Fanfics Brasil - Carcassone Ao Simples Toque

Fanfic: Ao Simples Toque


Capítulo: Carcassone

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Enfim
amanheceu o dia, e a essa altura os dois rapazes já estavam bem perto da
entrada da cidade. O muro alto de pedra demonstrava a realidade da era
medieval, e eles não sabiam se iriam conseguir passar pelos portões. Pararam
então há certa distância, de onde dava para observar o movimento e não serem
observados pelo sentinela. Para a surpresa deles uma pequena menina de mais ou
menos dez anos, parou ao lado deles. Beatriz era bem desinibida, tinha uma face
bem delicada e angelical, longo cabelo negro preso em uma trança, trajava um
vestido cor escarlate que fazia realçar o vermelho intenso de seus pequeninos
lábios.


            - Sabem já dos feiticeiros que andam
rondando o burgo?- Perguntou a pequena sem o menor medo.


            - O que?- Se virou Danilo sem
entender nada.


            - Tu és surdo?- Debochando.


            - Não. – Respondeu ele bem
carrancudo.


            - De onde vens? – Perguntou ela bem
interessada.


            - De Roma. – Respondeu Lucas
mentindo.


            - Uau!- Exclamou ela maravilhada.


Os
dois passaram pelo portão da cidade se passando como burgueses de Roma, Beatriz
sumiu por entre as matas para espalhar a novidade. Danilo se aborrecia fácil
com as coisas, seu gênio era bem difícil, do qual era constituído por bastante
marra. Ele seguiu com a cara fechada e Lucas todo descontraído podia se
divertir ao menos um pouco em meio o que passavam. Danilo se aborrecia com
Beatriz e principalmente com a moça que encontraram na mata. Lucas sabia que
teriam que viver como medievais até quando conseguissem sair dali, se é que
existia um caminho certo para o futuro. O pior de tudo seria viver naquelas
condições higiênicas, não tomariam banho nem tão cedo e teriam de se acostumar
a viver com ratos de todas as espécies passando por cima de seus pés.


Dentro
da cidade tudo era bem parecido com os filmes que viam na televisão e que com
toda certeza algum dia já havia movido milhares de pessoas para assisti-los.
Porém a realidade vista de perto não era tão perfeita como nos cinemas, eram muitas
pessoas morrendo de várias doenças, e muitas pessoas lamentando os mortos nas cruzadas,
estavam à altura da nona cruzada e sabiam-se lá quando isso teria fim, ou
melhor, Lucas e Danilo sabiam o final, mas não podiam se expressar de maneira
nenhuma. Porém isso ainda levaria mais longos dezenove anos, que naquela época
significava bem mais do que na contemporaneidade, pois com as condições
higiênicas e de saúde, consequentemente a expectativa de vida era bem menor.


Com
as cruzadas a maioria dos homens estava lutando pelos ideais religiosos, porém
muitas crianças corriam pelas ruelas e mulheres faziam seus serviços do lar,
alguns idosos e uns homens da alta nobreza permaneciam ali. Soldados para
proteger a cidade também não foram escalados, porém ao olhar tudo aquilo,
pessoas esperançosas e rezando, Lucas ficou triste ao saber que a maioria não
voltaria para casa, e mais outra grande parte morreria contra a peste negra que
assolaria a Europa em breve matando mais de um terço da população.


Depois
de bastante tempo só observando, Danilo resolveu se pronunciar, deixando um
pouco de estar aborrecido.


-
Até parece um estúdio de um filme. –


-
Não. Olha um filme não mostraria a realidade tão crua assim, os filmes têm a
intenção de aperfeiçoar as coisas, a situação chega a dar dó. – Se integrando
ao local.


 


Danilo
se calou, o que o parceiro acabava de dizer fazia total sentido. As pessoas
tinham uma felicidade de fachada, pois sofriam muito. Eram as doenças, a
miséria vinha assolando as pessoas, e além do mais não tinham liberdade de
expressão e tinham de fingir nunca ter sentimento. Tudo podia ser negociado,
desde um tapete que acabava de ser tecido até um casamento que com quase total
certeza não traria amor, apenas acomodação.



dentro da cidade um terceiro rapaz se via em um local nada conhecido, sendo
seguido por homens, Pierre entrou em uma casa, ele não sabia o que acontecia de
fato, mas sabia que era melhor se disfarçar em meio a todas aquelas pessoas.
Estando em um dos aposentos, viu uma veste da qual poderia se disfarçar, sem
mais pensar em nada tirou sua roupa, porém antes de conseguir se vestir
novamente Camila entrou no quarto e ao olhar para ele soltou um grito.


-
Calma. - Se aproximou dela.


-Vos
imploro leve tudo, mas não faças nada com ninguém que aqui reside. – Falou a
moça tampando os olhos.


-
Já pode olhar, eu já estou vestido. - Falou Pierre.


-
Não, não estás. - Afirmou mesmo sem olhar.



estando vestido, Pierre puxou a mão dela e fitou seus brilhantes olhos azuis,
as bochechas dele ficaram vermelhas ao toque, mas ela o repeliu. Camila tinha os
cabelos loiros com belos cachos nas pontas, era branca e tinha os lábios bem
rosados, trajava um vestido azul anil que realçava muito mais seus olhos.


            - Veja, estou mais vestido do que
nunca. – Ironizando o que era verdade.


            - Quem é? – Indagou a moça com
receio de olhar nos olhos.


            - Sou Pierre. Qual seu nome?-


            - Camila. O que faço eu? Ficarei
desonrada se conversar com você. – Voltando a sua consciência.


            - E por que ficaria?- Estranhando o
que ela falava.


            - Tu sabes, é porque já sou
prometida. - Contou ela.


            - E desde quando tem isso hoje em
dia?- Perguntou ele julgando-a antiquada.


            - Nunca deixaste de ter. Tu não tens
uma prometida? –


            - Não, mas bem que poderia ser você.


            - Não ouse me citar dessa maneira. –
Muito brava. – Eu já tenho alguém a que sou prometida. –


            - Perdão senhorita, mas onde
estamos?-


            - Oras, estais em minha casa, da
qual nunca deveria ter entrado. –


            - Não era bem isso que eu queria
saber, pois já sei este fato. Pergunto em que localidade. –


            - Carcassone. Chegaste de algum
lugar?-


            - Sim. –


            - Veio de Provins? –


            - Não, pode apostar que vim de mais
longe. – Sem saber até de onde se tratava.


            - Não és um bárbaro és? –


            - Não. – Afirmou ele.


            - Não é tu o feiticeiro de que ouço
rumores és? – Começando a temer.


            - Acho que se fosse eu não estaria
aqui para ser pego.  – Em tom de brincadeira.


            - Tens que ir. – Afirmou ela.


            - Me diga, isso é um filme?-


            - Um o que? Você tem um linguajar
tão diferente. –


            - Adeus bela Camila. - Indo embora


           


            Pierre não precisava de muito para
entender, as pessoas não estariam todas se comportando assim por nada, ele
estava no passado essa era certeza, não importava se era por sonho ou por
realidade, mas aquele era um passado bem distante. Ele sabia que aquela jornada
desconhecida seria bem complicada, pois não poderia falar de maneira nenhuma
nada sobre sua vida real, teria que agir como se realmente estivesse em um
filme, ou então seria queimado.


            Camila não pode deixar de suspirar
quando ele saiu, seus olhos verdes e sua pela clara realçavam sua beleza, seu
cabelo em um tom de cobre e seu olhar doce a encantaram por completo. Porém
esses pensamentos poderiam levá-la a forca, toda aquela situação surreal que
acabara de vivenciar tinha que ser esquecida para seu bem maior. Ela iria se
casar com o Conde Trevanni em breve. A realidade desse casamento não lhe
animava nada, o Conde era um velho gordo que se interessou por ela por sua
beleza. Sendo todos eles trabalhadores no feudo do Conde Trevanni, ele só
esperava a menina realizar seu décimo sétimo aniversário.




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Autor(a): marquesthays

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Ainda adormecida em pensamentos Camila foi acordada por um barulho que vinha do outro quarto. Ninguém estava ali naquele momento além dela e sua irmã caçula Bianca. Camila foi até a entrada do quarto com a esperança de que fosse Pierre novamente, se deparou com alguém muito semelhante a seu irmão mais velho Claus. ...


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