Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

– Ei! Finlândia!

Na terça-feira, o primeiro dia de aula, Dulce andava depressa para sua primeira aula de inglês. Ela se virou para ver Christopher Uckermann com seu uniforme de Rosewood Day, suéter e gravata, correndo em sua direção.

– Oi. – Dulce o cumprimentou com a cabeça. E continuou andando.

– Você não ficou para o nosso treino aquele dia – disse Christopher, emparelhando com ela.

– Você achou que eu ia assistir? – Dulce olhou de lado para ele, que pareceu envergonhado.

– Sim. Nós jogamos bem. Eu fiz três gols.

– Que bom para você. – O rosto de Dulce estava impassível. Era para ela ficar impressionada?

Continuou andando pelo corredor de Rosewood Day, com o qual ela infelizmente sonhara vezes demais quando estava na Islândia. Acima dela, o mesmo teto abobadado e cor de casca de ovo. Abaixo, o mesmo chão de madeira de fazenda. À sua direita e à sua esquerda estavam as mesmas fotos emolduradas dos antigos alunos de sempre e, à esquerda, fileiras incongruentes de armários de metal com cadeados. Até mesmo a música era igual, a Abertura 1812, tocava no sistema de alto-falantes, Rosewood tocava clássicos entre as aulas porque eram “mentalmente estimulantes”. Exatamente as mesmas pessoas de sempre passavam por ela, pessoas que ela conhecera por centenas de anos... E todas as encaravam.

Dulce baixou a cabeça. Desde que se mudara para a Islândia, no começo do oitavo ano, a última vez que havia sido vista por ali, ela fazia parte do grupo enlutado cuja melhor amiga havia desaparecido de um jeito esquisito. Naquele tempo, onde quer que fosse, as pessoas sussurravam em volta dela.

Agora, parecia que nunca havia partido. E quase parecia que Angel ainda estava lá. Dulce prendeu a respiração quando viu um rabo de cavalo louro passando pelo canto do ginásio. E quando dobrou a esquina da oficina de cerâmica, onde ela e Angel costumavam se encontrar entre as aulas para fofocar, quase podia ouvir a voz da amiga dizendo “Ei, presta atenção!” Ela colocou a mão na testa para ver se tinha febre.

– E aí, qual é sua primeira aula? – perguntou Christopher, ainda acompanhando Dulce.

Ela olhou para ele, surpresa, e depois para o seu horário.

– Inglês.

– Eu também. Com o sr. Lyle?

– Sim – murmurou ela. – Ele é bom?

– Sei lá. Ele é novo. Ouvi dizer que ele tem uma bolsa de mestrado para alunos superdotados.

Dulce olhou para ele cheia de suspeita. Desde quando Christopher Uckermann ligava para as credenciais de um professor? Ela virou o corredor e viu uma garota parada na porta da sala onde seria a aula de inglês. Ela parecia familiar e estranha ao mesmo tempo. Aquela garota era magra como uma modelo, tinha cabelo loiro comprido e vestia a saia xadrez azul do uniforme de Rosewood enrolada, sapatos de salto de plataforma roxos e uma pulseira da Tiffany’s.

O coração de Dulce disparou. Ela se preocupara em como reagiria quando encontrasse com suas velhas amigas de novo, e lá estava Anahí. O que havia acontecido com Anahí?

– Oi – cumprimentou Dulce, de mansinho.

Anahí se virou e olhou Dulce de cima a baixo, de seu corte de cabelo longo e desgrenhado à sua camisa branca da Rosewood Day, passando pelas pulseiras de baquelite e suas botas marrons de amarrar. Seu rosto estava sem expressão nenhuma, mas, então, ela sorriu.

– Ah, meu Deus! – disse Anahí. Pelo menos a voz excessivamente aguda de Anahí continuava igual. – Como estava a... Onde você estava? Tchecoslováquia?

– Hum... É – respondeu Dulce. Foi perto o suficiente.

– Que legal! – Anahí deu um sorriso contido.

– Parece que Abigail foi embora de South Beach – interrompeu a garota que estava perto de Anahí. Dulce virou a cabeça de lado, tentando reconhecê-la. Oka Giner? Na última vez em que Dulce a vira, Oka tinha um bilhão de trancinhas na cabeça e dirigia uma lambreta. E agora, parecia ainda mais glamourosa que Anahí.

– É mesmo? – perguntou Anahí. Ela encolheu os ombros e se dirigiu a Dulce e a Christopher, que ainda estava ao lado de Dulce. – Desculpem, galera, mas vocês podem nos dar licença?

Dulce entrou na sala de aula e desabou na primeira carteira que viu. Ela abaixou a cabeça e respirou profundamente, para se acalmar.

“O inferno são os outros”, cantarolou. Era sua citação favorita do filósofo francês Jean-Paul Sartre e o mantra perfeito para Rosewood.

Ela balançou para a frente e para trás por alguns segundos, de um jeito maluco. A única coisa que a fazia se sentir melhor era a lembrança de Pablo, aquele cara que ela conhecera no Snooker’s. No bar, Pablo a seguira até o banheiro, agarrara seu rosto e a beijara. Suas bocas encaixavam-se perfeitamente, eles não bateram nos dentes um do outro nenhuma vez. As mãos dele dançaram pelas costas pequenas dela, por seu estômago, pelas suas pernas. Eles tiveram uma grande conexão. E tá, tudo bem, alguns poderiam dizer que... Só suas línguas se conectaram... Mas Dulce sabia que havia mais ali.

Ela se sentia tão encantada pensando sobre a noite anterior, que chegou a escrever um haicai sobre Pablo para expressar seus sentimentos, haicais eram seu tipo favorito de poema. Depois, feliz com o resultado, ela o digitara em seu telefone e enviara para o número que Pablo lhe dera.

Dulce deu um suspiro sofrido e olhou em volta da sala. O lugar cheirava a livros e a desinfetante. As enormes janelas envidraçadas davam para o gramado sul da propriedade da escola e para além disso, podia-se ver as colinas verdes e onduladas. Algumas árvores estavam ficando amarelas e alaranjadas. Havia um enorme pôster com dizeres shakespearianos perto do quadro-negro e um adesivo que dizia PESSOAS MÁS SÃO UM SACO, que alguém colara na parede. Parecia que o zelador tinha tentado raspá-lo dali, mas desistira no meio do caminho.

Era desespero mandar mensagens de texto para Pablo às duas e meia da manhã? Ela ainda não tivera resposta. Dulce se arrependeu de deixar seu telefone na mochila e o pegou de volta. Na tela estava escrito NOVA MENSAGEM DE TEXTO. Seu estômago se contraiu de alívio, excitação e nervosismo, tudo ao mesmo tempo. Mas assim que ela clicou em LER, uma voz a interrompeu.

– Desculpe, mas você não pode usar o celular na escola.

Dulce cobriu o telefone com as mãos e olhou para cima. Quem quer que tivesse dito aquilo, o novo professor, ela imaginava, dera as costas para a classe e estava escrevendo no quadro-negro. Sr. Lyle, ele havia escrito até então. Ele segurava um papel com a insígnia de Rosewood no topo. De costas, parecia jovem. Algumas outras meninas da classe lhe deram um olhar apreciativo, conforme iam encontrando um lugar para sentar. A agora fabulosa Anahí até assobiou.

– Eu sei, eu sou o cara novo – disse ele, escrevendo “professor de inglês” abaixo de seu nome – mas recebi esse comunicado da coordenação. Que diz alguma coisa sobre não ser permitido o uso de telefones celulares na escola. – E então, ele se virou. O comunicado saiu voando de sua mão até o chão de linóleo.

Imediatamente Dulce sentiu a boca secar. De pé, diante da classe, estava Pablo, o cara do bar. Pablo, o cara para quem ela escrevera um haicai. O Pablo dela, parecendo magro e adorável, usando gravata e blazer de Rosewood, com o cabelo bem-penteado, os botões corretamente abotoados e uma pasta de couro com o planejamento das aulas debaixo do braço esquerdo. De pé, ao lado do quadro-negro, e escrevendo “Sr. Lyle, professor de inglês”.

Ele olhou para ela e seu rosto perdeu a cor.

– Puta merda.

A classe toda se virou para ver para quem ele estava olhando. Dulce não queria olhar de volta para eles, então, olhou para baixo e viu a tal nova mensagem de texto:

Dulce: surpresa! Imagino o que sua porquinha de pelúcia vai dizer sobre isso... — A

Puta merda mesmo.

OBS: Meu número para quem quiser entrar no grupo, me chamo Bruna amores, 87 99921 3253