Fanfics Brasil - Felicidade Clandestina 2: Feijão com Arroz Felicidade Clandestina 2: Feijão com Arroz

Fanfic: Felicidade Clandestina 2: Feijão com Arroz | Tema: Clarice Lispector


Capítulo: Felicidade Clandestina 2: Feijão com Arroz

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Este pequeno texto foi escrito como requisito para uma disciplina acadêmica


FELICIDADE CLANDESTINA 2: FEIJÃO COM ARROZ


Elas eram altas, bem vestidas, de cabelos lisos e excessivamente magras. Tinham a silhueta bastante achatada, e eu imagino que só podia ser uma fonte de incômodo. Até suspeito que elas mantinham uma inveja velada do meu busto; isso ou as balas que eu guardava nos bolsos da blusa... não sei.


Eram a fonte das atenções dos outros colegas de classe, com suas atitudes juvenis e fala rebuscada, radiando elitismo. Faziam de tudo para passar uma imagem de intelectualidade e mal escondiam a superioridade que realmente sentiam sobre mim e outros alunos da classe. Mesmo assim, continuavam a buscar minha atenção e me chamar para passeios e festas de aniversário, algo que eu logo descobriria ser puro interesse.


Tais são as bênçãos e maldições de ter um pai dono de livraria! Nem mesmo com livros eu me importava, já que sempre tive mais interesse pelas delícias da culinária. Aquelas meninas nunca entenderiam os prazeres de uma refeição bem preparada, desde um simples feijão com arroz à um lindo bolo de casamento.  Às vezes, quis que meu pai fosse dono de uma confeitaria.


Mas a pior delas era Clarice. Vivia me importunando por livros emprestados, ela nem fazia um esforço pra esconder o egoísmo e a falsidade por traz da sua amizade, sempre buscando conseguir de mim algum livro bobo emprestado. Num momento de crueldade, reconheço, eu criei um plano pra ensinar àquela loira interesseira uma lição.


Deixei ela saber que eu possuía um novo livro, "As reinações de Narizinho", e que podia emprestar. Esse livro logo se transformou na sua "luz dos olhos" e ela mal podia conter a sua estranha ansiedade em ter os livros em mão.


Dia após dia ela me implorava pelo livro, e eu sempre dizia que ele não estava comigo e que da próxima vez eu o entregaria, mas dia após dia eu negava o objeto dos seus desejos, sempre com a mesma calma e educação. Eu já estava desenvolvendo um gosto sadístico pela coisa, e teria mantido esse drama por mais tempo, se não fosse a intrometida da minha mãe. Um dia, ela aparece na porta no exato momento em que eu tecia as mesmas mentiras e descobre a artimanha. Eu fui desmascarada; o livro estava em minha posse esse tempo todo. Clarice o levou, sem ao menos um prazo para devolvê-lo.


Depois da dura reprimenda que eu recebi da minha mãe, fui forçada a repensar os meus erros e mudar minhas atitudes. Hoje, décadas depois, ainda penso naquele livro que Clarice nunca devolveu. Não que eu o teria lido, mas mesmo assim... !



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Autor(a): isaac

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