Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Tudo estava claro e calmo novamente na casa da Ale. Seus pais ainda não estavam em casa, mas Laura tinha acabado de fazer pipoca de micro-ondas, e toda a casa estava impregnada com aquele cheirinho característico. Para Ale, pipoca de micro-ondas tinha um cheiro muito melhor do que o gosto, e, apesar de sua falta de apetite, o estômago roncou. Ela pensou, Beau jamais sentirá cheiro de pipoca de micro-ondas de novo.

Nem Angel.

Ela olhou para o jardim da janela do seu quarto. Há algumas horas, Beau estivera parado ali, implorando para Ale não contar para os policiais. E pensar que o que ele queria dizer era: Por favor, não conte a eles o que eu fiz com a Megan.

Ale pensou em Angel de novo. Como Angel havia mentido para elas sobre tudo.

O mais engraçado e triste de tudo isso era que Ale tinha certeza de ter começado a amar Angel na noite do acidente de Megan, depois que as ambulâncias foram embora e Angel voltou para dentro de casa. Angel estava tão calma e protetora, tão segura e maravilhosa. Ale estava desesperada, mas Angel estava lá para fazê-la se sentir melhor.

– Está tudo bem. – Sussurrara Angel para ela, coçando suas costas, seus dedos fazendo grandes e vagarosos círculos. – Eu juro. Tudo vai ficar bem. Você tem que acreditar em mim.

– Mas como pode estar tudo bem? – Ale soluçou. – Como você sabe?

– Porque eu sei.

Então, Angel pegou Ale e a deitou no sofá, arrumando a cabeça dela em seu colo. As mãos de Angel começaram calmamente a fazer cafuné. Pareceu imensamente bom. Tão bom que Ale se esqueceu de onde estava, ou do quão assustada se sentia. Em vez disso, ela estava... Nas nuvens.

Os movimentos da Angel ficaram cada vez mais lentos, e Ale caiu no sono. Ale nunca esqueceria do que aconteceu depois. Angel se curvou e beijou a bochecha de Ale. Ale ficou estática, apesar de ter acordado com o gesto. Angel fez de novo. Estava tão gostoso. Ela voltou a se sentar e começou a fazer cafuné em Ale de novo. O coração de Ale bateu loucamente.

A parte racional do cérebro de Ale afastou essa lembrança de sua mente, achando que Angel tinha feito isso para consolá-la. Mas sua parte emocional deixara o sentimento florescer como as pequenas cápsulas que seus pais colocavam em suas meias natalinas que aumentavam lentamente, fazendo a espuma tomar forma quando mergulhada em água quente. Foi como o amor de Ale por Angel, que tomou conta de tudo e que, sem aquela noite, talvez nunca tivesse acontecido.

Ale sentou-se na cama olhando distraidamente pela janela. Ela se sentia vazia, como se alguém tivesse tirado tudo de dentro dela, como quem limpa uma abóbora de Halloween.

O quarto estava muito quieto, o único som era o das pás do ventilador de teto girando. Ale abriu a gaveta superior de sua mesinha de cabeceira e achou um par de tesouras velhas para canhoto. Ela posicionou as lâminas entre os fios da pulseira que Angel fizera para ela havia tantos anos e, com um rápido movimento, cortou-os. Ela não queria muito jogar a pulseira fora, mas também não queria deixá-la no chão, onde pudesse vê-la. No final, empurrou-a bem para debaixo da cama com a beirada do pé.

– Angel. – Suspirou ela. As lágrimas rolavam pelo seu rosto. – Por quê?

Um barulho do outro lado da sala a assustou. Ale tinha pendurado a bolsa rosa que Megan trouxera de volta na maçaneta da porta do seu quarto. Ela podia ver seu telefone piscando, através do tecido fino. Lentamente, levantou-se e pegou a bolsa. Na hora em que conseguiu pegar o telefone lá dentro, já tinha parado de tocar.

Estava escrito no pequeno Nokia: NOVA MENSAGEM DE TEXTO. Ale sentiu o coração acelerar.

Pobrezinha da Ale, tão confusa. Eu aposto que você precisaria de um longo e caloroso abraço de menina agora, hein? Não fique muito à vontade. Não está tudo acabado até que eu diga que está. — A