Fanfics Brasil - ELA SÓ QUERIA UMA AMIGA FELICIDADE CLANDESTINA - AUTORA: CLARICE LISPECTOR

Fanfic: FELICIDADE CLANDESTINA - AUTORA: CLARICE LISPECTOR | Tema: ELA SÓ QUERIA UMA AMIGA


Capítulo: ELA SÓ QUERIA UMA AMIGA

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Muito longe daqui, havia uma menina chamada Arlinda, Arlinda tinha o apelido de “Linda”, porém era uma menina triste e solitária. As pessoas colocavam apelidos horrorosos, a chamava de gorda, feia, sardenta, espinhenta, apelidava o seu cabelo por ser crespos e ruivos.


Quem olhava o seu rosto percebia uma tristeza imensa que ela escondia atrás dos milhares de livros que lia ao longo dos dias.


O seu pai era o dono da livraria central da cidade, então para ela ficava fácil mergulhar em livros de todos os gêneros, tais como: romance, ficção, aventuras, literatura clássica e medieval, entre outros. Sempre presenteava as pessoas que passava pela livraria com cartões postais referentes às leituras relidas nos livros, mostrando paisagens e imagens de datas comemorativas.


Devido “Linda” ser triste e não ter amigos, ela se tornou uma menina amargurada, era cruel, por trás de sua tristeza desejava coisas terríveis as garotas da sua idade, às vezes ao ir a livraria pegar um livro emprestado notava a sua cara de deboche, um deboche devido não ter a mesma classe social que ela, ou não ter um pai dono de livraria.


Os dias se passavam e a menina triste e solitária continuava a atormentar-me, certo dia precisava lê um livro do saudoso autor Monteiro Lobato e “Linda”  disse-me que emprestaria, porém, precisaria buscar em sua casa; até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.


No dia seguinte fui à sua casa, correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa enorme. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.


Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.


Foram dias e mais dias indo até a sua casa e obtendo a mesma resposta: “o livro ainda não esta comigo”, retornava para casa com o coração acelerado, com a angústia de não pegar o tão sonhado livro para lê. Já estava sem esperança para lê esse livro, o seu olhar deixava claro que não ia emprestar que só estava me enrolando dias após dias.


As pessoas da casa de “Linda” já estranhava ir até lá todos os dias e não entrar para conversar na sala, sendo que ela nunca abria a porta toda. Porém um dia a sua mãe “dona Bela” abriu a porta e perguntou o que queria na sua residência, antes que eu pudesse falar, a menina amargurada surgiu na porta e inventou lhe uma desculpa esfarrapada dizendo que queria usar o sinal de internet da sua casa, logo a sua mãe entrou e rapidamente fui embora sem nenhuma resposta.


No dia seguinte, resolvi fazer diferente ao invés de ir a sua casa procurar o livro fui até a livraria do seu pai, lá estava ela dentro de uma salinha nos fundos e antes de perguntar do livro para o seu pai, ela veio e falou para esperar ela no final da rua que lá ela entregaria o livro para que eu pudesse lê a vontade. Depois de meses esperando esse livro, já não acreditava em suas palavras.


Naquele dia, não fui ao seu encontro, não a esperei no final da rua, já não tinha mais esperança em ter em mãos o bendito livro. Ao chegar em casa fui para o quarto confesso que chorei, afinal estava passando por aquela situação por causa de um livro, um livro que poderia baixar na internet ou procurar em outra biblioteca para lê, porém havia deixado levar-me pela conversa da “Linda”.


Já havia desistido daquele livro, passaram-se duas semanas, mudei de rua para não poder passar em frente da livraria e não ter que ver aquela menina amargurada, até que em uma tarde de domingo, tocava ansiosamente a campainha de casa, para a minha surpresa era a “Linda”, com um embrulho dentro de uma sacola, sem falar nada ela entregou a sacola e imediatamente caiu se em prantos, não entendia o que estava acontecendo, logo, ela acalmou se e pediu desculpas por ter enrolado tanto para emprestar o livro, disse que o livro esteve com ela todo o tempo, porém ela queria apenas chamar a minha atenção e ter uma amiga.


Depois daquele dia, começamos uma amizade longa e sincera, tive a chance de ler e reler o livro de Monteiro Lobato.


Cheguei a seguinte conclusão: que às vezes não percebemos as situações que acontecem ao nosso redor, situações que podem mudar vidas e destinos.


 


 


 


 


 


 


Muito longe daqui, havia uma menina chamada Arlinda, Arlinda tinha o apelido de “Linda”, porém era uma menina triste e solitária. As pessoas colocavam apelidos horrorosos, a chamava de gorda, feia, sardenta, espinhenta, apelidava o seu cabelo por ser crespos e ruivos.


Quem olhava o seu rosto percebia uma tristeza imensa que ela escondia atrás dos milhares de livros que lia ao longo dos dias.


O seu pai era o dono da livraria central da cidade, então para ela ficava fácil mergulhar em livros de todos os gêneros, tais como: romance, ficção, aventuras, literatura clássica e medieval, entre outros. Sempre presenteava as pessoas que passava pela livraria com cartões postais referentes às leituras relidas nos livros, mostrando paisagens e imagens de datas comemorativas.


Devido “Linda” ser triste e não ter amigos, ela se tornou uma menina amargurada, era cruel, por trás de sua tristeza desejava coisas terríveis as garotas da sua idade, às vezes ao ir a livraria pegar um livro emprestado notava a sua cara de deboche, um deboche devido não ter a mesma classe social que ela, ou não ter um pai dono de livraria.


Os dias se passavam e a menina triste e solitária continuava a atormentar-me, certo dia precisava lê um livro do saudoso autor Monteiro Lobato e “Linda”  disse-me que emprestaria, porém, precisaria buscar em sua casa; até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.


No dia seguinte fui à sua casa, correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa enorme. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.


Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.


Foram dias e mais dias indo até a sua casa e obtendo a mesma resposta: “o livro ainda não esta comigo”, retornava para casa com o coração acelerado, com a angústia de não pegar o tão sonhado livro para lê. Já estava sem esperança para lê esse livro, o seu olhar deixava claro que não ia emprestar que só estava me enrolando dias após dias.


As pessoas da casa de “Linda” já estranhava ir até lá todos os dias e não entrar para conversar na sala, sendo que ela nunca abria a porta toda. Porém um dia a sua mãe “dona Bela” abriu a porta e perguntou o que queria na sua residência, antes que eu pudesse falar, a menina amargurada surgiu na porta e inventou lhe uma desculpa esfarrapada dizendo que queria usar o sinal de internet da sua casa, logo a sua mãe entrou e rapidamente fui embora sem nenhuma resposta.


No dia seguinte, resolvi fazer diferente ao invés de ir a sua casa procurar o livro fui até a livraria do seu pai, lá estava ela dentro de uma salinha nos fundos e antes de perguntar do livro para o seu pai, ela veio e falou para esperar ela no final da rua que lá ela entregaria o livro para que eu pudesse lê a vontade. Depois de meses esperando esse livro, já não acreditava em suas palavras.


Naquele dia, não fui ao seu encontro, não a esperei no final da rua, já não tinha mais esperança em ter em mãos o bendito livro. Ao chegar em casa fui para o quarto confesso que chorei, afinal estava passando por aquela situação por causa de um livro, um livro que poderia baixar na internet ou procurar em outra biblioteca para lê, porém havia deixado levar-me pela conversa da “Linda”.


Já havia desistido daquele livro, passaram-se duas semanas, mudei de rua para não poder passar em frente da livraria e não ter que ver aquela menina amargurada, até que em uma tarde de domingo, tocava ansiosamente a campainha de casa, para a minha surpresa era a “Linda”, com um embrulho dentro de uma sacola, sem falar nada ela entregou a sacola e imediatamente caiu se em prantos, não entendia o que estava acontecendo, logo, ela acalmou se e pediu desculpas por ter enrolado tanto para emprestar o livro, disse que o livro esteve com ela todo o tempo, porém ela queria apenas chamar a minha atenção e ter uma amiga.


Depois daquele dia, começamos uma amizade longa e sincera, tive a chance de ler e reler o livro de Monteiro Lobato.


Cheguei a seguinte conclusão: que às vezes não percebemos as situações que acontecem ao nosso redor, situações que podem mudar vidas e destinos.


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): elizete_alves_dos_santos_

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