Fanfic: Corações trocados | Tema: Novela vingança

   Lívia, era o nome de uma garota que parecia ter tudo naquele momento da vida dela. Ela era o ideal que toda menina da sua faculdade sonhava ser: talentosa, tinha uma personalidade única e muita habilidade para o curso de moda, além de muito bonita e noiva do rapaz que também era um sonho, um verdadeiro príncipe dos contos de fadas que saltou para fora dos livros e construía agora seu final feliz com sua princesa escolhida, seu nome: Edmond.
   Eles estavam prestes a se casarem, a casa nova era modesta, mas bem ornamentada com tudo que se precisa de fato numa casa, tornando-a num lar aconchegante para a futura família que moraria ali, afinal Lívia estava grávida de oito meses. A faculdade dela se finalizaria antes que ela tivesse seu bebê e isso seria perfeito demais, pois no auge de seus vinte anos ter que conciliar a faculdade e um filho recém nascido não seria nada fácil, então por ajuda do destino ela poderia se dar ao luxo de dedicar-se melhor ao filho com a conclusão de seu curso, enquanto que Edmond trabalharia para manter sua família confortável e assim levar uma boa vida e comum até então, sem faltar nada a nenhum deles.
Ele por sua vez, trabalhava arduamente como corretor de imóveis, e era muito bom no que fazia conseguindo lucrar um salario razoável no fim dos meses. Edmond se portava muito bem, era elegante e refinado, seus cabelos negros faziam os olhos amendoados se destacarem juntamente com um sorriso leve que sempre tinha no rosto, demonstrando um astral muito alto, e os clientes gostavam muito disso nele, o que quase sempre o ajudava a concluir suas vendas.

   Bem, em uma noite especifica ele como de costume foi buscar sua noiva, na faculdade de modas, seu carro era sempre aguardado com anseio pela moça, que sabia distingui-lo dos outros ao longe. No que ele encostou na calçada a frente do prédio acinzentado, Lívia com seus fartos cabelos longos, louros e cacheados virava-se sorridente despedindo-se das amigas para enfim ir embora depois do longo dia cansativo, afinal não era fácil carregar uma barriga tão grande já, sua locomoção estava ficando lenta e desconfortável. Ela chegou a janela do lado do motorista e disse:
   _ Oi meu amor, as meninas te mandaram um abraço, mas sabe como elas são tímidas não é? Não tiveram coragem de vir até o carro...
   _ Ah é mesmo ? _ Disse Edmond provocativo e mandou para o grupo de meninas acima da escada um beijinho soprado, o grupinho riu e pareceu se juntar ainda mais formando uma rodinha.
   A garota entrou no carro e os dois deram inicio a viagem de volta para casa, era o começo ainda de uma noite que parecia que iria ser maravilhosa, juntos eles riram e contaram cenas esporádicas do dia a dia, mas antes que pudessem atingir a metade do trajeto, uma terrível tempestade começou a cair repentinamente, se bem que o clima fresco com lufadas constantes anunciava que ia chover mas eles não imaginavam que seria com tanta intensidade.
   Em poucos instantes o vidro do para-brisas estava completamente embaçado.
   _ Eu detesto dirigir quando o tempo está assim. _ Soltou Edmond, com dificuldade para ver além, a camada de água que descia pelo vidro era grossa e deturpava toda a imagem.
   Lívia preferiu não dizer nada, para não atordoar o noivo, mas em seu interior ela também sentiu medo, o tempo não contribuíra em nada para aliviá-la.
   O transito estava devagar, principalmente Edmond, que dirigia atrás de outro carro com todo o cuidado possível, se esforçando para ver o máximo que podia. A casa ficava num condomínio a orla da cidade, mas em seu trajeto eles teriam que passar por uma marginal íngreme na encosta de um barranco bem alto que dava para além, em uma reserva florestal.
   Os carros andavam um pouco e paravam, e assim sucessivamente, até que alcançaram de fato essa marginal na encosta íngreme, e foi ai que Lívia teve mais medo, sentia o perigo daquele lugar, pois a via não era muito larga também e a tempestade continuava a importunar a todos que tentavam chegar a suas casas.
   Foi exatamente quando Edmond conseguiu avançar um pouco mais pela marginal, que um caminhão que vinha na via contrária a deles, se chocou com o carro descendo com violência com todo seu peso, e assim o carro deles foi arremessado para além da cerca de ferro da via e caiu deslizando e capotando na terra do desfiladeiro.
   Lívia abriu os olhos, sentia algo quente escorrendo por seu rosto e tateou-o, sabendo de imediato que era seu sangue ali, assustada e doloridamente ela olhou para a sua esquerda caído para o que deveria ser o teto do carro tombado, estava Edmond desacordado.
   _ Meu Deus... _ Ela caiu em si, entrando em desespero ao perceber toda a situação. _ Me ajuda!!!
   Ela estava pendurada de cabeça para baixo pelo cinto de segurança, e ele praticamente a sufocava agora firme por cima da avantajada barriga. Porém seu desespero apenas se acentuou quando ela olhou para a parte inferior da barriga e para os pés, e viu que estava molhada mas soube que não era sangue assim que levou os dedos até o local para averiguar. Sua bolsa estourara, e seu bebe estava a caminho, não demoraria para começar a sentir as contrações do parto.
   Aos prantos ela começou a gritar e se agitar, tentando-se desvencilhar do cinto. Passado alguns minutos, ela viu do lado de fora por entre as arvores que a cercavam ao redor, pequenos flashes de luz que foram aumentando cada vez mais, até que ela pode ouvir um homem gritar:
_ Estão ali na frente!!!
   A luz de várias lanternas alcançou o carro, e logo mais uma mirou o rosto de Lívia através da janela estilhaçada.
   _ Moça mantenha a calma nossa equipe está trabalhando para retirar vocês daí com segurança. Pode me dizer seu nome por favor? _ O policial parecia cauteloso e gentil.
   _ Meu nome é Lívia, eu..._ As palavras pareciam fugir de sua mente. _ Eu... Eu preciso de ajuda, meu filho vai nascer aqui!!! Me ajuda por favor! _ As lagrimas rolavam facilmente por seu rosto.
   _ Sim, Lívia eu vou te ajudar, e nos vamos salvar você e seu bebê, fique tranquila.
   O resgate seguiu conforme o policial havia prometido, apesar do carro ter amassado muito chocando-se contra o chão e contra as arvores, as portas se abriram com apenas um pouco de esforço. Lívia foi retirada do banco com todo cuidado após o cinto ser desfivelado, e dois policiais a carregaram para depositar em uma maca de resgate, foi quando ela se virou já deitada, para ver Edmond, antes que colocassem nela o colar que protegia a cervical. Não conseguira ver antes o que lhe espantava agora: Edmond estava muito mais ferido que ela, os dois braços estavam visivelmente quebrados, mas não com uma fratura exposta e seus rosto fora perfurado por vários estilhaços de vidro, expelindo muito sangue.
   A dor de ver tudo desabando lhe aflorou novamente, e ela pareceu que ia desmaiar agora pois começava a sentir as contrações do seu bebê querendo chegar ao mundo e ela entrou em panico.
   _ Meu Deus o que vai ser de mim? Do meu noivo? Do meu filho? _ O colete era lacrado ao redor do pescoço de Lívia.
   _ Calma, vai ficar tudo bem. _ A paramédica disse.
   O mundo pareceu rodopiar, e ela se desligou dele por alguns instantes, a pancada da cabeça contra o painel fora forte demasiado.

   Voltou a recobrar a consciência somente quando já estava hospitalizada, a visão turva estava focalizando duas pessoas a frente da cama onde estava deitada, e assim que ela se ajustou, viu parados a sua frente duas pessoas, um médico e a enfermeira que a acompanhava.
   _Bom dia, como está se sentindo Senhorita Lívia ? _ Perguntou o doutor.
   _ Minha cabeça dói muito, e... _ Ela passou a mão pela barriga, sentiu-a dormente, porém vazia. _ Meu filho cadê ele?
   _ Seu filho está bem, não se preocupe, está descansando no berçário, tivemos que operá-la assim que chegou ao hospital já estava em trabalho de parto e o bebê poderia sofrer danos se passasse muito tempo da hora de nascer. _Ele serenamente disse, fitando-a firmemente nos olhos.
   A cicatriz na testa deu uma fisgada e ela levou a mão a ela, que estava quase toda tampada por um esparadrapo.
Ela sustentou o olhar do médico e perguntou, com uma dor discreta em seu intimo por medo da resposta:
_Onde está Edmond? Meu noivo? Está bem?
   A enfermeira abaixou os olhos em condolência, e ela soube antes mesmo que o medico proferisse as palavras.
   _ Seu noivo, não aguentou até chegar ao hospital e faleceu no caminho. Meus pêsames.
   O peso do mundo era grande demais, para suportar sozinha, sem Edmond, ela teria perdido o chão completamente, seu amor, seu companheiro se fora, e ela se sentia impotente por não poder fazer nada, e viu em pensamentos, sua vida toda passar linearmente com momentos maravilhosos vividos pelos dois, já que agora aquilo não faria mais parte da sua jornada, ela estava sozinha, Edmond se fora para sempre e jamais retornaria.