Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni
Cerca de meia hora depois, Dulce estacionou em sua casa dos anos cinquenta, estilo caixote. Apoiou o Treo entre o pescoço e o queixo, esperando a mensagem de voz de Ale acabar. Depois do sinal, ela disse.
– Ale, é a Dulce. Se você realmente quer contar ao Claflim, por favor, me ligue. A é capaz de... De mais do que você pensa.
Ela apertou DESLIGAR, sentindo-se ansiosa. Não conseguia imaginar qual segredo horrível de Ale que A poderia revelar se ela falasse com a polícia, mas Dulce sabia, por experiência própria, que A revelaria.
Suspirando, destrancou a porta da frente e seguiu escada acima, passando pelo quarto dos pais. A porta estava entreaberta. Lá dentro, a cama dos pais estava muito bem-arrumada, ou será que aquela passara a ser apenas a cama de Sandra? Sandra tinha arrumado a cama com a colcha de retalhos com estampa de batique cor de salmão, que ela amava e Robert odiava. Empilhara as almofadas no lado dela da cama. A cama parecia uma metáfora para divórcio.
Dulce largou os livros e caminhou meio sem rumo até a sala de televisão no andar de baixo, a ameaça de A dando voltas em sua cabeça como a centrífuga que eles tinham usado no laboratório de biologia. A ainda estava lá. E, de acordo com Claflim, o assassino da Angel também. A poderia ser o assassino de Angel, abrindo caminho pela vida de todas elas. E se Claflim estivesse certo? E se o assassino de Angel quisesse machucar mais alguém? E se o assassino não fosse apenas um inimigo de Angel, mas também de Dulce, Anahí, Ale, e Maite? Isso significaria que uma delas seria a... Próxima?
A sala estava escura, exceto pela TV piscando. Quando Dulce viu a mão de alguém sobre o braço da namoradeira de tweed, deu um pulo. Então, o conhecido rosto de Alfonso apareceu.
– Você chegou bem a tempo. – Alfonso apontou para a tela. – A seguir, um vídeo caseiro inédito de Angelique Boyer, filmado uma semana antes de ela ser assassinada – disse ele, fazendo sua melhor imitação de narrador de filme.
O estômago de Dulce se contraiu. Era o vídeo que tinha vazado, do qual Claflim falara. Anos atrás, Dulce tinha se dedicado à filmagem, documentando tudo que podia, de lesmas no quintal às suas melhores amigas. Os filmes geralmente eram curtos, e, frequentemente, tentava fazê-los de maneira artística e profunda, focando na narina de Anahí, no zíper do casaco de Angel, ou nos dedos tamborilantes de Maite. Quando Angel desapareceu, Dulce deu sua coleção de vídeos para a polícia. Os policiais os destrincharam, mas não conseguiram achar nenhuma pista sobre aonde Angel poderia ter ido. Ela ainda tinha os originais em seu laptop, embora não assistisse havia muito tempo.
Dulce afundou na namoradeira. Quando um comercial da Mercedes terminou e o noticiário recomeçou, Dulce e Alfonso se endireitaram em seus lugares.
– Ontem, uma fonte anônima nos enviou este vídeo de Angelique Boyer. – Anunciou o âncora. – Ele dá uma ideia do quão inocente era sua vida apenas alguns dias antes de ela ser assassinada. Vamos assistir.
O vídeo começou com uma tomada trêmula do sofá de couro da sala da Maite.
– E porque ela usa tamanho trinta e quatro. – Disse Anahí, sem aparecer na tela.
A câmera mudou para uma Maite bem mais jovem, que usava uma camiseta polo cor-de-rosa e uma calça legging que batia em suas canelas. O cabelo caía em cascata em volta dos ombros e ela usava uma coroa de strass brilhante sobre sua cabeça.
– Ela está um tesão com essa coroa. – Comentou Alfonso, entusiasmado, abrindo um pacote enorme de Doritos.
– Shhh. – Silvou Dulce.
Maite apontou para o telefone LG de Anel, no sofá.
– Querem ler as mensagens dela?
– Eu quero. – Sussurrou Anahí, abaixando-se e desaparecendo da tela. Então, a câmera virou para Ale, que parecia quase igual a como está hoje, o mesmo cabelo, a mesma camiseta grande demais, a mesma expressão animada-mas-preocupada. Dulce de repente lembrou-se daquela noite, antes de elas terem ligado a câmera, Angel havia recebido uma mensagem de texto e não contara a elas quem era o remetente. Todas tinham ficado incomodadas.
A câmera mostrou Maite segurando o telefone de Angel.
– Está bloqueado. – Havia uma tomada borrada da tela do telefone.
– Você sabe a senha dela? – Dulce ouviu sua própria voz perguntar.
– Putz! É você! – Disse Alfonso, animado.
– Tenta o aniversário dela. – Sugeriu Anahí.
A câmera mostrou as mãos gorduchas de Anahí se estendendo para pegar o telefone, que estava com Maite.
Alfonso franziu o nariz e virou-se para Dulce.
– É isso que as meninas fazem quando estão sozinhas? Eu achei que fosse guerra de travesseiro. Meninas de calcinha. Se beijando.
– Nós estávamos no sétimo ano. – Lembrou Dulce. – Isso é nojento.
– Não tem nada errado com meninas do sétimo ano de calcinha. – Resmungou Alfonso baixinho.
– O que vocês estão fazendo? – Perguntou a voz de Angel. Então, o rosto dela apareceu na tela, e os olhos de Dulce se encheram de lágrimas. Aquele rosto em formato de coração, aqueles olhos profundamente azuis, aquela boca larga, era assustador.
– Vocês estavam xeretando o meu telefone? – Questionou Angel, com as mãos nos quadris.
– Claro que não! – Gritou Anahí.
Maite se desequilibrou para trás, segurando a cabeça para manter a coroa no lugar.
Alfonso enfiou a mão cheia de Doritos na boca.
– Posso ser seu escravo do amor, princesa Maite? – Perguntou ele, em falsete.
– Eu não acho que ela sairia com pré-adolescentes, que ainda dormem com seus cobertorezinhos. – Devolveu Dulce.
– Ei! – Buzinou Alfonso. – Não é um cobertorzinho! É meu casaco de lacrosse da sorte!
– Isso é muito pior.
Angel apareceu na tela de novo, parecendo vivaz, vibrante e despreocupada. Como é que Angel poderia estar morta? Assassinada?
Então, a irmã mais velha de Maite, Mila, e o namorado Dylan passaram pela câmera.
– Ei, garotas. – Cumprimentou Dylan.
– Oi. – Respondeu Maite, alto demais.
Dulce sorriu para a TV. Ela tinha se esquecido de como todas ficavam derretidas pelo Dylan. Ele era uma das pessoas para quem elas passavam trote de vez em quando, e também Megan Mirchoff, antes de elas a machucarem, Christopher Uckermann porque era bonitinho, e Daniel Sharman porque Maite o achava irritante. Com Dylan, elas se revezavam fingindo ser garotas do disque sexo.
A câmera pegou Angel revirando os olhos para Maite. Depois, Maite fez careta pra Angel pelas costas. Típico, pensou Dulce. Na noite em que Angel desapareceu, Dulce não tinha sido hipnotizada, por isso ouviu a briga de Maite e Angel. Quando elas correram para fora do celeiro, Dulce esperou um ou dois minutos, depois as seguiu. Dulce chamou as duas pelo nome, mas não conseguiu alcançá-las. Ela voltou para dentro, imaginando se Angel e Maite simplesmente as tinham largado, encenando a coisa toda para poderem fugir para uma festa mais legal. Mas, finalmente, Maite voltou lá para dentro. Ela parecia tão perdida, como se estivesse em transe.
Na tela, Dylan se jogou no sofá, perto de Angel.
– E então, o que vocês, meninas, estão fazendo?
– Ah, nada de mais. – Dulce ajustou o foco da câmera. – Estamos fazendo um filme.
– Um filme? – Perguntou Dylan. – Posso participar?
– Claro. – Respondeu Maite, rápido. Ela se jogou no sofá do outro lado de Dylan. – É um talk show. Eu sou a entrevistadora. Você e Angel são meus convidados. Vou pegar você primeiro.
A câmera desfocou do sofá e se fixou no telefone fechado de Angel, que estava perto da mão dela no sofá. Focou cada vez mais perto até que o minúsculo LED do telefone tomasse a tela toda. Mesmo assim, Dulce ainda não havia descoberto quem mandara a mensagem para Angel naquela noite.
– Pergunte quem é o professor preferido dele em Rosewood. – Falou a voz mais jovem e ligeiramente mais aguda de Dulce, por trás da câmera.
Angel riu e olhou diretamente para a lente.
– Essa é uma boa pergunta para você, Dulce. Você deveria perguntar a ele se quer ter um encontro com alguma de suas professoras. Em um estacionamento vazio.
Dulce engasgou, e ouviu a si mesma mais nova engasgando na tela, também. Angel havia realmente dito aquilo? Na frente de todos eles?
E então o vídeo acabou.
Alfonso se virou para ela. Ele tinha pó laranja fluorescente de Doritos em volta da boca.
– O que ela quis dizer com essa parada de se enroscar com professores? Parecia que ela estava falando apenas com você.
Um ruído seco escapou da boca de Dulce. A contara a Sandra que sua própria filha sabia do caso de Robert durante todos esses anos, mas Alfonso ainda não sabia. Ele ficaria muito desapontado com ela.
Alfonso se levantou.
– Tanto faz.
Dulce sabia que ele estava tentando agir de forma casual e despreocupada, mas ele deu o fora da sala, batendo num porta-retratos com a foto autografada de Lou Reed, o ídolo do rock de Robert, e um dos poucos pertences do ex-marido em que Sandra não havia dado sumiço. Ela o ouviu subindo para o quarto e batendo a porta com força.
Dulce colocou a cabeça entre as mãos. Aquela era a milionésima vez em que desejava estar de volta a Reykjavík, escalando uma geleira, montando seu pônei islandês, Gilda, por uma área seca da erupção de um vulcão, ou até mesmo comendo gordura de baleia, que todos na Islândia pareciam adorar.
Ela desligou a TV, e a casa ficou assustadoramente silenciosa. Quando ouviu um tilintar na porta, deu um pulo. Na sala, viu sua mãe, carregando várias sacolas de compras de lona do mercado de produtos orgânicos de Rosewood.
Sandra viu Dulce e sorriu, cansada.
– Olá, querida.
Desde que expulsara Robert, Sandra parecia mais desleixada que o normal. Seu blazer de algodão estava mais largo que nunca, as calças de seda tinham uma mancha de tahini na coxa, e o seu longo cabelo castanho-escuro estava preso num ninho de rato no topo da cabeça.
– Deixe–me ajudar. – Dulce pegou um monte sacolas dos braços de Sandra. As duas andaram até a cozinha, ergueram as sacolas, as puseram na bancada do meio e começaram a desempacotar.
– Como foi o seu dia? – Murmurou Sandra.
Então, Dulce lembrou-se.
– Meu Deus, você nunca vai acreditar no que eu fiz. – Exclamou, sentindo como se fosse desmaiar. Sandra olhou para ela antes de guardar a manteiga de amendoim. – Eu fui até a Hollis. Porque eu estava procurando por... Você sabe. Ela. – Dulce não queria falar o nome de Margot. – Ela estava dando uma aula de arte, então, eu corri para a sala, peguei um pincel, e pintei um A no peito dela. Você sabe, como aquela mulher em A Letra Escarlate? Foi demais.
Sandra parou, segurando um pacote de macarrão de trigo integral no ar. Parecia nauseada.
– Ela não entendeu o que estava acontecendo. – Continuou Dulce. – E aí eu disse: Agora todos saberão o que você fez. – Ela sorriu e abriu os braços. Tchã-nam!
Os olhos de Sandra viravam de um lado para o outro, processando a informação.
– Você não se deu conta de que a Hester Prynne deveria ser uma personagem que desperta simpatia no leitor?
Dulce franziu a testa. Ela estava apenas na página oito.
– Eu fiz isso por você. – Explicou Dulce, baixinho. – Por vingança.
– Vingança? – A voz de Sandra balançou. – Obrigada. Isso me faz parecer muito sã. Como se eu estivesse lidando muito bem com isso. Já está difícil para mim como está. Você não percebe que a fez parecer... Uma mártir?
Dulce deu um passo em direção a Sandra. Ela não havia pensado nisso.
– Me desculpe...
Então, Sandra encostou-se ao balcão e começou a soluçar. Dulce ficou sem ação. Suas pernas pareciam argila saída do forno, duras e sem utilidade. Ela não podia conceber o que a mãe estava passando e tinha piorado ainda mais a situação.
Do lado de fora da cozinha, um beija-flor pousou na réplica de um pênis de baleia que Alfonso tinha comprado no museu falológico de Reykjavík. Em outras circunstâncias, Dulce teria apontado para ele, beija-flores eram raros ali, especialmente os que pousavam em pênis de baleia de mentira, mas não naquele dia.
– Eu não consigo nem olhar pra você agora. – Sandra finalmente gaguejou.
Dulce colocou a mão no peito, como se a mãe a tivesse espetado com uma de suas facas Wüsthof.
– Desculpe. Eu queria que Margot pagasse pelo que fez. – Como Sandra não respondeu, a sensação de secura ácida no estômago de Dulce cresceu ainda mais. – Talvez eu devesse sair daqui por enquanto, então, se você não consegue olhar para mim.
Ela parou, esperando Sandra se pronunciar e dizer: Não, não é isso que eu quero, mas a mãe ficou quieta.
– Sim, talvez seja uma boa ideia. – Concordou ela, baixinho.
– Ah. – Os ombros de Dulce afundaram e o queixo tremeu. – Então, eu... Eu não vou voltar para cá amanhã, depois da escola. – Ela não tinha ideia de para onde iria, mas isso não importava agora. Tudo que importava era fazer a única coisa que deixaria sua mãe feliz.
Autor(a): Dulce Coleções
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Na terça-feira à tarde, enquanto a maioria dos alunos do ensino médio de Rosewood Day estava almoçando, Maite sentou-se em cima da mesa de conferência que ficava na sala do livro do ano. Oito computadores Mac G5 piscavam, um bando de câmeras Nikon de lentes longas, seis calouras, e um calouro nerd e ligeiramente efeminado a cercavam. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 235
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ana_vondy03 Postado em 11/06/2022 - 09:03:10
Aí meu deeeeeeeus! Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/06/2022 - 17:16:51
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 12/07/2021 - 13:42:57
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 04/01/2022 - 16:45:16
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 30/06/2021 - 20:57:18
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 10/07/2021 - 22:57:31
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/06/2021 - 10:41:04
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 18/06/2021 - 13:11:01
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 25/05/2021 - 14:45:08
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 30/05/2021 - 17:58:36
Continuando amore
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Dulce Coleções Postado em 25/05/2021 - 14:41:52
jnnknjbjh
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eimanuh Postado em 21/04/2021 - 19:54:16
Chegueiiiiii
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:32:07
aeh!
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ana_vondy03 Postado em 16/04/2021 - 00:08:47
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:29:21
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 05/04/2021 - 23:47:19
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/04/2021 - 22:18:03
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/04/2021 - 23:26:43
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 05/04/2021 - 23:07:32
Continuando amore