Fanfic: Tristeza Clandestina | Tema: Reescrita da obra de Clarisse Lispector, Felicidade Clandestina

Era uma tarde de verão quando ela chegou, eu e minhas amigas estávamos sentadas a beira da calçada relembrando os velhos tempos quando a vimos descer do carro trazendo uma mala, ela vestia roupas lindas e elegantes e continuava com aquele ar de superioridade. Ela estava tão bonita, me perguntei como ela pudera mudar tanto, as sardas tinham sumido, já não era mais gorda e seus cabelos estavam lindos, com cachos de causar inveja em qualquer uma, olhei para as minhas amigas com olhar de indiferença e elas me olharam de volta da mesma forma.

Nunca fui amiga de Catarina, ela era incrivelmente cruel sempre me tratava com desprezo por eu ser menos abastada, já ela tinha tudo que uma menina podia querer. Mas eu durante todo esse tempo eu tive algo que era dela, um livro, que consegui com muito esforço, a mãe dela me emprestou depois de descobrir o quanto sua filha poderia se maldosa, e me disse que eu podia ter ele o tempo que eu quisesse, levei ao pé da letra e não consegui mais devolver, amava o livro.

O tempo passou e Catarina se mudou, foi morar em outro País, pois seus pais queriam que a menina tivesse a melhor educação que pudessem oferecer. Depois disso ela não voltou mais, seus pais que iam visitá-la, eu nem senti falta. Só que agora ela estava de volta, será que ela ainda continuava ser a mesma menina maldosa?

Tentei conversar com ela, a princípio senti que ela estava sem graça, mas no fim conversamos, devolvi o livro e me desculpei, rimos a respeito, nunca me imaginei rir com ela. Apesar dos risos ela não parecia feliz, disse que tinha terminado um relacionamento, eu nem soube o que dizer, não sei muito sobre esse assunto, mas tentei confortá-la. Percebi naquele momento que o olhar de Catarina continuara o mesmo e o que eu julgava ser crueldade era apenas tristeza. Convidei-a para almoçar em minha casa, ela não aceitou, disse que tinha algumas pendências para resolver, nos despedimos. Senti um alívio em ter devolvido o livro, depois deste dia nunca mais vi Catarina, alguns falam que ela saiu na madrugada com mala e tudo e que dava pra ouvir o seu choro. Catarina se foi e nem se despediu, não deixou recado ou aviso de pra onde iria, me senti triste por ela não ter se despedido, pensei que pudéssemos ser amigas, no fim ela conseguiu deixar algo dela comigo pra sempre: A sua tristeza Clandestina.