Fanfic: Felicidade Clandestina | Tema: Reescrito Felicidade Clandestina (Clarice Lispector)
REESCRITA DO CONTO FELICIDADE CLANDESTINA DA AUTORA CLARICE LISPECTOR (1987)
Ela era linda, cabelos esvoaçantes e longos, corpo delineado, cintura fina, seus bustos eram arredondados e firmes, seu caminhar despertava olhares avassaladores, seu olhar parecia ultrapassar os mais íntimos mistérios da alma. Além de ter toda essa magnitude física sua mãe era dona de uma livraria, a qual, em nossos olhares se tornava a mais graciosa entre todas.
O que mais aflige a alma é que, todo esse cenário demonstrado por suas perfeições não a realiza como pessoa, seus interesses são alheios às possibilidades que a vida oferece. Eu ficava pensando em como seria radiante para minha existência fazer parte de todo esse sonho regado por infinitas possibilidades.
Infelizmente, a mais cruel certeza da vida é que as pessoas não se permitem desvelar e aproveitar cada instante de suas vidas. Cada vez mais ficava pensando como seria mágico poder fazer parte do maravilhoso mundo de leituras, viajar a cada instante, tornar-me pertencedora a esse mundo encantado que a envolvia. Mas não, cada vez mais convencia-me do vazio da alma dos seres humanos, suas imperfeições vistas apenas pelos olhos alheios.
Certa disso, implorava para poder fazer parte da sua história e aproveitar os momentos vagos em sua imensa e sublime fábrica do saber. A vontade ultrapassava os limites do corpo, trazia sonhos e perspectivas fantasiosas, sonhadoras e constantes.
Todos os dias, ela justifica uma impossibilidade de poder me levar para conhecer sua realidade e de sua família, usando de justificativas insignificantes e ilusórias.
A cada amanhecer eu pensava em uma ideia para conquistar o coração da menina e mostrar a ela o quão fascinante é poder fazer parte do conhecimento de maneira diária, viajando nas leituras e tornando-se conhecedora das mais diversas histórias que fundamentam a essência do ser humano.
No entanto, um dia, cheguei a sua casa de surpresa, toda desmantelada, cega de vontade de fazer-me possuidora de novos cenários existenciais.
Ao me ver ela ficou boquiaberta, mas convidou-me para adentrar em sua casa e posteriormente levou-me a conhecer sua livraria, onde sua mãe passava as mais prazerosas horas do dia.
Não sabia o que fazer primeiro, no entanto comecei a pegar os livros, folheá-los encantadamente, a menina e sua mãe ficavam olhando e certamente seus pensamentos voltavam-se no porque de tanta admiração da minha parte.
Pedi um livro emprestado, então sua mão permitiu, dizendo que podia trocá-lo por novos quando se concluísse a leitura.
Semanalmente, quando saia da escola passava para pegar novos livros e assim viajar e desvelar as mais lindas histórias. No caminho ficava a pensar no porquê de tanto vazio de quem tinha oportunidades diárias de explorar diversos e diferentes textos.
Impressionante foi que, a menina que demonstrava apenas interesse em mostrar aparência física não integrando a alma nessa edificação constante da estrutura plena, começou a conversar comigo sobre as obras por mim lidas.
Seu interesse foi aumentando constantemente, até que começamos a conversas e relatar fatos e obras lidas, significando assim a motivação da mesma em ampliar seus horizontes e utilizar-se dos mais impressionantes livros existentes em seu poder.
Realmente a alegria tomou conta da minha alma, passamos a fazer parte de novos interesses, vontades e desejos de ampliar a magnitude da tão sublime alma, revelando através das experiências da leitura, anseios, desejos, aflições, emoções e sentimentos existentes na profundeza dos corações.
Os momentos evidenciaram que a tal Felicidade Clandestina se tornará realidade quando pudermos ser pertencentes a um mundo tão desejado por nós.
(SUTIL, Lucas David. Reescrita do Conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector. 2019.)
Autor(a): sutillucasyahoo.com
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