Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni
Na quinta-feira de manhã, a dra. Evans fechou a porta de seu escritório, ajeitou-se em sua cadeira de couro, juntou as mãos placidamente, e sorriu para Maite, que estava sentada do lado oposto a ela.
– Então. Eu soube que você teve uma sessão de fotos e uma entrevista ontem para o Sentinel.
– Isso mesmo. – Confirmou Maite.
– E como foi?
– Bem. – Maite deu um gole no seu vanilla latte extragrande, do Starbucks. A entrevista realmente tinha corrido bem, mesmo depois de toda a preocupação de Maite e das ameaças de A, Jordana quase não tinha perguntado sobre o trabalho, e Matthew dissera que as fotos tinham ficado primorosas.
– E como sua irmã reagiu a você ser o centro das atenções? – Perguntou a dra. Evans. Quando Maite levantou uma das sobrancelhas, a terapeuta deu de ombros e inclinou-se para a frente. – Já te ocorreu que ela pudesse ter ciúme de você?
Maite olhou ansiosamente para a porta fechada do consultório. Mila estava sentada do lado de fora, no sofá da sala de espera, lendo Viagem & Lazer. Mais uma vez, ela tinha marcado sua sessão para logo depois da de Maite.
– Não se preocupe, ela não consegue ouvir você. – Assegurou a dra. Evans.
Maite suspirou.
– Ela parecia bem... Chateada. – Sussurrou ela. – Normalmente, tudo diz respeito a Mila. Mesmo quando meus pais fazem uma pergunta endereçada apenas a mim, Mila imediatamente tenta manobrar a conversa de volta para ela. – Maite encarava o anel de prata da Tiffany, revirando-o na ponta de um dos dedos indicadores. – Eu acho que ela me odeia.
A dra. Evans tamborilou sobre um caderno.
– Faz muito tempo que você acha que ela te odeia, certo? Como você se sente em relação a isso?
Maite deu de ombros, abraçando contra o peito uma das almofadas de chenile verde-floresta da terapeuta.
– Com raiva, eu acho. Às vezes, fico muito frustrada com o jeito que as coisas estão, eu só queria... Bater nela. Nunca fiz isso, claro, mas...
– Mas seria muito bom, não seria?
Maite fez que sim, olhando para a luminária pescoço de ganso cromada da dra. Evans. Uma vez, depois que Mila dissera a Maite que ela não era uma boa atriz, Maite tinha chegado perto de dar um tapa na cara da irmã. Em vez disso, tinha jogado um dos pratos de Natal da Spode da mãe pela sala de jantar. Ele tinha se espatifado, deixando uma rachadura em forma de borboleta na parede.
A dra. Evans folheou seu caderno de anotações.
– Como seus pais lidam com a animosidade entre você e sua irmã?
Maite deu de ombros.
– Em geral, não lidam. Se você perguntar para minha mãe, ela provavelmente diria que nós nos damos perfeitamente bem.
A dra. Evans se recostou e pensou por um longo tempo. Ela batucou no passarinho de brinquedo em sua mesa, e o passarinho de plástico começou a tomar goles de água medidos de uma caneca de EU AMO Rosewood.
– É apenas uma teoria precoce, mas talvez Mila tenha medo de que, se seus pais reconhecerem algo que você tenha feito bem, eles vão amar você em vez dela.
Maite levantou a cabeça.
– Mesmo?
– Talvez. Você, por outro lado, acha que seus pais não te amam mesmo. Tudo gira ao redor de Mila. Você não sabe como competir com ela, é aí que entra seu namorado. Mas talvez não seja exatamente que você queira os namorados da Mila, mas que você queira feri-la. Faz sentido?
Maite concordou, pensativa.
– Talvez...
– Vocês duas estão sofrendo muito. – Disse a dra. Evans baixinho, seu rosto se suavizando. – Eu não sei o que provocou esse comportamento. Pode ter sido alguma coisa há muito tempo, algo que você pode nem se lembrar, mas vocês criaram um padrão para lidar uma com a outra desse jeito, e vão continuar com isso, a não ser que reconheçam o que está na base disso, aprendam como respeitar os sentimentos uma da outra e mudem. O padrão pode estar se repetindo em seus outros relacionamentos, também. Você pode estar escolhendo amigos e namorados que tratem você do mesmo jeito que Mila porque você se sente confortável dentro desta dinâmica, dentro dela, você conhece o seu papel.
– O que você quer dizer? – Perguntou Maite, abraçando os joelhos. Para ela, aquilo soava como uma baboseira psicológica.
– As suas amigas são um tipo de... Centro de tudo? Elas têm tudo que você quer, elas te obrigam a fazer as coisas, você nunca se sente bem o suficiente?
A boca de Maite ficou seca. Ela certamente tivera uma amiga assim: Angel.
Ela fechou seus olhos e visualizou a lembrança de Angel que a atormentara a semana toda. A lembrança era de uma briga, Maite tinha certeza disso. A questão é que, normalmente Maite se lembrava de todas as brigas com Angel, melhor do que lembrava dos bons momentos daquela amizade. Seria um sonho?
– No que você esta pensando? – Perguntou a dra. Evans.
Maite respirou fundo.
– Na Angelique.
– Ah. – A dra. Evans balançou a cabeça. – Você acha que a Angelique era como Mila?
– Eu não sei. Talvez.
A terapeuta puxou um lenço de papel da caixa em sua mesa e assoou o nariz.
– Eu vi um vídeo de vocês duas na TV. Você e Angelique pareciam bravas uma com a outra. Estavam mesmo?
Maite respirou fundo.
– Mais ou menos.
– Você se lembra do motivo?
Maite pensou por um momento e olhou em volta da sala. Havia uma placa na mesa da dra. Evans que ela não tinha notado da última vez em que estivera lá. Dizia: O ÚNICO CONHECIMENTO VERDADEIRO NA VIDA É SABER QUE VOCÊ NÃO SABE NADA. – SÓCRATES.
– Naquelas semanas, antes de Angelique desaparecer, ela começou a agir... De um jeito diferente. Como se odiasse a gente. Nenhuma de nós queria admitir isso, mas eu acho que ela estava planejando nos abandonar naquele verão.
– Como você se sentiu com isso? Com raiva?
– Sim. Claro. – Maite fez uma pausa. – Ser amiga de Angel era ótimo, mas nós tivemos que fazer muitos sacrifícios. Nós aguentamos muita coisa juntas, e muitas delas não foram boas. Era como: Nós passamos por tudo isso por você, e você retribui nos descartando?
– Então ela estava em débito com você.
– Talvez. – Respondeu Maite.
– Mas você se sente culpada também, certo? – Sugeriu a dra. Evans.
Maite abaixou os ombros.
– Culpada? Por quê?
– Porque Angelique está morta. Porque, de certa forma, você ficou ressentida. Talvez você quisesse que alguma coisa ruim acontecesse com Angelique porque ela a estava magoando.
– Eu não sei. – Sussurrou Maite.
– E aí, seu desejo virou realidade. Agora você acha que o desaparecimento de Angelique é culpa sua, que se você não tivesse se sentindo desse jeito em relação a Angelique, ela não teria sido assassinada.
Os olhos de Maite encheram-se de lágrimas. Ela não conseguia responder.
– Não é culpa sua. – Afirmou a dra. Evans com energia, inclinando-se para a frente na cadeira. – Nós nem sempre amamos nossas amigas todo o tempo. Angelique machucou você. Só porque você teve um pensamento maldoso sobre Angelique não significa que você causou a morte dela.
Maite fungou. Ela olhou para a frase de Sócrates mais uma vez. O ÚNICO CONHECIMENTO VERDADEIRO NA VIDA É SABER QUE VOCÊ NÃO SABE NADA.
– Tem uma lembrança que fica voltando à minha cabeça. – Desabafou Maite. – Sobre a Angel. Nós estamos brigando. Ela fala sobre algo que li em seu diário. Ela sempre achou que eu estava lendo o diário dela, mas eu nunca li. Mas eu... Não estou nem mesmo certa de que essa lembrança seja real.
A dra. Evans pôs a caneta na boca.
– As pessoas lidam com as coisas de maneiras diferentes. Para algumas, se elas presenciam ou fazem algo perturbador, o cérebro, de alguma maneira, edita isso. Mas, frequentemente, a lembrança tenta reaparecer.
A boca de Maite coçou, como se tivesse palha de aço por dentro.
– Nada de perturbador aconteceu.
– Eu poderia tentar hipnotizar você para trazer a memória de volta.
A boca de Maite ficou seca.
– Hipnotizar?
A dra. Evans estava olhando para ela.
– Poderia ajudar.
Maite pegou um pedaço de cabelo com a boca. Ela apontou para a frase de Sócrates.
– O que significa aquilo?
– Aquilo? – A dra. Evans deu de ombros. – Pense nisso você mesma. Tire suas próprias conclusões. – Ela sorriu. – Agora, está pronta? Deite-se e fique confortável.
Maite afundou-se no sofá. Enquanto a dra. Evans descia as persianas de bambu, Maite se encolheu. Isso foi exatamente o que a Angel fez no celeiro, na noite antes de sua morte.
– Apenas relaxe. – A dra. Evans desligou o abajur de sua mesa. – Sinta-se ficando mais calma. Tente esquecer tudo sobre o que falamos hoje. Está bem?
Maite não estava nem um pouco relaxada. Os joelhos haviam travado e os músculos tremiam. Até seus dentes rangiam. Agora ela vai andar em volta de mim e começar a contagem regressiva a partir de cem. Ela vai tocar minha testa, e eu estarei em seu poder.
Quando Maite abriu os olhos, ela não estava mais no consultório da dra. Evans. Estava do lado de fora do celeiro. Era de noite. Angelique estava olhando para ela, balançando a cabeça do mesmo jeito que fizera em todos os flashes de memória de que ela havia se recordado durante a semana. De repente, Maite sabia que aquela era a noite em que Angel havia desaparecido. Ela tentou se desvencilhar da lembrança, mas seus membros pareciam pesados e inúteis.
– Você tenta roubar tudo de mim. – Dizia Angel, com uma entonação aterrorizantemente familiar. – Mas você não pode ter.
– Não posso ter o quê? – O vento estava gelado. Maite estremeceu.
– Ah, qual é? – Provocou Angel, colocando as mãos nos quadris. – Você leu sobre isso no meu diário, não leu?
– Eu não leria seu diário idiota. – Rebateu Maite. – Eu não dou a mínima.
– Até parece. – Angel se inclinou para a frente. Seu hálito era mentolado.
– Você está delirando. – Acusou Maite.
– Não, não estou. – Rosnou Angel. – Você está.
De repente, Maite se encheu de raiva. Ela se inclinou para a frente e empurrou Angel.
Angel pareceu surpresa.
– Amigas não empurram amigas.
– Bem, talvez nós não sejamos amigas. – Retrucou Maite.
– Acho que não.
Ela deu uns passos e virou-se de volta. Então disse mais alguma coisa, Maite via a boca de Angel se mover, depois, sentiu a sua própria boca se movendo, mas não conseguia ouvir as palavras. Tudo que ela sabia era que seja lá o que Angel dissera, isso a deixara brava. De algum lugar distante veio um som agudo e rápido. Os olhos de Maite abriram-se imediatamente.
– Maite. – Chamou a voz da dra. Evans. – Ei, Maite.
A primeira coisa que ela viu foi a placa do outro lado da sala. O ÚNICO CONHECIMENTO VERDADEIRO NA VIDA É SABER QUE VOCÊ NÃO SABE NADA. Então, o rosto da dra. Evans entrou em seu campo de visão. Ela tinha uma expressão de dúvida e preocupação no rosto.
– Você está bem? – perguntou a dra. Evans.
Maite piscou algumas vezes.
– Eu não sei. – Ela se sentou e passou uma das mãos na testa. A sensação era a mesma de quando ela acordou da anestesia depois de tirar o apêndice. Tudo parecia borrado e sem sentido.
– Me diga o que você vê na sala. – Pediu a dra. Evans. – Descreva tudo.
Maite olhou em volta.
– O sofá de couro, o tapete branco fofo, o...
O que Angel tinha dito? Por que Maite não tinha conseguido ouvi-la? Aquilo realmente tinha acontecido?
– Um cesto de lixo de arame. – Gaguejou ela. – Uma vela em forma de pera da Anjou.
– Certo. – A dra. Evans colocou uma das mãos no ombro de Maite. – Sente-se aqui. Respire.
A janela da dra. Evans estava aberta, e Maite podia sentir o cheiro do asfalto fresco do estacionamento. Duas pombas arrulhavam uma para a outra. Quando ela finalmente levantou-se e disse à dra. Evans que a veria na próxima semana, se sentia mais lúcida. Passou reto pela sala de espera sem perceber Mila. Ela só queria sair logo de lá.
No estacionamento, Maite deslizou para dento do carro e sentou-se em silêncio. Ela listou todas as coisas que viu ali, também. A bolsa de lã escocesa. O letreiro da feira livre do outro lado da rua onde se lia OMATES FRESCOS. O T tinha caído no chão. O Chevy azul mal estacionado na frente das barracas. A alegre casa de passarinho pendurada num carvalho ali perto. A placa na porta do escritório que dizia que só era permitida a entrada de cães-guia. O perfil de Mila na janela do consultório da dra. Evans.
Os cantos da boca da irmã estavam espalhados num grande sorriso, e ela gesticulava animadamente com as mãos. Quando Maite olhou de volta para a feira, notou que o pneu do Chevy estava murcho. Havia algo se esquivando atrás do caminhão. Um gato, talvez.
Maite sentou-se ereta. Não era um gato, mas uma pessoa. Olhando para ela.
Os olhos da pessoa não piscavam. E aí, de repente, quem quer que fosse virou a cabeça, agachou-se na sombra e desapareceu.
Autor(a): Dulce Coleções
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 235
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ana_vondy03 Postado em 11/06/2022 - 09:03:10
Aí meu deeeeeeeus! Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/06/2022 - 17:16:51
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 12/07/2021 - 13:42:57
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 04/01/2022 - 16:45:16
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 30/06/2021 - 20:57:18
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 10/07/2021 - 22:57:31
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/06/2021 - 10:41:04
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 18/06/2021 - 13:11:01
Continuando amore
-
ana_vondy03 Postado em 25/05/2021 - 14:45:08
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 30/05/2021 - 17:58:36
Continuando amore
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Dulce Coleções Postado em 25/05/2021 - 14:41:52
jnnknjbjh
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eimanuh Postado em 21/04/2021 - 19:54:16
Chegueiiiiii
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:32:07
aeh!
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ana_vondy03 Postado em 16/04/2021 - 00:08:47
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:29:21
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 05/04/2021 - 23:47:19
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 14/04/2021 - 22:18:03
Continuando amore
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ana_vondy03 Postado em 03/04/2021 - 23:26:43
Continuaaa amoreee S2
Dulce Coleções Postado em 05/04/2021 - 23:07:32
Continuando amore