Fanfic: Capitulo 001 - Uma realidade distante | Tema: Trata-se de uma releitura do conto Felicidade Clandestina(Clarice Lispector)
Sempre que a via, ela estava infeliz. A menina, morena de cabelos lisos e longos. Com seu corpo esguio e alto, com óculos arredondados que com ajuda de uma franja escondiam seus olhos, Ingrid Uccello é seu nome, sua aparência aproxima-se muito de seu jeito de ser, quieta e solitária.
Seus avos, que a criaram desde muito cedo, depois de um acidente misterioso com seus pais. Os Uccello’s, como eram conhecidos, proprietários de uma das maiores e mais antigas vinícolas da região. Moravam em uma casa velha, feita de pedras vindas diretos da Itália, considerada por alguns como a primeira casa construída em Bento Gonçalves, eram muito próximos de meus pais, um casal de farmacêuticos, donos de uma drogaria bem respeitada de nossa pequena cidade na serra gaúcha, na linda rota dos vinhos do Rio Grande do Sul.
Sempre que alguém tentava chegar até ela, não havia um dia que a mesma rejeitasse-a, e voltasse a sentar de costas a uma grande arvore, a maior da praça, cheia de galhos e folhas que pareciam almejar o chão.
Em uma das poucas vezes que não estava triste, tinha em suas mãos o celular e um caderno grosso e desbotado, que á serviam como uma fonte de escape de suas angustias e amarguras, por meio de fanfics, histórias curtas, segmentadas em capítulos, publicadas semanalmente, normalmente de acordo com a boa vontade do autor.
Lendo uma dessas histórias, em um dos vários sites de fanfics, uma á fazia alegrar-se como nada além disso, esta criada pela sua autora preferida, ao qual se mantinha anônima. No entanto, deixava uma marca estranha, um a maiúsculo com formato de pássaro, e ainda um padrão textual perceptivo de quem quer apenas sumir, e encontrar a felicidade que ainda estava tão distante.
Por quanto tempo a observei a cada sexta feira com o único sorriso da semana no rosto, aguardando ansiosa o lançamento do capítulo seguinte, não sei ao certo dizer. Mesmo que eu tentasse me aproximar, Ingrid me dizia que a vida real era triste demais. E completava dizendo logo para mim, a pessoa mais insistente teimosa, que eu deveria desistir de tentar ser sua amiga, acho que por muito tempo criei maneiras de tentar me aproximar, mas sem resultados
Ao passar do tempo, elaborei uma última tentativa de me aproximar, convenci à três de minhas amigas, Joane Santos, menina baixinha, com cabelo quase sempre trançado, com descendência de reis africanos, que ama usar roupas largas e andar de skate, Carol Byakuya, de família oriunda do Japão, a única de nós que amava o mundo geek, de jogos RPG, mangas e afins, e a minha melhor amiga Luana Smith, loira de olhos muito azuis, de uma intensidade que a representava como pessoa e finalmente eu Sofia Sartor, uma menina muita clara de olhos verdes e serenos, mas com ares de teimosia que refletiam o meu cerni.
Assim com minhas amigas reunidas iniciamos a missão, ler estas fanfics que Ingrid tanto deleitava-se, desta forma, conseguinte, ter um assunto, ao qual, ela ia conversar conosco, e talvez, talvez tornar-se nossa amiga.
Ao passar dos dias fomos lendo o primeiro capitulo, interagindo entre nós, conversando, criando hipóteses, tentando adivinhar o que ocorreria ao passar do texto, e então, nós pegamos presas pela interessante narrativa a cada capitulo, por estarmos tendo esta experiencia juntas, nos aproximou e foi criando em nós uma ligação ainda mais forte, fomos passando semana após semana lendo as fanfics, até que chegamos a última lançada, e neste momento decidimos conversar com Ingrid.
Lá estava ela, debaixo do salgueiro chorão, sem levantar os olhos, nos cumprimentou com um gesto de mãos, que dizia quase o mesmo que oi, tchau para vocês. Neste momento Luana tomou a frente e a perguntou se o personagem principal, sabia que ele estava morto, e por isso não conseguia interagir com os outros, Ingrid pela primeira vez que lembro tirou os óculos e limpou os olhos cheios de lágrimas.
Neste momento sentamos juntas e começamos a discutir com ela sobre as nossas teorias, sobre o que viria a seguir, então, depois de 2 horas conversando sobre tudo que podiam conversar,
Voltamos a vê-la no dia seguinte, com um olhar um pouco menos solitário, trocamos ainda mais ideias , até bolamos as nossas teorias para os mistérios , as lacunas na história, e ainda criando um final totalmente diferente. Disto tivemos o retorno pouco tempo depois, a partir destas reuniões, ficamos ainda mais próximas e víamos o mundo a mais ângulos, tínhamos mais formas criativas de resolver problema, até nossa escrita melhorou. Ingrid, Luana, Carol, Joane e eu.
Deste momento em diante as meninas passaram mais tempo juntas, conversando sorrindo e divertindo-se. Ao passar do tempo uma onda de alegria passava pelo rosto de Ingrid ao nos ver e conversar conosco, também sua situação de socializar mudou aos poucos.
Depois de um tempo, praticamente 6 meses após o início deste plano, tivemos mais algumas ideias, e criamos um novo projeto com a nossa professora e turma, todas nós principalmente Ingrid, agora uma menina risonha e alegre, empenhada neste propósito de ajudar outras pessoas a conseguir sair de sua realidade distante, e criar novas com outras pessoas. Hoje nos reunimos em congressos de estudos, pois todas nós viramos educadoras, mulheres ansiosas para transformar e oportunizar o conhecimento.
Autor(a): adiwelter
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo