Fanfics Brasil - Infelicidade Clandestina Infelicidade Clandestina

Fanfic: Infelicidade Clandestina | Tema: Clarice Lispector Felicidade Clandestina


Capítulo: Infelicidade Clandestina

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Elas eram magras, eu era gorda, elas tinham vários amigos e eu não tinha nenhum. Meu pai é dono de uma livraria, e viaja muito atrás dos livros mais lidos, e minha mãe é muito atarefada com os afazeres de casa. Então eu me sinto muito sozinha, me sentiria menos sozinha se eu conseguisse ler algum livro que o meu pai me dá, mas eu não gosto muito de ler. Eu queria mesmo era ter ao menos uma amiga para poder brincar, compartilhar segredos, tomar sorvete. Mas eu não tenho, eu tenho os livros e eu brinco com eles.  


Para os poucos aniversários que eu era convidada, eu não podia levar nenhum livro de presente, ou nenhum outro presente porque meu pai não me dava dinheiro algum, então eu pegava os postais escrevia algumas coisas sem sentido, só pra não chegar com as mãos abanando, e com um pouco menos de vergonha.  


Até que um dia, o meu pai, em uma de suas viagens, trouxe um trunfo para mim, o livro que ele trouxe era o livro que queria ser lido por todas as garotas amantes de livros. Ele trouxe As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Eu sinceramente, não sei quem é essa “Narizinho” mas eu sei que ela é muito popular entre as meninas. Então eu disse para todas as meninas amantes da leitura que meu pai havia me dado o grande, inesquecível e tão sonhado livro. E que eu poderia emprestá-lo caso alguém o quisesse, e foi Clara a primeira de todas. Eu disse que ela poderia ir até a minha casa no dia seguinte buscar o livro. Mas eu não sabia o quão importante era a tal da “Narizinho” pra ela.  


Pela primeira vez eu tinha alguém indo até a minha casa procurar por mim, como se eu fosse alguém importante, mesmo que fosse pela “Narizinho”. É uma sensação tão única, tão extraordinária, que eu queria sentir de novo, pode soar cruel e egoísta, mas era a primeira vez e seria a última se eu deixasse, mas eu não podia deixar. Então eu disse que tinha emprestado o livro para outra pessoa, e que no outro dia ela poderia voltar. E assim ela fez, e aquela sensação, eu senti de novo aquela sensação, de que eu era importante pra alguém. Então eu pensei que poderia desfrutar dessa sensação por mais alguns dias. E todos os dias ela voltava.  


Até que, certo dia, minha mãe descobriu, porque não era nada comum alguém ir me procurar na porta de casa todos os dias, entregou o livro à Clara e disse a ela que poderia ficar com ele o tempo que quisesse, e ela nunca mais voltou. Foi então que eu percebi que não era eu a importante, e sim o livro. E eu não senti mais aquela sensação, de ser importante. 


E tudo voltou  a ser como antes, o papai sempre preocupado com a livraria e a mamãe com os afazeres da casa, e eu voltei a ser a menina que todos viam como uma carrasca, mas que só queria mesmo ter um amigo. 


 



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Autor(a): aantonioo221195

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