Fanfic: Irmãos Lobo! - Wolf Children | Tema: Wolf Children

Ele lentamente abriu seus olhos que ainda estavam embaçados, “onde estou?” Pensou, logo sua visão começou a se clarear e ele notou estar em uma grande sala de piso de madeira polido com alguns moveis a volta, ele estava deitado em um sofá preto ainda na forma de lobo e então olhou para sua pata onde uma faixa branca estava amarrada manchada com um vermelho já seco, olhou a sua volta e então foi quando notou em uma pequena estante de madeira encostada na parede uma foto em um documento. Era a foto do seu pai? Ele estava em sua casa? “minha casa agora é a montanha”, pensou surpreso e então se lembrou do que houve, os animais presos e dos caçadores, ele sentiu que precisava voltar e salva-los então tentou se levantar, mas quando firmou suas patas no chão ele grunhiu de dor e se encostou no móvel antes de cair.

 - Ame! – Ouviu quando a mulher foi em seu auxilio preocupada – Tudo bem...? Você ainda não pode se levantar, precisa se recuperar... vamos, deite-se por favor... – Pedia ela, sua voz era gentil e sua preocupação era notável e o lobo olhou para seus olhos, era sua mãe, estava tão perto dela novamente e não conseguiu dizer nada, mesmo que nos últimos anos ele havia voltado aquela casa nesse momento era diferente, antes seus encontros com sua mãe eram rápidos, ele a observava e escutava algumas histórias e no final ela sempre dizia de forma alegre as mesmas palavras, “viva bem”, “seja forte e se cuide”, mas já fazia algum tempo que não voltava e naquele momento suas palavras simplesmente não saiam, era mesmo a primeira vez em anos que voltava para dentro daquela casa.

 - Eu sei, você não precisa dizer nada... você escolheu seu caminho meu filho, como lobo..., mas eu fiquei tão preocupada quando vi você caído naquele gramado, machucado... eu não sabia o que fazer... – Algumas lagrimas começaram a cair dos olhos de Hana – Não tinha ninguém para chamar ou nenhum lugar onde pudesse te levar ainda mesmo nessa forma... ou mesmo se estivesse como humano como eu iria explicar... – Mas ela sorriu mesmo em meio as lagrimas – Foi como se voltasse no tempo...

A mulher se lembrava de quando seus filhos eram pequenos e ficavam doentes ainda na época em que vivia na cidade grande, ela não sabia se os levava ao hospital ou veterinário e vivia desesperada.

 - Mas você agora parece forte, você cresceu... Ame – O jovem olhava para ela, muitos pensamentos também se passavam em sua cabeça – E você parece que se recupera rápido...

A mulher continuou olhando para ele e então o abraçou forte, parecia que a mesma ia desabar em choro a qualquer momento – Nesses últimos cinco anos desde que você partiu para levar sua nova vida eu aprendi muitas coisas sobre tudo, sobre a montanha, os animais, a floresta, para que em cada uma das suas visitas eu pudesse conversar com você... na reserva florestal eu aprendi também, como cuidar dos animais... até mesmo como tratar de ferimentos...

 - “Cinco anos...” – Ame pensou surpreso, era muito mais tempo do que ele esperava, os dias se passavam sem que ele mal percebe enquanto vivia na floresta e realmente o surpreendia ao finalmente saber que já faziam cinco anos desde que passou a viver nas montanhas.

Hana continuava a abraça-lo forte, ela voltava a sorrir e com uma das mãos a limpar as lagrimas.

 - Mãe... – Chamou com uma voz rouca, logo Hana notou quando o agora garoto devolvia o abraço mesmo com apenas o braço direito enquanto deixa o braço ferido encostado em seu próprio corpo, se esforçando para não começar a chorar também – Mãe... – Era a primeira vez em anos que ela podia vê-lo novamente na forma humana.

 - Está tudo bem, está tudo bem... - Ela olhou para ele, sorrindo enquanto acariciava suas costas, o garoto se parecia cada vez mais com o pai, estava maior, mas ainda ela podia ver o mesmo menino que ela viu pela última vez naquele estacionamento naquela manhã chuvosa.

O tão esperado reencontro, mãe e filho...

 - Podem estar um pouco pequenas, mas acho que já vai servir... – Disse a mulher quando o jovem terminava de vestir as roupas após um bom banho tomado, uma calça azul e uma camisa branca de gola larga.

 - Estão boas... – Respondeu ele ainda tentando se acostumar novamente com as roupas, havia passado muito tempo na floresta – Mas eu... eu preciso voltar para a montanha, não posso ficar...

 - Eu sei, eu sei..., mas você precisa se recuperar desse ferimento, Ame... um tiro não é brincadeira mesmo que não tenha sido tão grave você perdeu bastante sangue... pelo que você me contou, foram caçadores?

O garoto havia contado o que aconteceu no dia anterior e sua mãe havia ficado muito preocupada com aquilo.

 - Eles mantinham animais presos... – Comentou o garoto de forma triste e de cabeça baixa, sua voz meio rouca, mas firme, ele parecia pensar e procurar por palavras – em gaiolas, apertadas... filhotes, não como em um zoológico, eles estavam machucados, tristes... eu preciso ajuda-los.

 - Quero que você descanse filho... – Pediu ela – Uma vez eu cometi o erro de te impedir de ir para as montanhas, não vou fazer isso de novo..., mas você precisa descansar e se recuperar antes de voltar ou não vai conseguir ajuda-los...

 - “Você não, não foi um erro... você fez muito por mim” – Pensou olhando para ela – Eu serei sempre grato... – Comentou - Tudo bem..., mas eu queria poder ajudar... ficar aqui parado enquanto aqueles caras fazem tantas coisas ruins, eu...

 - Não se preocupe, eu vou tentar algo – Afirmou Hana de forma séria e confiante – Acho que deve ter algo que eu possa fazer na reserva florestal para descobrir alguma coisa – Terminou ela sorrindo – Com certeza alguém foi atrás de descobrir algo sobre aqueles tiros na floresta.

Ame olhou para seu braço ferido, apesar do ferimento a bala não ter sido tão profundo, o que talvez fez com que Hana conseguisse tratar o ferimento com menos dificuldades e tornasse a recuperação mais fácil, ele estava desapontado por ter sido pego de surpresa por aquele homem então se lembrou do cheiro, aquele odor, teria aquilo deixado ele tão confuso a ponto de nem sequer ouvir o atirador chegar?

Com o passar do dia, Ame matinha o olhar fixo para a montanha através da janela, era nítida sua preocupação com o que estava acontecendo lá enquanto ele estava ali sem nada poder fazer, Hana notou isso e logo se aproximou.

 - Está com fome? Fiz algo para comer...

O garoto olhou surpreso para a comida servida a mesa, o cheiro era bom, fazia tempo que ele não sentia aquilo.

 - Seu pai foi quem me ensinou a fazer, mas não acho que ficou tão bom quanto o que ele fazia... - O garoto ficou olhando para a comida, sua mãe olhava preocupada também – Eu sei que não está mais acostumado a comer algo assim, Ame, na floresta, eu penso o quanto foi diferente, precisava caçar...

 - Eu comia frutas também... – Ele disse e então começou a comer, logo quando experimentou a comida seus olhos pareciam brilhar, então ele começou a comer mais rápido como alguém que não comia nada a dias, enquanto Hana apenas continuava olhando e sorrindo.

Ela estava feliz por saber que seu filho também estava feliz, vivendo nas montanhas, correndo pela floresta, nos últimos anos esse pensamento a fez seguir em frente, ela ficava feliz com cada visita dele, mas nesse dia estava realmente contente de estar junto com ele, podendo vê-lo como estava, comendo e sorrindo, mesmo depois da situação que passará a deixava aliviada.

Conforme o passar do meio-dia, Ame estava sentado na porta da casa olhando para o céu pensativo. Sentia um grande dever em voltar a floresta e ajudar os animais, pensava no que seu mestre faria naquela situação “– Ele estaria lá, tentando a qualquer custo...” -, mas ele não podia, como lobo não conseguiria ir a lugar algum com uma pata machucada, como humano não poderia fazer nada. Ele também pensava no que estava acontecendo naquele mesmo momento, ele estava com sua mãe em sua antiga casa e não conseguia entender o que sentia.

 - Como as coisas são engraçadas... – Comentou Hana se aproximando e sentando ao seu lado, Ame olhou para ela curioso – Ontem, fez exatamente cinco anos que você foi para as montanhas e justamente ontem você voltou... a vida é cheia de surpresas meu filho, eu sempre fiquei feliz por que você estava feliz, mesmo quando estava longe eu sempre senti como se você ainda estivesse aqui – Ela terminou sorrindo.

 - Tem tantas coisas que eu queria te contar desses anos, o que eu aprendi, o que eu vi... sempre que vinha visita-la eu queria lhe contar tudo, queria que você pudesse ver também, mas eu gostava muito de poder ouvir a sua voz enquanto me falava das coisas, suas histórias... eu queria te mostrar que sempre estaria ali, com você, com... – Ele fez uma pausa pensando em alguma coisa, preocupado – A Yuki...

 - Ela sempre vem nas férias sabia, ela já está no secundário... Ame, ela está bem.

 - Eu a vi uma vez quando eu vim aqui..., mas não dissemos nada um para o outro... – Ele comentou lembrando quando a alguns anos ainda como lobo ele viu Yuki pela última vez.

Os dois então olharam para o céu azul com poucas nuvens brancas. Ame nunca havia se despedido de sua irmã, mas estava feliz em saber que ela estava realmente bem.

Durante a tarde Hana foi para a horta, naquele dia livre ela queria passar mais tempo com seu filho e ainda estava preocupada, mas ele mesmo insistiu que ela não deixasse tudo de lado por isso e nesse instante ouviram o bater de palmas, alguém estava chamando.

 - Quem será? – Perguntou Hana curiosa pois não recebia muitas visitas e principalmente que chegavam batendo palmas, os dois olharam para a janela e viram dois sujeitos.

 - São eles... – Afirmou Ame.

 - Os caçadores?

 - Posso sentir aquele mesmo cheiro...

 - Eu vou ver o que eles querem e fazer com que vão embora – Mas o garoto segurou seu braço, preocupado – Não se preocupe, tudo vai ficar bem...

Ame a soltou, o garoto mesmo não conseguia entender o que sentia desde que acordou em casa, mas cada palavra de sua mãe lhe deixava tranquilo.

Hana saiu da casa e foi em direção aos dois sujeitos – oh, oi... posso ajuda-los?

 - Boa tarde moça, meu nome é Takashi e esse aqui é meu parceiro Fukuo, somos da Agencia de Proteção Ambiental... – O homem mais forte mostrou o distintivo rapidamente e guardou – Acabamos de chegar na região, somos especialistas em animais raros e em extinção...

 - É, e estamos procurando um lobo.

 - Há, há... lobos no Japão... o ultimo era o que estava na reserva florestal até onde sei... – A mulher riu em seguida – Meu nome é Hana, eu trabalho na guarda-florestal, mas não sabia que vocês viriam...

 - É, chegamos meio de surpresa, mas acho que vamos nos ver mais vezes então... – Disse o mais forte meio incomodado ao saber – A verdade é que achávamos que não existiam mais lobos aqui até sabermos desse, ele foi visto ferido pela última vez... estamos procurando por ele... para cuidarmos dele...

 - Não vi nenhum, sinto muito... – Mentiu Hana.

 - Entendo... – Takashi olhou de canto para a grama e notou marcas de sangue, mas não comentou nada, Hana percebeu o olhar dele para o gramado – De qualquer forma melhor tomar cuidado, um lobo ferido pode ser ainda mais perigoso.

 - Eu sei me cuidar senhores, mas agraço a preocupação...

 - Aqui... – Ele pegou um pedaço de papel e anotou alguma coisa – Se souber de algo por favor nos ligue.

 - Eu ligo sim, se ver algum lobo ou precisar... – Respondeu Hana pegando o papel e guardando – Ah é, que falta de educação minha, não querem beber alguma coisa, um suco, um chá...

 - Obrigado pelo convite Hana, mas temos que continuar procurando, me desculpe o incomodo, já estamos indo.

 - Obrigado moça... – Disse o outro e os dois sujeitos se retiraram comentando alguma coisa entre eles indo na direção de uma caminhonete mais longe na estrada, mas Hana não ouviu.

Em seguia ela voltou para dentro de casa onde Ame agora parecia menos preocupado.

 - Proteção ambiental, com certeza não são... – Disse a mulher amaçando e jogando o papel com o número que lhe foi passado – Não se preocupe, não há mesmo nenhum lobo aqui... – Ela sorriu e o garoto ficou olhando curioso.

Alguém se aproximava da casa...?

Hana havia ido para a horta, mas Ame preferiu ficar na casa pois queria colocar os pensamentos no lugar já que ainda estava muito confuso com tudo o que estava acontecendo, ele andou pelos cômodos e em cada local flashs de memórias passavam por sua cabeça e todos de lembranças felizes do que viveu ali.

Em um dos pilares de sustentação riscos marcados com números eram marcações de altura e idade dele e de sua irmã que sua mãe fazia a cada ano que passava desde que chegaram ali. Ele então caminhou até um dos quartos, haviam duas mesas ambas com uma cadeira cada e com uma mochila amarrada nelas, continuavam intactas e limpas desde quando ele saiu, o garoto então viu o pequeno animal de pelúcia em forma de lobo azul e branco costurado por sua mãe e o segurou, ele então sorri.

 - SAIA JÁ DE NOSSA CASA! – Foi então que ele foi surpreendido com o grito, a pessoa avançou sobre ele de forma feroz o agarrando e logo que ele tentou segura-la sentiu seu braço doer e acabou perdendo a força caindo, sua agressora se afastou em posição de combate, ele levantou da mesma forma já metade lobo mostrando suas orelhas e garras afiadas e então arregalou os olhos surpreso.

 - Yuki... – Ele a reconheceu na mesma hora, era sua irmã, ela estava em posição de ataque também com suas garras a mostra.

 - Ame...? – A jovem garota parecia tão surpresa quanto ele.

Continua...