Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni
Naquela noite, às 19:17, Ale estacionou na entrada da garagem de sua casa. Depois de ter fugido da piscina, ela andou pelo Santuário de Aves de Rosewood por horas. Os pardais piando diligentemente e os alegres patinhos e periquitos adestrados a acalmaram. Foi um bom lugar para escapar da realidade... E de certa foto incriminadora.
Todas as luzes da casa estavam acesas, inclusive a do quarto que Ale e Laura dividiam. Como ela ia explicar a foto para a família? Ela queria dizer que beijar Vanessa naquela foto havia sido uma brincadeira, que alguém estava pregando uma peça nela. Ha ha, beijar meninas é nojento.
Mas não era verdade, e isso fazia seu coração doer.
A casa parecia quente e convidativa, como uma mistura de café e poutpourri de flores. A mãe havia acendido as luzes do corredor onde ficava a estante com pequenas estátuas Hummel. Pequenas estátuas de um menino ordenhando uma vaca e uma menina de calça e suspensório empurrando um carrinho de mão se alternavam. Ale entrou pelo corredor revestido por um papel de parede floral, em direção à sala de estar. Os pais estavam sentados no sofá florido. E uma mulher mais velha na namoradeira.
A mãe lhe lançou um sorrisinho.
– Bem, olá, Ale.
Ale piscou algumas vezes.
– Hã, oi... – Ela olhava dos pais para a estranha na namoradeira.
– Você não quer entrar? – Perguntou a mãe. – Tem alguém aqui que quer ver você.
A mulher, que estava usando calças pretas de cintura alta e um casaco verde-menta, levantou-se e estendeu a mão.
– Eu sou a Edith. – Ela sorriu. – É um prazer conhecer você, Ale. Por que você não se senta?
O pai de Ale correu para a sala de jantar e arrastou outra cadeira para ela. Ela se sentou, indecisa, sentindo-se nervosa. Era a mesma sensação que ela costumava ter quando suas velhas amigas brincavam do Jogo do Travesseiro, uma pessoa andava pela sala com os olhos vendados, e, inesperadamente, as outras a bombardeavam com os travesseiros. Ale não gostava dessa brincadeira, ela odiava esses momentos tensos um pouco antes de começarem a bater nela, mas participava, de qualquer forma, porque Angel adorava.
– Eu sou de um programa chamado Tree Tops. – Explicou Edith. – Seus pais me falaram do seu problema.
Os ossos do traseiro de Ale pressionaram a madeira da cadeira da sala de jantar.
– Problema? – O estômago dela afundou. Ela sentiu que sabia o que problema significava.
– É claro que é um problema. – A voz da mãe estava engasgada. – Aquela foto, com aquela menina que nós proibimos você de ver... Aquilo aconteceu mais de uma vez?
Ale tocou, nervosa, a cicatriz na palma da mão esquerda, que conseguiu quando Laura, acidentalmente, a cortara com a tesoura de jardinagem. Ela cresceu lutando para ser o mais obediente e bem-comportada possível, e não conseguiria mentir para os pais. Pelo menos não muito bem.
– Aconteceu mais de uma vez, acho. – Balbuciou ela.
A mãe soltou um gemido curto e sofrido.
Edith fez biquinho com os lábios enrugados, pintados com batom fúcsia. Ela cheirava à velhice e naftalina.
– O que você está sentindo não é permanente. É uma doença, Ale. Mas nós, da Tree Tops, podemos curar você. Nós já reabilitamos muitos ex-homossexuais, desde que o programa começou.
Ale estourou numa gargalhada.
– Ex... Homossexuais?
O mundo começou a girar, depois parou. Os pais de Ale olharam para ela parecendo os donos da verdade, com as mãos em volta das xícaras de café.
– Seu interesse em mulheres jovens não é genético ou científico, é ambiental. – Explicou Edith. – Com aconselhamento, nós vamos acabar com a sua... Necessidade, digamos assim.
Ale segurou os braços da cadeira.
– Isso parece... Estranho.
– Ale! – Repreendeu a mãe. Ela havia ensinado os filhos a nunca desrespeitar os adultos. Mas Ale estava perplexa demais para ficar envergonhada.
– Não é estranho. – Chilreou Edith. – Não se preocupe se você não entende tudo isso agora. Muitas das nossas novas recrutas não entendem. – Ela olhou para os pais de Ale. – Nós temos um maravilhoso registro de reabilitação na grande Filadélfia.
Ale queria vomitar. Reabilitação? Ela investigou os rostos dos pais, mas não encontrou nada. Olhou para a rua. Se o próximo carro que passar for branco, isso não está acontecendo, pensou. Se for vermelho, está. Um carro passou batido. Com certeza, era vermelho.
Edith recolocou a xícara de café no pires.
– Nós vamos mandar uma colega mentora para conversar com você. Alguém que experimentou o programa em primeira mão. Ela é do último ano do Rosewood Senior High e seu nome é Becka. Ela é muito legal. Vocês vão apenas conversar. E, depois disso, discutiremos a sua entrada oficial no programa. Tudo bem?
Ale olhou para os pais.
– Eu não tenho tempo de conversar com ninguém. – Insistiu. –Tenho natação de manhã e depois da escola, e, depois, tenho lição de casa.
A mãe lhe lançou um sorriso tenso.
– Você vai arranjar tempo. Que tal amanhã, na hora do almoço?
Edith concordou.
– Tenho certeza de que vai dar.
Ale coçou sua cabeça latejante. Ela já odiava Becka, e nem a tinha conhecido ainda.
– Tudo bem. – Concordou. – Diga a ela para me encontrar na capela Lorence. – Nem pensar em conversar com a srta. Tree Tops na cantina. A escola já ia ser massacrante o suficiente no dia seguinte do jeito que as coisas estavam.
Edith esfregou as mãos e se levantou.
– Eu vou arranjar tudo.
Ale esperou perto da parede da entrada, enquanto os pais entregavam a Edith seu casaco e agradeciam por ela ter vindo. Edith caminhou pela entrada de pedras dos Muller até seu carro. Quando os pais de Ale se viraram para ela, tinham um olhar cansado e sóbrio em suas faces.
– Mãe, pai... – Começou Ale.
A mãe se virou.
– Essa menina, Vanessa, tem alguns truques na manga, não?
Ale deu um passo para trás.
– Vanessa não espalhou a foto por aí.
A senhora Muller examinou Ale com cuidado, depois se sentou no sofá e colocou as mãos sobre a cabeça.
– Ale, o que nós vamos fazer agora?
– O que você quer dizer com nós?
A mãe olhou para cima.
– Você não percebe que isso tem um reflexo sobre nós?
– Não fui eu que contei para todo mundo. – Protestou Ale.
– Não importa como aconteceu. – Interrompeu a mãe. – O que importa é que todo mundo sabe. – Ela levantou e olhou para o sofá, depois pegou uma almofada decorativa e bateu nela com o pulso, para afofá-la. Ela a colocou de volta, pegou outra, e começou tudo de novo. Paf. Estava socando as almofadas com mais força que o necessário. – Foi muito chocante ver aquela foto sua, Ale. Terrivelmente chocante. E ouvir que foi uma coisa que você fez mais de uma vez, bem...
– Sinto muito. – Choramingou Ale. – Mas talvez isso não seja...
– Alguma vez você pensou em como isso seria duro para nós? – Interrompeu a sra. Muller mais uma vez. – Nós todos estamos... Bem, Laura veio para casa chorando. E seu irmão e sua irmã me ligaram, se oferecendo para vir para cá.
Ela pegou outra almofada. Paf, paf. Algumas penas saíram e voaram pelo ar antes de pousar no carpete. Ale imaginou o que aquilo iria parecer para alguém que passasse pela janela. Talvez eles vissem as penas voando e pensassem que fosse fruto de algo alegre, o contrário do que estava acontecendo na realidade.
A língua de Ale estava pesada dentro da boca. O buraco no fundo do estômago permanecia.
– Desculpe. – Sussurrou ela.
Os olhos da mãe se acenderam. Ela acenou para o pai de Ale.
– Vá pegar.
Seu pai desapareceu pela sala, e Ale o ouviu revirando as gavetas de sua antiga escrivaninha. Segundos depois, ele voltou com um impresso da Expedia.
– Isso é para você. – Informou o sr. Muller.
Era um itinerário de voo da Filadélfia para Des Moines, Iowa. Com o nome de Ale nele.
– Eu não entendi.
O sr. Muller limpou a garganta.
– Apenas para deixar as coisas perfeitamente claras, ou você faz o Tree Tops e obtém resultados positivos ou vai morar com sua tia Helene.
Ale piscou.
– Tia Helene... Que mora numa fazenda?
– Você se lembra de outra tia Helene? – Perguntou ele.
Ale se sentiu tonta. Ela olhou para a mãe.
– Você vai me mandar embora?
– Vamos esperar que não precisemos chegar a tanto. – Respondeu a sra Muller.
Lágrimas despontaram nos olhos de Ale. Por um tempo, ela não conseguiu falar. Parecia que um bloco de cimento estava apertando seu peito.
– Por favor, não me mande embora. – Sussurrou ela. – Eu vou... Eu vou fazer o Tree Tops. Pode ser?
Ale abaixou o olhar. Era a mesma sensação de quando ela e Angel faziam queda de braço, elas tinham a mesma força e podiam fazer aquilo por horas, mas, em determinado momento, Ale se renderia, amolecendo o braço, deixando-o cair. Talvez estivesse desistindo muito fácil, mas não conseguiria lutar contra aquilo.
Um pequeno sorriso de alívio brotou no rosto da mãe. Ela colocou o itinerário no bolso do casaco.
– Então, não foi tão difícil, foi?
Antes que ela pudesse responder, seus pais saíram da sala.
Autor(a): Dulce Coleções
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 235
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ana_vondy03 Postado em 11/06/2022 - 09:03:10
Aí meu deeeeeeeus! Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/06/2022 - 17:16:51
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 12/07/2021 - 13:42:57
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 04/01/2022 - 16:45:16
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 30/06/2021 - 20:57:18
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 10/07/2021 - 22:57:31
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/06/2021 - 10:41:04
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 18/06/2021 - 13:11:01
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 25/05/2021 - 14:45:08
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 30/05/2021 - 17:58:36
Continuando amore
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Dulce Coleções Postado em 25/05/2021 - 14:41:52
jnnknjbjh
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eimanuh Postado em 21/04/2021 - 19:54:16
Chegueiiiiii
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:32:07
aeh!
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ana_vondy03 Postado em 16/04/2021 - 00:08:47
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:29:21
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 05/04/2021 - 23:47:19
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/04/2021 - 22:18:03
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/04/2021 - 23:26:43
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 05/04/2021 - 23:07:32
Continuando amore