Fanfic: Reescrita criativa do conto “Felicidade Clandestina” (1987), de Clarice Lispector. | Tema: Um amor clandestino
Eu sempre gostei de ler, desde pequena fui uma leitora bastante ativa, gostava de viajar no mundo imaginário das páginas de um livro, onde até o cheiro me atraía. Logo na segunda quadra, perto de casa, ao lado do seu Gusmão, um senhor que vivia sentado na frente em uma cadeira de balanço, havia uma pequena biblioteca, era da mãe de uma amiga minha, ou parecia ser amiga.
Aquele lugar estava sempre cheio e aos finais de semana serviam café em xícaras que pareciam bem chiques. Eu adorava passar por lá e me imaginar sentada, bebendo um café e degustando de um belo livro, onde tivessem personagens reais contando suas encantadoras histórias secretas.
Todo dia passava por lá e observava que a menina, apesar da riqueza que tinha em sua volta, estava sempre com um celular na mão, como se não fizesse parte daquele mundo, logo ela filha de donos de livraria. Eu não era corajosa a ponto de chegar e me sentir importante ao pedir um livro para ler, mas naquele dia perguntei a ela se podia me emprestar um livro, um específico. Para minha surpresa ela disse que não estava disponível.
Após o episódio da coragem que tomou conta de mim, me senti preparada para lutar com unhas e dentes até conseguir o livro que tanto queria. Passando alguns dias voltei à livraria e mais uma vez pedi, com um sorriso no rosto esperando a boa vontade da minha amiga em me trazer o livro, por mais uma vez fui negada de desfrutar do tão sonhado espetáculo de letras.
Eu, na minha angustia da espera, notei que a menina, filha de donos de livraria, que tinha o mundo em suas mãos, estava com segundas intenções quanto a me deixar pegar um livro. Comecei a sentir que ela com total maldade em suas intenções, havia me escolhido como alvo de sofrimento.
Até que um dia, numa tarde ensolarada, eu esperava ansiosamente, em frente de casa, o sol se pôr para ir mais uma vez insistir em encontrar meu livro, quando de repente apareceu aquela mulher, mãe da tal amiga da livraria e ela carregava o “meu” livro. Quase não acreditei quando a vi, veio em minha direção e me entregou aquela preciosidade tão esperada, me dizendo que não tinha pressa de devolver, pois tinha notado a maldade da sua filha.
Então, na minha plena alegria, caminhei, com passos bem lentos e a cabeça bem erguida e cheguei em frente a menina com um sorriso no rosto. Ela prontamente me, com o mesmo sorriso que o livro ainda estava locado. Não respondi. Só mantive meu sorriso irônico e realização pessoal. Que pena, para ela!
Toda aquela felicidade clandestina era só minha, pois eu tinha o que eu mais esperava, o livro e uma xícara de café, assim como um amor platônico.
Autor(a): marinho
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