Fanfic: Ao Simples Toque
Ainda
adormecida em pensamentos Camila foi acordada por um barulho que vinha do outro
quarto. Ninguém estava ali naquele momento além dela e sua irmã caçula Bianca.
Camila foi até a entrada do quarto com a esperança de que fosse Pierre
novamente, se deparou com alguém muito semelhante a seu irmão mais velho Claus.
Porém era muito estranho ele estar ali àquela hora. Foi atrás de Bianca. Bianca
se encontrou com o homem.
- Claus?- Perguntou a pequena menina
na soleira da porta.
- Sim. –
- O que fazes aqui a essa hora?-
- Nada. – Em um tom descrente.
- Meu irmão o que se passa?-
- Nada de importante, vá brincar. –
A menina estranhou muito a atitude
do irmão. Porém ele saiu tão depressa, mas não tanto que ela não pudesse ter
reparado que ele não era seu irmão. Bianca chamou a irmã então.
- Tem um homem se passando por
Claus. - Falou com medo.
- Aquele alguém que estava no quarto
não era o Claus? – Perguntou ela amedrontada.
- Não era ele tinha uma marca em seu
rosto. - Afirmou a pequena.
- E se for o feiticeiro? – Perguntou
Camila apavorada.
- E o que faremos?-
- Não sei. –
- Porém não devemos falar para o
papai. Se o Conde Trevanni souber que deixamos ele entrar...- Amedrontada.
- Juro- te que nada falareis. -
- Também te juro. –
As duas meninas resolveram agir como
se nada tivesse acontecido, apesar do medo que estavam daquele homem voltar.
Pierre foi andando até que viu algo de conhecido, ele conhecia aquele sujeito
de algum lugar. Se aproximando passou a ter a certeza de que se tratava do
colega Danilo, mas resolveu não se manifestar, tudo aquilo ali era tão surreal
em comparação o que era acostumado a viver. Porém Danilo também o reconheceu e
resolveu comentar com Lucas.
- Repare naquele cara ali, não é o
Pierre?-
- Me parece que sim, mas o que ele
estará fazendo aqui também?-
- Não sei, mas deveríamos conversar
com ele. –
Lucas apenas assentiu com a cabeça e
os dois foram em direção a Pierre. Todos eles ficaram longos minutos com medo
de se pronunciar, até que Pierre resolveu arriscar sua cabeça falando.
- O que estamos fazendo aqui na
Idade Média?- No tom zombeteiro de sempre.
- Vai ver que nos concederam algum
poder divino de mudar o passado. – Entrou Danilo na brincadeira.
Os dois começaram a rir, Lucas era o
único que estava levando o caso com total seriedade, ele sabia que não seria
normal serem visto dando gargalhadas no meio de todos dessa maneira. Porém nada
que fizessem era normal àquele ambiente. Lucas sentiria falta de seus estudos
de Medicina, sua maior vontade era tratar a todas aquelas pessoas, mas ele sabia
que não podia. Eles tinham que fazer o possível para não mudarem passado, se é
que ele havia sido exatamente daquela maneira. Danilo não estava muito ligado
mais na turnê que iria fazer com sua banda em breve e Pierre nem ao menos
estava mais preocupado com o texto que tinha que escrever para o editorial da
Saracena. Agora que o trio estava reunido tinham que fazer de conta que aquela
era a melhor maneira de se viver, já que no momento era somente assim que poderiam.
Lucas era o mais sério deles, tinha
os pés no chão e não costumava sonhar alto e era bastante romântico, porém
nunca havia amado ninguém com intensidade. Pierre era o mais esperto, era bem
safo e tinha milhares de idéias na cabeça sempre. Danilo era o mais imaginativo,
vivia sempre no mundo da lua, e apesar de ser muito doce mantinha uma aparência
marrenta e aborrecida.
Já mais acostumados com as vestes,
com o local, com as pessoas, enfim com a situação no total, Lucas começou a se
lembrar que tinham logo de arrumar uma maneira de conseguirem trabalho, ou
então em breve sentiriam fome, sono e não teriam onde dormir. Ele então
enxergou em frente a uma aparente taberna - que àquela hora do dia estava
disfarçada por trás da calma – o homem que lhes arrumou a roupa em meio à
floresta.
- O que tanto você olha ali hein
Lucas? – Perguntou Pierre no tom zombeteiro de sempre.
- Aquele homem foi quem nos arrumou
essa roupa. – Mostrando o homem de um modo disfarçado.
- Ele não os quis queimar não? –
Perguntou ele entrando em um tom mais sério.
- Por incrível que pareça não. –
Começando a refletir o assunto.
- Pode ser que ele já esteve em má
conduta antes, ou até mesmo agora. Não na mesma condição que a gente, pois não
creio... Apesar de que se aconteceu com a gente pode acontecer com qualquer um.
– Falou Danilo no mesmo tom marrento de sempre.
-
Será que ele é um bárbaro? Ou até mesmo um feiticeiro? – Num tom misto de
ironia com deboche.
- Deixa de brincadeira Pierre, não
importa o que ele é. Temos de arrumar um modo de sustento. – Falou Lucas.
- Verdade, então pode deixar que eu
vá ter uma conversa com aquele homem ali, quem sabe não me arrume uma coisa. –
Falou Pierre já indo em direção ao homem.
Os outros dois rapazes resolveram
ficar apenas observando o amigo, era melhor não passarem a impressão de que
estavam o cercando. Já eram estranhos demais para causarem mais transtorno. Porém
o homem de nada estranhou a chegada de Pierre para uma conversa.
- Acabo de chegar de Provins e
queria saber em que feudo poderia conseguir um emprego. – Falou Pierre com
seriedade.
- Acabastes de chegar também?
Consegui um afazer no feudo do Conde Trevanni. – Afirmou o homem.
O homem teve certeza de que
arrumariam um afazer, pois o fato de serem alfabetizados era muito importante,
apesar de a linguagem não ser nem de longe a mesma que eles usavam na era de
onde vieram. Tinham muita sorte de estarem naquela situação e serem sagazes e
estudiosos. Caso contrário, estariam perdidos. Pierre informou os amigos de
tudo que teriam que fazer, e pela primeira vez teriam de meter a mão na massa
de verdade.
Chegando as limitações do feudo do
Conde Trevanni, se apresentaram como viajantes de Roma e Provins e que
procuravam serviço. Dominando bem o
latim, Pierre foi escolhido pelo Conde Trevanni para ser seu redator de cartas,
ele ficaria totalmente a ordem dele como seu servo em troca de uma moradia e
comida, e poderia até manufaturar, porém teria de pagar a Corvéia ou se fosse
de sua escolha a Talha, o que significava que teria de entregar a metade dos
produtos lucrados nas trocas que efetuaria.
Pierre era esperto e saberia como se
virar, o que passou a chateá-lo mais do que a própria situação em que estavam,
era o fato de que se separaria dos seus parceiros. Danilo e Lucas, porém foram
procurar outros feudos para poderem tentar uma relação de vassalagem. Algum
suserano naquele lugar teria de aceita-los como servos. Ao passarem a porta da
taberna que agora era encontrada com alguns homens a beber e a conversar, foi
que ouviram o rumor de que o rei procurava alguém com aptidões médicas para
tratar toda a família real. Com fraquíssimas técnicas médicas, que se baseava
mais em medicamentos a base de ervas, Lucas sem ao menos ter se formado poderia
tratar das pessoas que ali se encontravam. A medicina na Idade Média era tão pobre
que até mesmo Danilo sem qualquer entendimento complexo sobre o assunto poderia
se passar por um médico.
Lucas então com a informação de um
bêbado que estava em frente a taberna, seguiu para o castelo do Rei Luís XV.
Danilo seguiu outro caminho. Ao chegar ao Castello foi interrogado pelo
sentinela que ali se encontrava. Lucas usou um bocado da lábia que havia
aprendido com o amigo Pierre, e convenceu o sentinela a passar o recado ao rei.
Sem muito esperar o rei aceitou recebê-lo com a esperança de ter alguém para
tratá-lo. Lucas dominava o latim, e naquele momento tudo que queria era
agradecer a sua avó que o havia obrigado a participar de todas as aulas de
latim que havia para a população da Saracena.
O rei Luís XV se impressionou em
como ele escrevia bem, naquela época aquilo era muito raro, mas geralmente os
poucos médicos sabiam ler e escrever. A majestade também não pode deixar de
reparar como ele manuseava bem os objetos médicos e como lidava bem com as
ervas medicinais. Lucas estaria trabalhando para o maior suserano de
Carcassone, o rei.
Danilo se encontrou com um velho
homem que ia até a cidade trocar suas mercadorias, e o rapaz resolveu perguntar
em que feudo ele trabalhava e quem era o senhor feudal que ali comandava.
- Em que feudo trabalha? - Perguntou Danilo.
- Trabalho como marceneiro. –
Mostrando-lhe seu trabalho. – Mas pago minha corvéia no feudo do marquês de
Carabás. –
- Chego agora de Roma e procuro um
afazer. – Falou Danilo.
- Podes trabalhar comigo em minha
manufatura, eu trabalho está muito devagar, pois já estou velho e minhas filhas
e mulheres trabalham como tecelãs. – Ofereceu-lhe.
- Claro. –
- Sabes trabalhar a madeira?-
Perguntou o velho homem.
- Sim. - Respondeu Danilo.
Sendo muito imaginativo e por
consequência muito criativa, Danilo já havia feito vários trabalhos em madeira.
E o que não soubesse arrumaria uma maneira de fazer, o que não poderia
acontecer era ficar sem trabalho. Trabalhando com Humberto, teria de pagar a
corvéia também para o marquês de Carabás, e assim quatro dias no seu feudo
trabalharia. Humberto pediu que Danilo procurasse por sua filha Suzi, que
naquele momento estava ajudando a mãe a fazer pães para o feudo do marquês.
Danilo nem imaginava como encontraria a moça, mas o faria. O velho não havia
dado nenhuma indicação de que o fizesse reconhecer a moça, mas foi até o local
de onde elas trabalhavam. No feudo faria vários trabalhos, desde ler cartas até
trabalhar na terra ajudando a arar e plantar. Ele nunca havia se imaginado num
estado desses.
Autor(a): marquesthays
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Chegando ao local, Danilo não pode deixar de observar que a moça que encontrara na mata outrora também trabalhava ali. Poderia ele perguntar a ela de quem se tratava Suzi? Ele se aproximou se tratava do trabalho e não de uma conversa por nada. - Sabe de quem se trata Suzi?- ...
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