Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Segunda-feira de manhã, no treino de hóquei, Maite correu à frente das colegas de time na volta de aquecimento ao redor do campo. Era um dia inesperadamente quente e as meninas estavam um pouco mais lentas que o normal. Abigail Breslin forçou os braços para alcança–la.

– Eu soube do concurso Orquídea Dourada. – Disse Abigail, sem fôlego, arrumando o rabo de cavalo loiro. – É incrível.

– Obrigada. – Maite abaixou a cabeça. Era impressionante como as notícias se espalhavam em Rosewood Day. Sua mãe havia lhe contado apenas seis horas antes, desde então, pelo menos dez pessoas tinham vindo falar com ela a respeito.

– Ouvi dizer que o John Mayer ganhou um Orquídea Dourada quando estava no ensino médio. – Continuou Abigail. – Foi tipo... Com algum trabalho de teoria de música avançada.

– Ahhh. – Maite tinha certeza de que John Mayer não ganhara o prêmio. Ela conhecia todos os ganhadores dos últimos 15 anos.

– Aposto que você vai ganhar. – Disse Abigail. – E, então, você vai estar na TV! Posso ir com você à sua estreia no programa Today?

Maite deu de ombros.

– É uma competição muito acirrada.

– Fala sério! – Abigail deu uma tapinha no ombro dela. – Você é sempre tão modesta.

Maite rangeu os dentes. Mesmo ela tentando minimizar o lance do Orquídea Dourada, a reação de todo mundo foi a mesma: Você vai ganhar, com certeza. Prepare-se para sua foto! E isso a estava deixando louca. Ela tinha arrumado e rearrumado de um jeito tão obsessivo o dinheiro na sua carteira naquele dia, que uma nota de vinte dólares tinha rasgado bem no meio.

O treinador McCready tocou o apito e gritou:

– Vamos trabalhar a corrida lateral!

O time todo se virou e começou a correr de lado. Elas pareciam competidoras de adestramento hípico do Devon Horse Show.

– Você soube do Perseguidor de Rosewood? – Perguntou Abigail, um pouco ofegante. Correr de lado era mais difícil do que parecia. – Estava em todos os noticiários ontem à noite.

– Sim. – Resmungou Maite.

– Ele está no seu bairro. Andando pelos bosques.

Maite desviou de um suporte no chão.

– Provavelmente é apenas um idiota. – Retrucou ela, ofegante. Mas Maite não conseguia parar de pensar em A. Quantas vezes A já não tinha mandado mensagens de texto para ela sobre coisas que ninguém poderia ter visto? Ela olhou para as árvores, quase certa de que veria a sombra de alguém. Mas não havia nada ali.

Elas voltaram a correr normalmente, passando pelo lago dos patos de Rosewood Day, pelo jardim com esculturas e pelas plantações de milho. Quando seguiam em direção às arquibancadas, Abigail deu uma olhada e apontou na direção dos bancos de metal mais baixos, onde estava o equipamento de hóquei das meninas.

– Aquela é a sua irmã?

Maite se encolheu. Mila estava parada perto de Dylan O’Brien, o novo assistente do treinador. Era o mesmo Dylan O’Brien que Mila havia namorado quando Maite estava no sétimo ano, e o mesmo Dylan O’Brien que tinha beijado Maite na entrada da garagem, anos atrás.

Elas completaram a curva e Maite parou em frente a Mila e Dylan. Sua irmã tinha se trocado e estava usando quase a mesma roupa que sua mãe vestia mais cedo: Jeans apertados, camiseta branca, e um relógio caro da Dior. Ela até estava usando Chanel Nº 5, como a mamãe. Que ótimo clonezinho, pensou Maite.

– O que você está fazendo aqui? – Inquiriu ela, sem fôlego.

Mila apoiou um dos cotovelos em um dos coolers de Gatorade que estavam no banco. Sua pulseira antiga de pingente tilintava contra o pulso.

– Por que uma irmã mais velha não pode assistir à caçula jogar? – Mas então seu sorriso fingido esmaeceu, e ela passou um dos braços na cintura de Dylan. – Ajuda também o fato de meu namorado ser o técnico.

Maite torceu o nariz. Ela sempre suspeitara de que Mila não esquecera Dylan. Eles tinham terminado logo após a formatura. Dylan estava lindo, como sempre, com seu cabelo ondulado, corpo lindamente proporcional e um sorriso preguiçoso e arrogante.

– Bem, bom pra você. – Respondeu Maite, querendo cair fora da conversa. Quanto menos ela falasse com Mila, melhor, no mínimo até o lance do Orquídea Dourada acabar. Se pelo menos os juízes andassem logo e eliminassem o trabalho plagiado de Maite da competição...

Ela pegou sua maleta com o equipamento, puxou os protetores de canela, e amarrou um em torno da canela esquerda. Depois amarrou o outro em volta da direita. Então, desamarrou ambos, amarrando-os de novo, mais apertado. Subiu as meias e depois as abaixou de novo. Repetiu, repetiu, repetiu.

– O TOC de alguém está feroz hoje. – Provocou Mila. Ela se virou para Dylan. – Ah, você sabe da grande novidade da Maite? Ela ganhou o Orquídea Dourada. O Philadelphia Sentinel vem entrevistá–la esta semana.

– Eu não ganhei. – Grunhiu Maite, rapidamente. – Fui apenas indicada.

– Oh, tenho certeza de que você vai ganhar. – Mila deu um sorriso afetado que Maite não conseguiu interpretar. Quando a irmã piscou para ela, Maite sentiu uma onda de terror. Ela sabia?

Dylan assobiou.

– Um Orquídea Dourada? Caramba! Vocês, irmãs Hasting, são inteligentes, bonitas e atléticas. Você deveria ver como a Maite arrebenta no hóquei, Mel. Ela joga no meio de campo.

Mila fez biquinho com os lábios brilhantes, pensando.

– Lembra quando o treinador me colocou jogando nessa posição porque a Zoe estava com mononucleose? – Ela falou quase miando com Dylan. – Eu marquei dois gols. Em um tempo.

Maite rangeu os dentes. Ela sabia que Mila não seria caridosa por muito tempo. Mila já conseguira transformar algo inocente em uma competição. Maite procurou em sua longa lista mental por um insulto falsamente gentil apropriado, mas aí decidiu deixar para lá. Não era hora de arranjar briga com Mila.

– Tenho certeza de que foi o máximo, Mil. – Concordou ela. – Aposto que você jogava muito melhor que eu.

A irmã ficou paralisada. O monstrinho que Maite tinha certeza de que vivia dentro da cabeça de Mila estava confuso. Claramente, ele não esperava que Maite dissesse uma gentileza.

Maite sorriu para a irmã e depois para Dylan. Ele ficou olhando por um momento e depois lhe lançou uma piscadela cúmplice.

O estômago de Maite revirou. Ela ainda se sentia esquisita quando Dylan olhava para ela. Mesmo três anos depois, Maite se lembrava de cada detalhe do beijo dele. Dylan estava usando uma camiseta Nike cinza, short verde-exército e tênis Merrills marrons. Ele cheirava a grama recém-cortada e a chiclete de canela. Em um segundo, Maite estava dando um beijinho de despedida na bochecha dele, apenas flertando, nada mais. No momento seguinte, ele a estava agarrando contra a lateral do carro dele. Maite tinha ficado tão surpresa que mantivera os olhos abertos.

Dylan apitou, tirando Maite de seus devaneios. Ela correu de volta para perto do time, e Dylan a seguiu.

– Certo, pessoal. – Dylan bateu palmas. O time o cercou, olhando para o seu rosto dourado. – Por favor, não me odeiem, mas hoje nós vamos fazer arrancadas, agachamentos e a corrida montanha acima. Ordens do treinador.

Todas, incluindo Maite, grunhiram.

– Eu falei pra vocês não me odiarem! – Gritou Dylan.

– Não podemos fazer outra coisa? – Reclamou Abigail.

– Pense em quantos traseiros você vai chutar no nosso jogo contra a Pritchard Prep. – Falou Dylan. – E olha só, se nós fizermos todos os agachamentos, vou levá-las ao Merlin depois do treino de amanhã.

O time de hóquei adorou. Merlin era famoso por seu sorvete de chocolate de baixa caloria, que era mais gostoso do que aqueles cheios de gordura.

Quando Maite se debruçou no banco para amarrar os protetores de canela, de novo, sentiu Dylan parado atrás dela. Quando o encarou, ele estava sorrindo.

– Para constar. – Disse Dylan em voz baixa, fazendo concha com as mãos em volta da boca para protegê-la das outras integrantes do time. – Você joga melhor que a sua irmã. Não há dúvida sobre isso.

– Obrigada. – Maite sorriu. Seu nariz coçou com o cheiro da grama cortada e o filtro solar Neutrogena de Dylan. Seu coração acelerou. – Isso é muito importante para mim.

– Eu fui sincero quanto às outras coisas também. – O canto esquerdo da boca de Dylan levantou-se em um meio sorriso.

Maite teve uma sensação de tontura, um tremor de emoção. Ele quis dizer o lance de ser inteligente e bonita? Ela olhou para o outro lado do campo, onde Mila estava parada. A irmã estava debruçada sobre seu BlackBerry, sem prestar a menor atenção.

Ótimo.