Fanfics Brasil - Capítulo 114: Como se soletra d-r-o-g-a-d-e-v-i-d-a? Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada)

Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni


Capítulo: Capítulo 114: Como se soletra d-r-o-g-a-d-e-v-i-d-a?

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Quinta-feira à noite, Maite se acomodou nas cadeiras fofas e vermelhas do restaurante do country club de Rosewood e olhou pela janela. No campo de golfe, dois caras mais velhos, usando casacos de gola em V e calças cáqui, estavam tentando acertar mais alguns buracos antes de o sol se pôr. Lá fora, no deque, as pessoas aproveitavam os últimos dias de calor do ano, tomando gin tônica e comendo camarão e bruschetta. O sr. e a sra. Perroni mexeram seus Martinis Bombay Sapphire, e depois se entreolharam.


– Eu proponho um brinde. – A sra. Perroni pôs os cabelos curtos e loiros atrás das orelhas, seu anel de diamante de três quilates brilhando contra o pôr do sol que podia ser visto pela janela. Os pais de Maite sempre brindavam antes de tomar alguma bebida... Qualquer uma, até mesmo água.


A sra. Perroni ergueu o copo.


– A Maite, por estar na final da Orquídea Dourada.


O sr. Perroni brindou.


– E por estar na capa do Sentinel de domingo.


Maite levantou seu copo e brindou com eles, mas o esforço foi desinteressado. Ela não queria estar ali. Queira estar em casa, protegida e segura. Ela não conseguia parar de pensar na estranha consulta com a dra. Evans naquela manhã. A visão que tivera, a briga esquecida com Angel na noite em que a amiga desapareceu a estava assombrando. Por que ela não havia se lembrado daquilo antes? Tinha alguma coisa a mais? E se ela tivesse visto o assassino da Angel?


– Parabéns Maite. – A mãe dela interrompeu seus pensamentos. – Espero que você ganhe.


– Obrigada. – Balbuciou Maite. Ela dobrou seu guardanapo verde como se fosse uma sanfona, depois, deu a volta na mesa e dobrou todos os outros também.


– Nervosa com alguma coisa? – A mãe apontou com o queixo para os guardanapos.


Maite parou na mesma hora.


– Não. – Respondeu ela depressa.


Toda vez que fechava os olhos, voltava para a lembrança de Angel. Tudo se tornara tão claro. Conseguia sentir o cheiro das flores que cresciam no bosque e que cercavam o celeiro, sentir a brisa de verão, ver os vaga-lumes piscando contra o céu escuro. Mas aquilo não podia ser real.


Quando Maite olhou para cima, seus pais estavam olhando para ela de forma estranha. Eles provavelmente tinham perguntado algo que ela não tinha ouvido. Pela primeira vez, gostaria que Mila estivesse ali, monopolizando a conversa.


– Você está nervosa por causa da médica? – Sussurrou a mãe.


Maite não conseguiu esconder o sorriso sarcástico. Adorava que a mãe chamasse a dra. Evans de médica em vez de terapeuta.


– Não, eu estou bem.


– Você acha que conseguiu algum... – Seu pai parecia estar procurando pelas palavras, brincando com o prendedor da gravata. – Progresso, com a médica?


Maite balançou o garfo para a frente e para trás. Defina progresso, ela queria dizer.


Antes que pudesse responder, o garçom apareceu. Era o mesmo garçom que os atendia há anos, o cara baixinho e careca, que tinha voz de ursinho Puff.


– Olá sr. e sra. Perroni. – Puff apertou a mão do pai dela. – E Maite. Você está adorável.


– Obrigada. – Murmurou Maite, apesar de estar certa de que não estava. Ela não tinha lavado o cabelo depois do hóquei, e, na última vez em que tinha se olhado no espelho, seus olhos tinham uma aparência selvagem, assustada. Continuava tendo espasmos, também, e olhando ao redor do restaurante para ver se alguém a estava observando.


– Como estão todos esta noite? – Perguntou Puff. Ele afofou os guardanapos que Maite tinha acabado de redobrar e os colocou no colo de cada um deles. – É uma ocasião especial?


– Na verdade, sim. – Disse a sra. Perroni com um gritinho. – Maite é finalista da competição Orquídea Dourada. É um prêmio acadêmico de grande importância.


– Mãe. – Reclamou Maite. Ela odiava o jeito com que a mãe anunciava os feitos da família. Particularmente neste caso, já que ela tinha trapaceado.


– Que maravilha! – Urrou Puff. – É bom ter boas notícias, para variar. – Ele se debruçou para se aproximar dos Perroni. – Muitos de nossos clientes acham que viram aquele perseguidor de que todo mundo está falando. Alguns disseram que ele esteve perto do clube, na noite passada.


– Esta cidade já não passou pelo bastante? – Reclamou o sr. Perroni.


A sra. Perroni olhou, preocupada, para o marido.


– Você sabe, eu juro que vi alguém me observando quando fui encontrar com Maite na médica, na segunda-feira.


Maite levantou a cabeça, com o coração disparado.


– Você conseguiu ver quem era?


A sra. Perroni deu de ombros.


– Na verdade, não.


– Alguns dizem que é um homem. Outros, que é uma mulher. – Informou Puff.


Todos soltaram um tsc de preocupação.


Puff anotou os pedidos deles. Maite murmurou que queria atum grelhado, a mesma coisa que pedia desde que parara de pedir pratos do cardápio infantil. Conforme o garçom se afastava, Maite olhou vagamente para o salão. Era decorado no estilo dos barcos naufragados de Nantucket, com cadeiras escuras de vime e montes de boias salva-vidas e cabeças de bronze. A parede do fundo ainda tinha o mural de oceano completo, com uma lula gigante horrorosa, uma baleia assassina e um sereio com fluidos cabelos loiros e um nariz quebrado, estilo Owen Wilson. Quando Maite, Angel e as outras iam jantar sozinhas ali, um super programa, quando estavam no sexto e no sétimo ano, elas adoravam sentar perto do sereio. Uma vez, quando Oka Vanderwaal e Bella Thorne vieram ali sozinhas, Angel mandou Oka e Bella darem um beijo de língua no sereio. Lágrimas de vergonha rolaram pelos seus rostos quando elas enfiaram a língua nos lábios pintados.


Angel era tão má, pensou Maite. Seu sonho reapareceu. Você não vai conseguir isso, dissera Angel. Maite se perguntou por que ficara tão brava. Angel ia contar para Mila sobre Dylan naquela noite. Seria esse o motivo? E o que a dra. Evans quis dizer quando afirmou que algumas pessoas apagam coisas que aconteceram com elas? Será que Maite já tinha feito isso antes?


– Mãe? – De repente, Maite estava muito curiosa. – Você sabe se eu alguma vez, aleatoriamente, esqueci um monte de coisas? Se eu já tive... Tipo, amnésia temporária?


Sua mãe segurou a bebida a meio caminho da boca.


– Po... Por que você está perguntando isso?


A nuca de Maite ficou ensopada. A mãe falou do mesmo jeito perturbado do tipo eu não quero lidar com isso que usou quando o irmão dela, o tio de Maite, Daniel, ficou bêbado demais numa festa e revelou alguns segredos cuidadosamente varridos para debaixo do tapete pela família. Foi como Maite descobriu que sua avó era viciada em morfina, e que sua tia Penélope tinha dado uma criança para adoção quando tinha dezessete anos.


– Espere, aconteceu?


A mãe dela passou a mão pela borda arredondada do prato.


– Você tinha sete anos. E estava gripada.


As veias do pescoço da mãe estavam saltadas, o que queria dizer que ela estava prendendo a respiração. E isso significava que ela não estava contando tudo a Maite.


– Mãe.


A mãe passou um dedo na borda do copo de Martini.


– Não é nada importante.


– Oh, conte a ela, Verônica. – Disse o pai de Maite, ríspido. – Ela aguenta.


A sra. Perroni respirou bem fundo.


– Bem, Mila, você e eu fomos ao Instituto Franklin. Vocês duas amavam andar naquela réplica gigante de um coração. Lembra?


– Claro. – Assentiu Maite. A exposição do coração do Instituto Franklin tinha 450 metros quadrados, veias do tamanho do braço de Maite e batia tão forte que, quando se estava dentro dos ventrículos, o batimento era o único barulho audível.


– Nós estávamos voltando para o carro. – Continuou a mãe, olhando para o próprio colo. – No caminho, um homem nos parou. – Ela fez uma pausa e pegou a mão do pai de Maite. Os dois pareciam extremamente solenes. – Ele... Ele tinha uma arma na jaqueta. Ele queria minha carteira.


Maite arregalou os olhos.


– O quê?


– Ele nos fez deitar de bruços na calçada. – A boca da sra. Perroni tremia. – Eu não me incomodei em dar minha carteira, mas estava apavorada por vocês duas. Você ficou gemendo e chorando, perguntando se nós íamos morrer.


Maite torceu a ponta do guardanapo que estava em seu colo. Ela não se lembrava daquilo.


– Ele me mandou contar até cem antes de levantar de novo. – Prosseguiu a mãe. – Quando pareceu seguro, corremos para o carro, e eu as trouxe para casa. Dirigi bem acima do limite de velocidade, eu me lembro. É impressionante que eu não tenha sido parada.


Ela fez uma pausa e tomou um gole da bebida. Alguém tinha derrubado um monte de pratos na cozinha, e muitos dos clientes viraram os pescoços na direção da louça que se despedaçava, mas a sra. Perroni parecia não ter ouvido nada.


– Quando chegamos em casa, você estava com muita febre. – Continuou ela. – Apareceu de repente. Nós levamos você para o pronto-socorro. Ficamos com medo que estivesse com meningite, pois havia surgido um caso a algumas cidades daqui. Tivemos que ficar perto de casa enquanto aguardávamos os resultados, no caso de precisarmos levá-la de volta correndo para o hospital. Perdemos o campeonato nacional de soletração de Mila. Lembra do quanto ela estava se preparando para isso?


Maite lembrava. Algumas vezes ela e Mila brincavam de soletrar, Mila como participante, Maite como juíza, bombardeando Mila com palavras de uma longa lista. Aquilo era na época em que Mila e Maite gostavam uma da outra. Mas, pelo que Maite se lembrava, Mila tinha optado por sair da competição porque ela tinha um jogo de hóquei no mesmo dia.


– Mila foi para a competição de soletração, no fim das contas? – Quis saber Maite.


– Ela foi, mas com a família da Yolanda. Lembra da amiga dela, Yolanda? Ela e Mila estavam sempre juntas nessas competições de conhecimento.


Maite franziu a testa.


– Yolanda Hensler?


– Isso mesmo.


– Mila nunca foi... – Maite interrompeu-se. Ela estava prestes a dizer que Mila nunca foi amiga de Yolanda Hensler. Yolanda era o tipo de menina que era um doce na frente dos adultos e uma terrorista mandona por trás. Maite sabia que Yolanda, uma vez, havia forçado Mila a responder todas as amostras de perguntas de competições de conhecimento sem parar, mesmo Mila tendo dito um milhão de vezes que precisava fazer xixi. Mila acabou fazendo xixi na calça e molhando todo o edredom Lilly Pulitzer de Yolanda.


– De qualquer forma, uma semana depois, sua febre cedeu. – Prosseguiu a mãe. – Mas quando você acordou, tinha esquecido de tudo aquilo. Você se lembrava de ter ido ao Instituto Franklin, e se lembrava de ter andado dentro do coração, mas, então, eu perguntei se você se lembrava do homem mau na cidade. E você perguntou: “Que homem mau?” Você não se lembrava do pronto-socorro, de fazer os exames, de estar doente, de nada. Você simplesmente... Apagou tudo. Nós ficamos de olho em você pelo resto daquele verão. Tínhamos medo de que você ficasse doente de novo. Mila e eu perdemos o acampamento de caiaque para mães e filhas no Colorado e aquele recital de piano incrível em Nova York, mas eu acho que ela entendeu.


O coração de Maite estava acelerado.


– Por que ninguém nunca me contou isso?


A mãe olhou para o pai.


– A coisa toda foi tão estranha. Eu achei que pudesse magoar você, saber que você esqueceu uma semana inteira. Você ficou tão preocupada depois daquilo.


Maite segurou a beirada da mesa. Eu posso ter esquecido mais que uma semana da minha vida, ela queria dizer para os pais. E se não tivesse sido apenas um apagão?


Ela fechou os olhos. Tudo que conseguia ouvir era o barulho de sua memória. E se ela tivesse tido um apagão antes da Angel desaparecer? O que ela tinha esquecido sobre aquela noite?


Quando Puff trouxe os pratos fumegantes, Maite estava tremendo. A mãe inclinou a cabeça.


– Maite? Qual é o problema? – Ela se virou para o pai de Maite. – Eu sabia que não deveríamos ter contado a ela.


– Maite? – O sr. Perroni abanou as mãos na frente do rosto da filha. – Você está bem?


Os lábios de Maite estavam dormentes, como se estivessem anestesiados.


– Estou com medo.


– Com medo? – Repetiu o pai, se debruçando. – De quê?


Maite piscou. Sentiu que estava tendo aquele sonho recorrente no qual sabia o que queria dizer em sua cabeça, mas em vez de palavras saírem da sua boca, saía uma concha. Ou uma minhoca. Ou uma fumaça roxa. Então, apertou os lábios com força. De repente, se deu conta da resposta que estava procurando, do que tinha medo.


Dela mesma.



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Autor(a): Dulce Coleções

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 235



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  • ana_vondy03 Postado em 11/06/2022 - 09:03:10

    Aí meu deeeeeeeus! Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 14/06/2022 - 17:16:51

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 12/07/2021 - 13:42:57

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 04/01/2022 - 16:45:16

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 30/06/2021 - 20:57:18

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 10/07/2021 - 22:57:31

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 03/06/2021 - 10:41:04

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 18/06/2021 - 13:11:01

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 25/05/2021 - 14:45:08

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 30/05/2021 - 17:58:36

      Continuando amore

  • Dulce Coleções Postado em 25/05/2021 - 14:41:52

    jnnknjbjh

  • eimanuh Postado em 21/04/2021 - 19:54:16

    Chegueiiiiii

    • Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:32:07

      aeh!

  • ana_vondy03 Postado em 16/04/2021 - 00:08:47

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 21/04/2021 - 21:29:21

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 05/04/2021 - 23:47:19

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 14/04/2021 - 22:18:03

      Continuando amore

  • ana_vondy03 Postado em 03/04/2021 - 23:26:43

    Continuaaa amoreee S2

    • Dulce Coleções Postado em 05/04/2021 - 23:07:32

      Continuando amore


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