Fanfic: Ao Simples Toque
Suzi
chegava das terras do suserano Carabás e encontrava Danilo à janela de seu
quarto.
- O que fazes ai? – Perguntou ela em
protesto.
- Esperava por ti. – Respondeu ele
com um semblante calmo.
- Para que? – Sem entender.
- Queria te entregar isso. –
Entregando ela uma caixinha cravada de pedras que apesar de não serem preciosas
tinham um brilho inigualável.
- Que lindo! Mas por que me entregas
isso? – Caindo em si, mas ainda sim inocente.
- Para alegrar-te, você estava muito
triste ontem. –
- Não posso aceitar. O que irão pensar
de mim? – Perguntou ela.
- É só um presente inocente. –
- Tudo bem. Esconderei, pois é muito
belo, mas não fale a ninguém. -
Falou-lhe docilmente.
- Claro. – Respondeu ele já
sorrindo.
Os seus dentes eram muito brancos e
certos, e claro que naquele tempo que estava ali havia arrumado uma maneira de
manter a higiene bucal. Não havia perdido as aulas de ciências, em que o
professor falava da erva de savia que serve para limpar e clarear os dentes.
Procurou pelos arredores e até que encontrou uma rama. Pierre e Lucas claro que
também estavam usando de seus conhecimentos para ultrapassar barreiras e
limites que aquela época empunha aos seres.
Suzi estava tão contente com o
presente, aquilo era tão romântico. Ah se Danilo fosse ao menos o seu enamorado
noivo, ela sabia que não podia ficar pensando naquilo, mas no que pensar quando
não se tem alguém para pensar? Suzi olhava dentro dos olhos negros de Danilo, e
Danilo a observava por inteiro, era inevitável para ele.
- Ontem você me dizia qual a virtude
mais importante em mulher. – Falou ela.
- Era besteira, esqueça. – Falou
ele.
- Que tipo de besteira me falaria? –
Perguntou ela assustada.
- Calma, não é tão grave assim. –
Exclamou ele.
- Então o que era? – Com a
curiosidade aguçada.
- Diria eu que uma virtude em uma
mulher é ter um beijo doce e inesquecível. –
- Mas isso só poderão saber
casando-me. – Respondeu ela sem entender.
- Então, por isso que disse que era
besteira. – Desanimado com o rumo da conversa.
- Já encontrou uma mulher virtuosa?
– Perguntou ela instigada por alguma coisa.
- Não, ou então casado estaria. -
Respondeu no seu tom marrento.
Suzi soltou um suspiro, deu uma ultima
olhada em Danilo e fechou a janela de seu quarto. Ela o irritava profundamente.
Suzi queria muito saber sobre Danilo, de onde veio, porque veio, quais eram
suas origens. Estava olhando seu lindo porta jóias quando sua irmã Jesebel
entrou no quarto.
- O que é isso hein? – Perguntou ela
num tom arrogante.
- Não é nada. –
- Vou falar para nosso pai que tu
andas a aceitares oferendas. – Insinuando.
- Não é uma oferenda. -
- Então como conseguistes isso?
Roubaste? – Falando num tom seco.
- Não. – Sem saída.
- Então é mesmo uma oferenda. –
Afirmou ela com um sorriso malicioso.
- Não, fui eu que fiz. – Respondeu ela.
- Fez como? Você não sabe fazer
nenhum artigo de madeira. – Falou ela com grosseiria. – Fale a verdade ou
chamarei nosso pai agora. –
- Eu ganhei, mas eu não fiz nada. – Se
defendendo.
- Como não? Apenas aceitando a
oferenda já fez algo bem sério. Por isso que ninguém quer casar-te. Porque é
uma oferecida. –
- Não sou. – Chorando.
- É e nunca vai ter um marido. E
agora me dá isso aqui e seja-me muito grata por não entregar seu mal feito ao
nosso pai. – Saindo e levando consigo a caixinha.
Suzi ficou aos prantos, aquele
presente já lhe era tão importante. Era um sinal tão claro de afeto. Apesar de
Jesebel já ter um noivo, ela tinha muita inveja da irmã. Suzi era linda e pura
e Jesebel nem de longe possuía as virtudes da irmã. Desde sempre adorava
atormentar a vida da irmã mais velha deixando-a sempre arrasada, mas dessa vez
ela havia ido bem mais longe. Danilo estava do lado de fora em sua rede,
esperando para jantar. A família de Suzi cedia as refeições ao rapaz que
trabalhava com tanto gosto e dedicação. Respeitava suas filhas e havia já
gerado um pouco de lucro que antes quase nunca Humberto conseguia. Danilo
também contava com a vitalidade da juventude que a muito o velho homem não
tinha mais. Danilo não tirava Suzi do pensamento e isso o estava deixando
intrigado, porque por mais que estivesse feliz e em paz, ele teria de voltar
alguma hora.
As moedas e pedras com valor eram
muito escassas àquela época, então a maioria do lucro dava-se em trocas de
mercadorias por outras de outra espécie. O comércio era muito fraco tendo pouca
variedade de artigos. E as obras eram quase todas artesanais, e por isso eram
muito simples e demoradas.
Pierre desejava mais que tudo saber
quem iria casar-se com Camila. Sentia falta dos amigos e de ter com quem
conversar, via muitas pessoas, mas não tinha ninguém com quem falar e aquilo
estava se tornando um problema. Sendo muito extrovertido gostava de se divertir
em meio a conversas. Na casa de Camila, Bianca a chamava para uma conversa.
- Minha irmã o que vamos fazer?
Nosso pai deu falta da única pedra que tínhamos em casa. – Afirmou a menina.
- Então aquele homem era mesmo um
ladrão? – Perguntou Camila já com certeza.
- Sim, ela estava guardada
justamente no aposento em que ele se encontrava. –
- Como será que ele sabia exatamente
onde estava a pedra? – Perguntou ela.
- Não sei. – Achando estranho.
- Ele não se demorou aqui na nossa
casa, ele deve ter recebido dicas de alguém. Mas quem? – Começando a vir algo à
sua cabeça, mas que ela não queria de forma alguma.
- Nem imagino, porém temos que falar
ao nosso pai. Esse bandido não pode ficar a solta com risco de voltar e fazer
algo pior. Temos de descrevê-lo, ele pode ser o feiticeiro. – Com medo.
- Claro. – Afirmou ela com medo de
que seu cúmplice fosse Pierre.
As duas se dirigiram juntas aonde se
encontravam seus pais, elas estavam meio rígidas e geladas, principalmente
Camila.
- Pai nós vimos o homem que entrou
aqui em casa. – Afirmou Bianca.
- E por que não disseram? – Bravo.
- Tivemos medo, e não tínhamos
certeza de quem era e nem do que fazia. – Falou Camila.
As duas descreveram o homem que
tinha a mesma estatura que seu irmão Claus, por isso a inicio pensaram ser-lo. O
pai de Camila foi logo passar a descrição ao Conde Trevanni que informaria o
delegado de Carcassone sobre o meliante. Camila olhou na direção de Pierre, e
não pode crer que ele tinha algo a ver com aquilo, ele passava um ar tão doce e
alegre. Ele não seria capaz de fazer isso, e foi com essa certeza que conseguiu
dormir.
O único plano de Luiza ao ver Lucas
se dirigir para seus aposentos foi fingir que estava mal para receber a visita
do médico, tinha que vê-lo. Queria ter certeza que ele atendia suas
expectativas. Dirigiu-se ao rei, seu pai.
- Pai, não me sinto muito bem. –
Informou-lhe fingindo muito bem.
- O que sente? – Preocupado.
- Um mal estar. - Respondeu ela
fazendo cara de sofrimento.
- Isso não é nada que precise de um
médico. É coisa comum nas mulheres você sabe. -
- Mas pai não é normal. –
- Claro que é, peça a Rosa que
prepare um banho com pétalas para você. –
Rosa era sua ama particular, os
filhos do rei tinham todos esses luxos. Luiza saiu muito brava com a falha em
seu plano que resolveu tomar mesmo o banho para relaxar. Lucas se levantou para
buscar um pouco de água quando avistou uma sombra no cômodo que resguardava a
enorme tina. Havia alguém a banhar-se. Com a saída de Rosa para buscar um pouco
mais de água quente, Lucas teve certeza de que se tratava de Luiza. Rosa só
andava com Luiza, era sua camareira, ama, conselheira, lhe pertencia. Com a
saída de Rosa, Lucas não se conteve e entrou naquele cômodo, nada pode enxergar
além das sensuais pernas que ela tinha, seu toque era parecido com pêssego só
de olhar. Luiza olhou para seus olhos
acinzentados, ele era exatamente como ela queria, ele era lindo. Ela era o
desenho da perfeição, seu aroma de lavanda exalava no ar. Lucas se retirou
antes que Rosa voltasse e seu destino virasse ser comida de jacaré.
Lucas respirava fundo e minuto
depois viu Rosa entrar trazendo mais pétalas para o banho. Luiza se decepcionou
ao ver que se tratava de Rosa e não de Lucas.
- Que cara é essa alteza?- Perguntou
a serviçal.
- Nada. – Falou com rispidez.
Luiza costumava ser doce e calma,
porém odiava ser contrariada. Era decidida e aventureira, não se prendia a
regras e limites e sonhava muito com um amor, porém sua concepção sobre o amor
era um tanto quanto moderna para a época.
Não estava apaixonada por Lucas apenas atraída e essa atração poderia
levá-la a se aventurar, sentir um pouco de êxtase. Estava cansada de ser uma
prisioneira do castelo, nem ao menos trabalhar como as camponesas podia, tinha
que ficar dentro de seu reino aprendendo a ser mais formosa e virtuosa. E
casada somente passaria a ser um boneco de seu marido e não mais de seu pai.
Odiava ser princesa, achava que a liberdade era mais inalcançável nessas
condições. Achava seu primo com quem iria esposar-se muito abobalhado, desejava
para si alguém que transbordasse masculinidade e calor, e Lucas lhe passava
essa impressão. Nada sabia sobre ele, mas iria conquistá-lo. Esse era o seu
jogo de sedução e perigo, e o gosto apimentado que o perigo trazia somente lhe
causava mais expectativa. Ela era a perfeita descrição para uma menina veneno,
uma menina de fogo que com seu rostinho de ninfa transbordava um intenso
mistério de uma mulher.
Lucas estava respirando fundo, ela
era perfeita aos seus olhos, mas tinha que se manter o mais longe
possível. Ela era a princesa e assim
sendo a filha do rei. Ainda suspirando e intercalando em calafrios ele foi para
seus aposentos. Fugiria dela o quanto fosse possível mesmo querendo se
aproximar. Cometido um grande erro havia, ao ter entrado naquele cômodo e
observado a bela princesa banhar-se naquela dança de sensualidade e delicadeza.
Ela poderia muito bem contar o ocorrido a seu pai e ai sim Lucas poderia dizer
que era seu fim. O que de fato já não deixava de ser uma possibilidade.
Luiza saiu do banho e logo colocou
Rosa contra a parede. Se ela lhe pertencia, tinha que ser sua aliada também.
- Rosa em que aposento reside o
jovem médico? – Perguntou ela direta.
- Por que questionas alteza?-
- Quero saber Rosa, me responda, me
deves o que peço. – Não gostava de ser grossa, porém tinha que fazê-lo.
- Seu pai não vai gostar nada dessa
conversa. - Afirmou temendo a
criada.
- Ele não deverá saber, a menos que
abra sua boca. E assim sendo merecerás sua punição. Usando de ameaça.
- Para que a alteza quer saber?
Sente-se mal? – Perguntou ela.
- Sim, mas o que de fato não lhe diz
respeito. – Respondeu ela. – Ande agora me diga. –
A criada lhe informou onde era o
aposento. Luiza logo em seguido pediu para que Rosa a esperasse em seu quarto
àquela altura seu pai nem sua mãe lhe perturbariam. A criada não pode entender,
mas acatou a ordem sumindo por aquelas grandes escadas que olhadas de longe
tinham um aspecto gótico e quase que tanto sinistro. Luiza tocou a porta, teria
de ser rápida não poderia ser vista por ninguém ali. Lucas que estava se
trocando para dormir se assustou com o toque. Já seriam os homens do castelo
para lhe abrirem o alçapão e lhe jogar diretamente aos crocodilos? Vestiu-se e
temendo a abriu a porta. Não acreditou no que via a bela princesa trajando uma
túnica de dormir num vermelho sangue.
- Perdão alteza eu não quis... –
Lucas foi interrompido por Luiza que
se jogou em seus braços beijando-o com tanta intensidade que lhe fez perder
quase todo o ar. Ela era quente e seu aroma o entorpecia, porém ele tinha que
resistir. Lucas a empurrou.
- O que fazes?- Perguntou ele
ofegante.
- Eu lhe desejo. – Falou ela com um
olhar quente e intenso que não de desviava um minuto de sua direção.
- Eu não tive a intenção de vê-la
banhar-se. E juro que não falarei um só murmúrio do assunto, então não precisa
tentar acabar comigo. Eu não quero desonrá-la. – Tentando se defender.
- Deixa de ser tolo. Isto não é uma
armadilha para vos entregar ao meu pai. – Respondeu ela.
- Não? – Quase acreditando naquela
figura perfeita e fogosa que estava a sua frente.
- Claro que não, eu vos desejo de
verdade. A principio achei que tu fosses um bárbaro que queria destruir toda a
Carcassone... – Se aproximando.
- Não. – Afirmou ele se afastando.
Lucas não queria resistir, estava
totalmente encantado por sua beleza e formosura, porém por mais que sua
intenção não fosse lhe armar uma cilada, ele não poderia tomar assim da
princesa. Seus olhos percorriam desde sua face até o seu corpo perfeito.
- Quero ser sua toda sua. Faça-me
sua. – Olhando para ele com um olhar muito quente e penetrante.
- Não. – Empurrando – a para fora do
quarto.
Tudo em Luiza causava em Lucas uma
manifestação profunda de seus sentidos. Sua voz era tão meiga e sedutora, seu
aroma era tão doce e entorpecente, sua pele tão macia e cheirosa, seus cabelos
tão brilhantes e macios, seu olhar era tão profundo e encantador e seu sorriso
era capaz de matar. Ele sabia que havia se metido em uma confusão sem fim. Luiza
decepcionada com a atitude do rapaz, mas não desistiria tão fácil. Iriam
aventurar-se juntos disso ela tinha certeza. Estava completamente atraída por
ele e sentia que tinha que ser dele e aquilo não estava normal. Era um
sentimento avassalador, porém desconhecido de ambas as partes. Luiza foi tentar
repousar e Danilo estava uma pilha, por mais cansaço que tivesse não dormiria
com aquela situação a mais.
Poucas coisas faziam despertar a
lembrança de que teriam que voltar. A conformação trazia fatores até bons,
estavam felizes descobrindo toda a verdade da vivência medieval. As barreiras
eram muitas, porém a cada dia estavam aprendendo a lidar cada vez melhor com todos
os fatores que não existiam mais em sua verdadeira era. E se questionassem a si
mesmos se tudo que mais queriam era voltar para casa, eles sinceramente não iam
saber a resposta certa. A situação era estranha para quem à pouco se via ali e
totalmente desesperados.
Autor(a): marquesthays
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Só estarei postando nessa web no fim da semana. Beijos.
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