Fanfics Brasil - Capítulo 113: A vida imita a arte Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada)

Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni


Capítulo: Capítulo 113: A vida imita a arte

344 visualizações Denunciar


Quinta-feira à tarde na hora do almoço, Dulce virou no corredor da ala administrativa de Rosewood Day. Todos os professores tinham gabinetes ali e costumavam dar aulas particulares ou aconselhamento para alunos durante o horário de almoço.


Dulce parou diante da porta fechada do gabinete de Pablo. A sala havia mudado bastante desde o começo do ano. Ele tinha instalado uma lousa branca, e ela estava completamente cheia de recados de estudantes em tinta azul. Sr. Lyle, quero falar do meu trabalho sobre o Lylegerald. Passo aí depois da aula. Kelly. Tinha uma frase de Hamlet na parte de baixo: Ó vilão, vilão, que ri, vilão maldito! Abaixo do suporte de canetas havia um recorte de um cartoon de um cachorro num divã de analista, tirado da New Yorker. E na maçaneta estava uma placa de NÃO PERTURBE de um hotel; Pablo a tinha virado do outro lado: ARUMADEIRA, POR FAVOR, LIMPE ESTE CÔMODO.


Dulce bateu, hesitante.


– Entre. – Ela o ouviu dizer do outro lado. Dulce esperava que Pablo estivesse com outro aluno. Pelos comentários que ouviu em classe, ela achou que a hora do almoço no gabinete dele eram sempre movimentadas, mas lá estava Pablo, sozinho, com uma caixa de McLanche Feliz em sua mesa. A sala cheirava a McNuggets.


– Dulce! – Exclamou Pablo, levantando uma das sobrancelhas. – Que surpresa. Sente-se.


Dulce pulou no sofá de tweed arranhado de Pablo, do mesmo tipo que havia no gabinete do diretor de Rosewood Day. Ela apontou para a mesa dele.


– McLanche Feliz?


Ele sorriu, envergonhado.


– Eu gosto dos brinquedos. – Ele segurou um carro que fazia parte de algum filme infantil. – McNuggets? – Ele ofereceu a caixa. – Peguei molho barbecue.


Ela acenou que não.


– Eu não como carne.


– É mesmo. – Ele comeu um nugget, com os olhos presos aos dela. – Eu esqueci.


Dulce sentiu algo, uma mistura de intimidade e desconforto. Pablo olhou para o outro lado, provavelmente sentindo o mesmo. Ela olhou a mesa dele. Estava cheia de pilhas de papéis, um minijardim zen, e cerca de mil livros.


– Então... – Pablo limpou a boca com um guardanapo, sem notar a expressão de Dulce. – O que posso fazer por você?


Dulce apoiou o cotovelo no braço do sofá.


– Bem, eu gostaria de saber se você pode prorrogar meu prazo para a entrega do trabalho sobre A letra escarlate, que é para amanhã.


Ele apoiou o refrigerante na mesa.


– Mesmo? Estou surpreso. Você nunca se atrasa com nada.


– Eu sei. – Murmurou ela, envergonhada. Mas a casa dos Crawford não era convidativa ao estudo. Primeiro: Era muito quieta. Dulce estava acostumada a estudar enquanto simultaneamente ouvia música, a TV e Alfonso falando ao telefone no quarto ao lado. Segundo: Era difícil se concentrar quando ela sentia que alguém... A estava observando. – Mas não é grande coisa. Só preciso de mais um final de semana.


Pablo coçou a cabeça.


– Bem... Eu ainda não tenho uma política para a prorrogação de prazos. Mas tudo bem. Apenas desta vez. Na próxima, eu vou ter que tirar um ponto de você.


Ela colocou o cabelo atrás da orelha.


– Não pretendo fazer isso o tempo todo.


– Bom. Então, o que é? Você não está gostando do livro? Ou ainda não começou?


– Eu terminei hoje. Mas eu o odiei. Odiei Hester Prynne.


– Por quê?


Dulce brincou com a fivela dos sapatos Urban Outfitters cor de marfim.


– Ela presume que o marido esteja perdido no mar e, então, tem um caso com outro. – Murmurou ela.


Pablo inclinou-se para a frente apoiado sobre um dos cotovelos, parecendo se divertir.


– Mas o marido dela não é um homem muito bom. Isso é o que torna tudo complicado.


Dulce olhou para os livros socados nas prateleiras de madeira lotadas. Guerra e paz. O arco-íris da gravidade. Uma coleção cara de e.e.cummings e poesia de Rilke, e não um, mas dois exemplares de Sem saída. Havia a coleção de Edgar Allan Poe, que Chace não tinha lido. Todos os livros pareciam amassados e usados por terem sido lidos e relidos.


– Mas eu não consegui ver além do que a Hester fez. – Confessou Dulce, baixinho. – Ela traiu.


– Mas nós devíamos ter pena da luta dela, e de como a sociedade a rotulou, e de como ela luta para construir sua própria identidade e não permitir que alguém crie uma para ela.


– Eu a odeio, certo? – Explodiu Dulce. – E não vou perdoá-la nunca!


Ela cobriu o rosto com as mãos. Lágrimas escorreram por suas bochechas. Quando fechou os olhos, ela imaginou Robert e Margot como os amantes ilícitos do livro, e Sandra como o criticado marido vingativo de Hester. Mas se a vida realmente imita a arte, eram Robert e Margot que deveriam estar sofrendo... Não Dulce. Ela havia tentado ligar para casa na noite anterior, mas no momento em que Sandra ouviu a voz de Dulce do outro lado da linha, desligou. Quando Dulce acenou para Alfonso do outro lado da sala de ginástica, ele imediatamente se virou e entrou de volta no vestiário. Ninguém estava do seu lado.


– Ei. – Disse Pablo, baixinho, depois que Dulce deu um suspiro sufocado. – Está tudo bem. Então, você não gostou do livro. Não tem problema.


– Desculpe. Eu só... – Ela sentiu as lágrimas quentes na palma das mãos. A sala de Pablo ficou muito quieta. Havia apenas a vibração do disco rígido do computador. O zumbido da lâmpada fluorescente. Os gritos alegres do playground da pré-escola. Todas as crianças estavam do lado de fora para o intervalo.


– Há algo que você queira me contar? – Perguntou Pablo.


Dulce enxugou os olhos com a parte de trás da manga do blazer. Ela pegou um botão solto em uma das almofadas do assento do sofá.


– Meu pai teve um caso com uma aluna, três anos atrás. – Desabafou ela. – Ele é professor na Hollis. Eu sempre soube, mas ele me pediu para não contar para minha mãe. Bem, agora ele está com essa aluna de novo... E minha mãe descobriu. Ela está furiosa porque eu sabia há muito tempo... E agora meu pai foi embora.


– Meu Deus. – Sussurrou Pablo. – Isso foi há pouco tempo?


– Sim. Há algumas semanas.


– Céus. – Pablo olhou para o teto de vigas por um momento. – Isso não parece muito justo da parte do seu pai. Nem da de sua mãe.


Dulce deu de ombros. Seu queixo começou a tremer de novo.


– Eu não deveria ter escondido isso da minha mãe. Mas o que eu poderia ter feito?


Ele levantou da cadeira, deu a volta indo para a frente da mesa, empurrou uns papéis para o lado e se sentou na beirada.


– Certo. Bem, eu nunca disse isso para ninguém, mas quando eu estava no ensino médio, eu vi minha mãe beijando o médico dela. Ela estava com câncer na época, e, como meu pai estava viajando, ela me pediu para levá-la às sessões de quimioterapia. Um dia, enquanto eu estava esperando, tive que ir ao banheiro e, quando estava andando de volta pelo corredor, vi a porta do consultório aberta. Eu não sei por que olhei lá para dentro, mas quando olhei... Lá estavam eles. Se beijando.


Dulce engasgou.


– O que você fez?


– Eu fingi que não vi. Minha mãe não fazia a menor ideia que eu tinha visto. Ela saiu vinte minutos depois, toda arrumada, sóbria e apressada. Eu realmente queria falar sobre o assunto, mas, ao mesmo tempo, não podia. – Ele balançou a cabeça. – Dr. Poole. Nunca mais o vi da mesma maneira.


– Você não disse que seus pais tinham se divorciado? – Perguntou Dulce, lembrando-se de uma conversa que haviam tido na casa de Pablo. – Sua mãe ficou com o dr. Poole?


– Não. – Pablo estendeu a mão e pegou um McNugget da caixa. – Eles se divorciaram uns dois anos depois. O dr. Poole e o câncer já tinham passado.


– Deus. – Foi tudo em que Dulce pôde pensar em dizer.


– É uma droga. – Pablo brincou com uma das pedras do minijardim zen, que estava na beira da mesa dele. – Eu idolatrava o casamento dos meus pais. Para mim, não parecia que eles tinham problemas. Todo o meu ideal de relacionamento estava destruído.


– O meu também. – Disse Dulce, entristecida, passando um dos pés sobre uma pilha de papéis no chão. – Meus pais pareciam muito felizes juntos.


– Não tem nada a ver com você. Isso é uma grande coisa que eu aprendi. É uma coisa deles. Infelizmente, você tem que lidar com isso, e eu acho que isso a torna mais forte.


Dulce gemeu e bateu a cabeça no encosto duro do sofá.


– Detesto quando as pessoas me dizem coisas assim. Que essas coisas vão me fazer uma pessoa melhor, mesmo que tudo esteja uma droga.


Pablo sorriu.


– Para dizer a verdade, eu também detesto.


Dulce fechou os olhos, achando aquele momento agridoce. Ela estava esperando por alguém com quem conversar sobre tudo isso, alguém que realmente, verdadeiramente, entendesse. Ela queria dar um beijo em Pablo por ter uma família tão problemática quanto a dela.


Ou, talvez, ela quisesse dar um beijo em Pablo... Porque ele era Pablo.


Os olhos de Pablo encontraram os dela. Dulce podia ver seu reflexo nas pupilas escuras dele. Com uma das mãos, Pablo empurrou o pequeno carrinho do McLanche Feliz para que deslizasse sobre a mesa, pela beirada, caindo no colo dela. Um sorriso apareceu no rosto dele.


– Você tem namorada em Nova York? – Desembuchou Dulce.


A testa de Pablo formou uma ruga.


– Uma namorada... – Ele piscou algumas vezes. – Eu tinha. Mas nós terminamos neste verão.


– Ah.


– De onde saiu isso? – Quis saber ele.


– Alguns alunos estavam falando sobre isso, eu acho. E eu... Eu fiquei imaginando como ela era.


Um olhar demoníaco dançou pelo rosto de Pablo, mas ele logo perdeu essa expressão. Ele abriu a boca para dizer algo, mas mudou de ideia.


– O que foi? – Perguntou Dulce a ele.


– Eu não deveria.


– O quê?


– É que... – Ele avaliou o questionamento dela. – Ela não era nada comparada a você.


Um calor atravessou o corpo de Dulce. Lentamente, sem tirar os olhos dela, Pablo deslizou da mesa e se pôs de pé. Dulce foi para a beirada do sofá. O momento se prolongou eternamente. E, então, Pablo se debruçou, pegou Dulce pelos ombros e a pressionou contra seu corpo. Os lábios dela bateram nos dele. Ela segurou o rosto dele com ambas as mãos, e ele passou as dele pelas costas dela. Eles se separaram e olharam um para o outro, então, se juntaram de novo. O cheiro de Pablo era delicioso, como uma mistura de Pantene, menta e chá e alguma coisa que era apenas... Pablo. Dulce nunca se sentira assim com um beijo. Nem mesmo com Chace, nem com ninguém.


Chace. A imagem dele apareceu na cabeça de Dulce. Chace deixando-a encostar-se nele enquanto assistiam a versão da BBC de The Office, na noite anterior. Chace beijando-a antes da aula de biologia, consolando-a, pois eles iam começar a fazer dissecações naquele dia. Chace segurando sua mão durante o jantar com a família dele. Chace era seu namorado.


Dulce empurrou Pablo e deu um pulo.


– Preciso ir.


Ela estava suada, como se alguém tivesse aumentado o termostato uns cinquenta graus. Ela rapidamente juntou suas coisas, com o coração disparado e as bochechas em brasa.


– Obrigada pela prorrogação. – Disse ela, saindo desajeitadamente porta afora.


Lá fora, no corredor, ela respirou fundo por alguns instantes. Mais adiante, uma figura desapareceu rapidamente, virando num corredor. Dulce ficou tensa. Alguém tinha visto.


Ela notou algo na porta de Pablo e arregalou os olhos. Alguém tinha apagado todas as mensagens do velho quadro branco, substituindo-as por uma nova mensagem escrita com uma caneta rosa-shocking desconhecida.


Cuidado, cuidado! Eu estou sempre de olho! – A.


E depois, em letras menores, lá embaixo.


Aqui vai uma segunda pista: Todas vocês conheciam cada centímetro do quintal dela. Mas, para uma de vocês, foi tão, tão fácil.


Dulce puxou a manga do blazer pra baixo e rapidamente apagou as letras. Quando chegou na assinatura, apagou com mais força, esfregando sem parar até que não houvesse mais nenhum traço de A.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Dulce Coleções

Este autor(a) escreve mais 9 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Quinta-feira à noite, Maite se acomodou nas cadeiras fofas e vermelhas do restaurante do country club de Rosewood e olhou pela janela. No campo de golfe, dois caras mais velhos, usando casacos de gola em V e calças cáqui, estavam tentando acertar mais alguns buracos antes de o sol se pôr. Lá fora, no deque, as pessoas aproveitavam os ú ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 235



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • ana_vondy03 Postado em 11/06/2022 - 09:03:10

    Aí meu deeeeeeeus! Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 14/06/2022 - 17:16:51

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 12/07/2021 - 13:42:57

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 04/01/2022 - 16:45:16

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 30/06/2021 - 20:57:18

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 10/07/2021 - 22:57:31

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 03/06/2021 - 10:41:04

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 18/06/2021 - 13:11:01

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 25/05/2021 - 14:45:08

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 30/05/2021 - 17:58:36

      Continuando amore

  • Dulce Coleções Postado em 25/05/2021 - 14:41:52

    jnnknjbjh

  • eimanuh Postado em 21/04/2021 - 19:54:16

    Chegueiiiiii

    • Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:32:07

      aeh!

  • ana_vondy03 Postado em 16/04/2021 - 00:08:47

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:29:21

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 05/04/2021 - 23:47:19

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 14/04/2021 - 22:18:03

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 03/04/2021 - 23:26:43

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 05/04/2021 - 23:07:32

      Continuando amore


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais