Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Terça-feira à tarde, Ale parou na frente de seu armário verde de metal, depois que o último sinal do dia havia tocado. O armário ainda tinha as mesmas coisas do ano anterior pregadas, o pôster da equipe de natação dos Estados Unidos; uma foto da Liv Tyler como Arwen, a elfa, e um imã que dizia BORBOLETINHAS NADAM NUAS. Seu namorado, Jamie, parou bem ao lado dela.

– Quer alguma coisa do Wawa? – perguntou ele. Seu casaco da equipe de natação de Rosewood estava pendurado em seu corpo magro e musculoso, e seu cabelo louro estava despenteado.

– Não, estou bem – respondeu Ale. Como tinham treino depois das aulas, às três e meia, os integrantes da equipe de natação costumavam ficar na escola e mandar alguém até o Wawa, assim podiam consumir seus sanduíches gigantes/chás gelados/lanchinhos variados/chocolates com creme de amendoim antes de dar bilhões de voltas na piscina.

Um grupo de garotos deu uma parada para cumprimentar Jamie, antes de continuar seu caminho para o estacionamento. Maite Perroni, que estivera na classe de história de Jamie no ano anterior, acenou. Ale acenou de volta, antes de se dar conta de que Maite estava olhando para Jamie, não para ela. Era difícil de acreditar que, depois de tudo que haviam passado juntas e de tantos segredos compartilhados, ela agora agia como se fossem estranhas.

Depois que todo mundo já havia passado, Jamie se voltou para Ale e franziu a testa:

– Você está de casaco. Não está treinando?

– Hummm... – Ale fechou seu armário, girou o trinco e embaralhou os números da sua combinação do cadeado. – Sabe aquela garota para quem eu andei mostrando a escola hoje? Vou levá-la em casa porque é seu primeiro dia, essas coisas.

Ele abriu um sorriso forçado.

– Bem, você é mesmo um doce, não é? Os pais dos alunos em potencial pagam por esse tipo de tour, mas você está fazendo de graça.

– Ah, qual é... – sorriu Ale, desconfortável. – É um passeio de dez minutos.

Jamie olhou para ela, acenando com a cabeça de modo vago por um momento.

– O que foi? Eu só estou tentado ser gentil!

– Legal – disse ele sorrindo, e tirou os olhos dela para acenar para Casey Kirschner, o capitão da equipe masculina de luta livre.

Vanessa apareceu um minuto depois de Jamie descer as escadas e seguir para o estacionamento dos estudantes. Ela vestia um blazer branco por cima de sua camisa social de Rosewood e chinelos de borracha Oakley. As unhas de seus pés não estavam pintadas.

– Oi – ela a cumprimentou.

– Oi – Ale tentou parecer bem, mas se sentia desconfortável. Talvez devesse apenas ter ido treinar com Jamie. Não era esquisito acompanhar Vanessa até a casa dela e depois voltar direto para a escola?

– Pronta? – perguntou Vanessa.

As garotas caminharam através do campus, que era basicamente um grupo de prédios muito velhos de tijolos numa estrada secundaria de Rosewood. Havia até mesmo uma torre de relógio em estilo gótico, que soava a cada hora. Mais cedo, Ale havia mostrado a Vanessa as coisas que toda escola particular tem. Ela também havia lhe mostrado coisas legais em Rosewood Day que os alunos novos geralmente tinham que se virar para descobrir, como o perigoso banheiro feminino do primeiro andar, que às vezes jorrava água como se fosse um gêiser, o lugar secreto dos alunos na colina, ideal para matar aula de educação física (não que Ale já tivesse feito isso), e a única máquina da escola que vendia Vanilla Coke, sua bebida favorita. Elas já tinham até uma piada interna sobre amodelo metida a besta dos cartazes antitabagismo pendurados na sala de espera da enfermaria da escola. Era gostoso ter uma piada particular novamente.

Naquele momento, enquanto cortavam caminho por um milharal abandonado para chegar à casa de Vanessa, Ale prestou atenção a cada detalhe do rosto da garota, de seu nariz empinado a sua pele cor de café, passando pelo colar que não ficava bem em seu pescoço. Suas mãos batiam umas contra as outras quando balançavam os braços.

– É tão diferente aqui. – disse Vanessa, farejando o ar. – Tem cheiro de Pinho Sol! – ela tirou o blazerde zuarte e enrolou as mangas da camisa. Ale soltou o cabelo, desejando que ele fosse cacheado como o de Vanessa, em vez de uma palha estragada pelo cloro. Ale também se sentia constrangida por seu corpo, que era forte, musculoso e não mais sequinho como antes. Ela não costumava ficar tão preocupada com sua aparência, nem quando estava de maiô, ou seja, quase nua.

– Todo mundo tem alguma coisa da qual gosta muito – continuou Vanessa. – Como uma menina, a Sarah, da minha turma de física. Ela está tentando montar uma banda e me convidou para entrar!

– Mesmo? E o que você toca?

– Guitarra – respondeu Vanessa. – Meu pai me ensinou. Na verdade, meu irmão é bem melhor que eu, mas que se dane.

– Uau. Isso é muito legal.

– Ah-meu-Deus! – Vanessa agarrou o braço de Ale. Ale primeiro ficou tensa, mas depois relaxou. – Você deveria entrar para a banda também! Ia ser muito divertido! Sarah disse que nós vamos ensaiar três dias por semana, depois das aulas. Ela toca baixo.

– Mas eu só toco flauta. – Então Ale se deu conta de que soava como o burrinho Bisonho, das histórias do Ursinho Puff.

– Uma flauta vai ser sensacional! – Vanessa bateu palmas. – E uma bateria!

Ale suspirou.

– Eu não posso mesmo. Eu tenho treinos de natação, tipo, todos os dias depois da escola.

– Humm... E você não pode faltar um dia? Aposto que você vai ser muito boa na bateria.

– Meus pais me matariam. – Ale inclinou a cabeça para olhar para a velha ponte, com trilhos de trem sobre ela. Os trens não passavam mais por aquela ponte, então ela agora servia como esconderijo para os garotos que queriam encher a cara sem que os pais soubessem.

– Por quê? – Vanessa quis saber. – O que é que isso tem de mais?

Ale ficou quieta. O que deveria dizer? Que seus pais esperavam que ela ficasse na equipe de natação porque os olheiros de Stanford já haviam se dado conta do progresso de Laura? Que seu irmão mais velho, Jake, e sua irmã mais velha, Madison, estudavam na Universidade do Arizona com bolsas integrais por causa da natação? Que qualquer coisa menos que uma bolsa em uma boa faculdade seria considerado um fracasso familiar? Vanessa não tinha medo de fumar maconha enquanto os pais faziam compras. Os pais de Ale, em comparação, pareciam velhos, conservadores, controladores da Costa Leste. E eles eram mesmo. Mas, enfim, o que Ale podia fazer?

– Este é o caminho mais curto para casa – Ale fez um gesto, mostrando o outro lado da rua, que dava para o enorme gramado da casa colonial pelo qual ela e as amigas costumavam cortar caminho para chegar mais rápido à casa de Angel nos dias de inverno.

Elas correram pela grama, evitando o regador automático que molhava os arbustos de hortênsias. Quando estavam empurrando os galhos espinhosos das árvores para o lado, em direção ao quintal de Vanessa, Ale parou. Um barulho estranho saiu de sua garganta.

Fazia muito, muito tempo que ela não entrava naquele quintal, o antigo quintal de Angel. Do outro lado do gramado, estava o terraço de madeira de onde ela e Angel haviam jogado charme para os vizinhos inúmeras vezes. A trilha de grama amassada onde haviam conectado o iPod branco de Angel às caixas de som e dançado feito loucas ainda era visível. À sua esquerda, estava o carvalho nodoso e tão familiar. A casa na árvore havia desaparecido, mas entalhadas no tronco estavam as iniciais: AM + AB – Ale Muller + Angelique Boyer. Ela ficou vermelha. Naquele tempo, Ale não sabia por que entalhara seus nomes na árvore; só queria mostrar a Angel que estava feliz por serem amigas.

Vanessa, que estava andando à frente dela, olhou por cima do ombro.

– Você está bem?

Ale enfiou as mãos nos bolsos do casaco. Por um segundo, considerou a hipótese de contar a Vanessa sobre Angel. Mas um beija-flor passou por ela e Ale perdeu a coragem.

– Estou bem – disse ela.

– Quer entrar? – convidou Vanessa.

– Não... Eu... Tenho que voltar para a escola. Tenho treino de natação.

– Ah. – Vanessa apertou os olhos. – Você não precisava ter me trazido em casa, bobona.

– Eu sei, mas não queria que você se perdesse.

– Você é uma graça. – Vanessa entrelaçou as mãos nas costas, e balançou os quadris para a frente e para trás. Ale se perguntou o que ela queria dizer com uma graça. Será que era uma coisa que diziam na Califórnia?

– Bem, divirta-se no treino – disse Vanessa. – E obrigada por ter me mostrado tudo na escola.

– Claro! – Ale deu um passo à frente, e seus corpos se encontraram num abraço.

– Hmmm – disse Vanessa, abraçando mais forte. As meninas deram um passo para trás e sorriram uma para a outra por um segundo. Depois, Vanessa se inclinou e beijou Ale dos dois lados do rosto.

– Smack, smack! – disse ela. – Como os franceses.

– Bem, então eu também vou ser francesa – Ale deu uma risadinha, se esquecendo de Angel e da árvore por um segundo.

– Smack! – ela beijou a bochecha esquerda macia de Vanessa.

Então, Vanessa a beijou de novo, na bochecha direita, só que um tantinho mais perto da boca. Não houve smack dessa vez.

A boca de Vanessa cheirava a chiclete de banana. Ale recuou e segurou sua bolsa da natação antes que ela escorregasse de seu ombro. Quando olhou para cima, Vanessa estava sorrindo.

– Vejo você depois – Vanessa se despediu. – Fique bem.