Fanfic: Interespécie. | Tema: Zootopia
O despertador tocou naquele pequeno quarto de pousada, depois de uma terrível noite de sono Judy acordou com lágrimas nos olhos, ela estava a quase dez anos em zootopia e ela ainda tinha pesadelos com aquela noite. A ex vice-prefeita seria libertada em breve por cumprir sua pena, mas Judy Hopps sabia que ela ia tentar de novo e o que ela mais temia era pela vida da raposa que pegou seu coração.
Ela ouviu alguém batendo na porta e tocando o interfone.
A voz disse: Sou eu Cenouras!
Falou do lado de fora o homem que fazia seu coração palpitar, ela correu para se arrumar e ficar a mais bela possível com seu uniforme azul de coronel da polícia, mesmo sendo promovida e ele continuando um tenente eles ainda eram amigos e parceiros, Judy nunca quis a glória, ela queria um mundo melhor e Nick nunca quis nada mais do que fazer Judy feliz.
A porta abriu e o policial segurando café e rosquinhas sorriu para sua doce coelhinha. Ele sorria toda vez que a via.
Judy disse: Bom dia Nick.
Nick sorriu e falou por trás de seus óculos escuros: Bom dia Cenourinha. -Ele parou por um seguindo apreciando a companhia dela e então disse: Vamos trabalhar coelhinha ingênua?
Judy sorriu e falou: Vamos raposa astuta.
Eles desceram as escadas e foram para o carro fazer a ronda diária, sorrindo e trabalhando como se não houvesse amanhã. Ela amava estes momentos, Nick aplicava uma multa enquanto ela dava uma dura em um motorista desatento, eles eram a dupla estrela da polícia de Zootopia infelizmente o mundo era hipócrita, todos queriam uma raposa e um coelho amigos, mas não os queriam amantes. Por isso Judy nunca disse nada pois muitas pessoas ainda achavam estranho eles serem policiais e amigos, mesmo depois de dez anos.
Alguém gritou: Policiais estúpidos! Viva a revolução de Bellwether!
Era um castor falando e tacando ovos na viatura e em Nick, ele se defendeu quando um ovo acertou seu rosto. Judy se sentiu enfurecida e correu até o agressor o espancando violentamente a ponto de Nick ter que segura-la.
Nick gritou: Cenouras o que está fazendo?
Judy gritou: Mostrando ao lixo onde é seu lugar!
Após controlar sua parceira Nick pegou o rapaz inconsciente e agiu para que ele fosse colocado na viatura policial, indo ao distrito central Judy levou uma bronca do Chefe Bogo que estava quase se aposentado, provavelmente Judy iria substitui-lo, mas ele ameaçou demiti-la por conduta violenta, felizmente Nick interveio dizendo que ele que tinha acertado o garoto e Bogo acreditou pois Nick ainda era um excelente enganador.
Eles então voltaram a patrulhar Judy dirigia enquanto Nick a olhava em silêncio visivelmente preocupado com ela. Ele a amava e deixava isso bem claro ela era sua melhor amiga, mas como era visível era apenas um amor amigável pelo fato dele ser um predador, Judy sabia que ele nunca teve sentimentos por ela, até por que ele já tinha tido duas namoradas ao longo desses dez anos, enquanto ela permanecia só. Judy não era boa em disfarçar seus sentimentos, mas ela era tão enrolada naturalmente com Nick que ninguém percebia que ela era apaixonada por ele. Tudo ficou quieto enquanto anoitecia, o sol descia o crepúsculo e na noite escura a chuva não tardava a cair sobre o carro que brilhava como uma joaninha, tocando a sirene, aquela bem fininha.
Nick disse então quebrando o silêncio das gotas de chuva: Então, vai me dizer o que está havendo?
Judy disse bufando: Eu não gostei do que o rapaz disse.
Nick suspirou dizendo: Judy, escute, eu sou um predador, eu serei sempre odiado por ser que sou e mais ainda por ser uma raposa, todos ainda acreditam que eu sou um animal que vive de mentiras e que só pratica o mal, estou na mesma classe de animais parasitas ou os que praticam certas práticas “não reprodutivas”.
Isso fez o coração dela doer, por que ela sabia muito bem o que ele estava querendo dizer, seriam os quatro tipos de animais mais odiados por Zootopia, que era uma sociedade extremamente conservadora apesar de dizer ser o “futuro”. Os animais que praticavam prazeres com os seus iguais de espécie, aqueles que tinham relacionamento com filhotes, aqueles que amavam demais seu parente e principalmente aqueles que tinham relacionamento com animais que não eram de suas espécies.
O que Judy podia dizer? Ela não sabia apenas se calou por um segundo olhando para a rua, prestando atenção no trajeto.
Até que finalmente Judy disse: Eu acredito em você... Mais do que tudo.
Nick sorriu para ela: E para mim, isso sempre será o suficiente... Se você acreditar em mim... Não preciso de mais nada.
Ela quase chorou a ouvir isso, mas se conteve, ela queria gritar para os céus seu amor e declamar sua adoração a ele, mas sabia que isso causaria ainda mais dor aquela raposa, que sempre teve uma vida difícil.
Nick disse: Mesmo quando você se casar e tiver quinhentos filhos, não se esqueça do seu amigo astuto.
Judy sorriu e falou: Eu nunca esqueceria... Raposa emotiva...
Nick sorriu olhando para o céu escuro e falou: Obrigado Coelha esperta... Obrigado por tudo...
Judy e Nick não perceberam, mas isso parecia uma despedida, sem saber que o universo havia conspirado para esse momento do mal. E como de um momento simples o universo pode tramar eles não perceberam como aquilo iria acabar. Se Judy soubesse, ela teria se declarado naquele momento e gritado por seu amor, mas afinal isto não é um conto de fadas... É um amor interespécies.
E não é assim que a vida real funciona.
Um carro rasgou a estrada na direção da patrulhinha acertando-a em cheio e jogando-a contra o muro. O airbag de Judy abriu, mas o lado de Nick não tinha e ele ficou muito ferido.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido, Nick saiu se arrastando pelo chão e mesmo muito mais ferido ele tirou Judy inconsciente do carro. Judy abriu os olhos e viu alguém saindo do carro preto que os acertou eram três ovelhas, estavam todas armadas. Nick se virou e atirou, matando duas delas rapidamente com sua pistola, a terceira apontou para Judy e atirou, mas a raposa foi mais rápida se jogando no caminho e levando a bala, matando a ovelha mutuamente. Nick caiu no chão sozinho e sangrando.
Judy sentiu toda a dor do mundo para recobrar a consciência por completo e se levantar, ela caminhou até a raposa caída e sentiu a fúria dos céus. O sangue de Nick se misturava com a água da chuva. Judy correu até ele e tentou estancar o ferimento com uma mão enquanto chamava ajuda pelo rádio na outra.
Judy dizia: Aqui é coronel Judy Hopps! Temos um policial ferido na saída da zona da floresta! Nick Wilde!
Ela ouviu a resposta que os paramédicos estavam a caminho, mas ela sentiu o frio no coração quando o homem cuspiu sangue.
Nick falou fraco: Você está bem Judy?
Judy queria falar, mas as palavras lhe faltavam.
Nick falou sorrindo e como sempre presunçoso: Eu não podia pedir uma morte melhor, abraçado com uma garota linda... Infelizmente preferia ter noventa anos e estar aconchegado em uma cama e não quarenta em uma rua suja.
Judy tentou arrastar Nick a um beco onde estava chovendo menos, mas ele estava muito mal.
Ela estava se desesperando e negava perde-lo, mas ele era um homem amadurecido pelas ruas e sabia que era a hora dele, Nick tentava consolar a coelhinha de vinte e poucos anos. Judy continuava chorando ensopada com o sangue dele, tentando inutilmente salva-lo.
Judy disse: Resista Nick por favor eu preciso de você...
Nick falou com um sorriso dolorido: Eu dediquei os últimos dez anos em fazer sua vida feliz... -Ele tossiu sangue. -Eu me sinto feliz... Por você estar bem...
Judy chorando gritou, não aguentando mais: Por favor, não morra... Eu não posso te perder... Eu te amo... E eu não posso mais negar...
Nick pela primeira vez em anos chorou e disse: Eu nunca pensei que diria isso, mas... Eu queria ter nascido um coelho... Afinal amor interespécie não é legal...
Judy falou gritando e chorando no beco escuro: Eu não me importo... Eu te amo... Queria ter você para sempre...
Nick sorriu e a abraçou dizendo: Não é um final inesperado Cenourinha. Você já me tem... Desde aquela noite me teve...
Judy disse pela ultima vez chorando: Eu te amo...
Mas apenas a noite ouviu pois com isso o corpo dele ficou mole e sem vida e onde havia vida, não havia mais nada. Ela ficou chorando naquela noite escura sem perceber que a ovelha não tinha morrido ainda e ela explodiu o carro que o fogo entrou no beco para consumi-los e por um segundo ela não sentiu dor, apenas como se Nick segurasse um guarda-chuva que a protegia de tudo e que a raposa era seu escudo.
Mas infelizmente isso não é um conto de fadas
Infelizmente a vida
E ela não é uma coisa bonita
É assim a vida do sombrio coração
É a vida da pervertida paixão
Daqueles amores que existem...
Mas irão morrem em vão
Consumidos pelo fogo de noites de trovão
Mas ainda sim eles ouvem uma voz
Na escuridão percebem
É uma linda e estrelada sem igual...
Todos perceberam quando se rompeu o véu
Haviam mais duas lindas estrelas nó céu
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