualidade. Quando a segunda fase chegou, senti que eu era um incrível jogador, talvez até melhor que o dono do videogame. Porém com o passar do tempo, percebi que todo o vislumbre e euforia estavam esvaindo-se e percebi o porquê do jeito esnobe e egocêntrico de Marcos. 


Marcos tinha tudo, porém era só. Possuía os melhores jogos, a melhor casa e as melhores experiências sobre o mundo dos games, porém não tinha ninguém para compartilhar tudo isso. Percebi que jogar no  simples fliperama junto com meus amigos, era melhor que a compahia solitária e fria de uma máquina evoluída. Era isso que eu queria, era isso que Marcos precisava.


Por trás de uma felicidade clandestina havia um menino solitário, que queria sorrir em conjunto, sorrir de verdade. Um sorriso sincero e com motivos que vão além de uma máquina. 


 


 



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Autor(a): pamcampos_

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