Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Na sexta-feira à tarde, Maite se curvou sobre os canteiros da mãe, arrancando as teimosas ervas daninhas. A mãe costumava fazer ela mesma o trabalho de jardinagem, mas Maite estava fazendo aquela tarefa numa tentativa de ser legal, e de ser perdoada por alguma coisa, apesar de não ter certeza do quê.

Os balões multicoloridos que a mãe comprara alguns dias antes, para comemorar o Orquídea Dourada, ainda estavam amarrados à grade do pátio. Parabéns, Maite! Estava escrito. Junto da frase havia desenhos de medalhas e troféus. Maite olhou para os balões metalizados e sua imagem curvada a olhou de volta. Era como um espelho de parque de diversões, seu rosto comprido e não arredondado, os olhos pequenos em vez de grandes, e seu nariz empinado parecia largo, enorme. Talvez tivesse sido a garota no balão, e não Maite quem trapaceara para se tornar a finalista do Orquídea Dourada. E talvez tivesse sido a garota no balão quem brigara com Angel na noite de seu desaparecimento, também.

O sistema de irrigação da casa ao lado, a antiga casa dos Boyer, começou a funcionar. Maite olhou para a antiga janela de Angel. Era a última da parte de trás da casa e ficava em frente à janela de Maite. Ela e Angel se sentiam tão sortudas por seus quartos ficarem voltados um para o outro! Elas tinham linguagem de sinais para se comunicar pela janela depois do toque de recolher, um sinal com a luz da lanterna significava “Não consigo dormir, e você?”. Dois sinais significavam “Boa-noite”. Três, significavam “Precisamos escapulir e conversar pessoalmente”.

A lembrança do consultório da dra. Evans dançava diante dela mais uma vez. Maite tentou afastá-la de sua mente, mas ela teimava em não desaparecer. Você se preocupa demais, Angel havia dito. E aquele barulho de algo se quebrando. De onde tinha vindo aquilo?

– Maite. – Sussurrou uma voz. Ela olhou em volta, o coração disparado. Olhou para as árvores que contornavam a parte de trás de sua casa. Dylan O’Brien estava ali, entre dois cornisos.

– O que você está fazendo aqui? – Sibilou ela, dando uma olhada na direção do quintal. O celeiro de Mila ficava a poucos metros dali.

– Observando minha garota favorita. – Os olhos de Dylan percorreram o corpo dela.

– Tem um perseguidor por aí. – Advertiu Maite com rispidez, tentando ignorar a onda de calor e excitação que sempre sentia quando Dylan olhava para ela. – Você precisa ter cuidado.

Dylan zombou.

– E quem foi que disse que eu não faço parte da vigilância comunitária? Talvez eu esteja protegendo você do perseguidor. – Ele se apoiou contra a árvore.

– Faz? – Perguntou Maite.

Dylan balançou a cabeça.

– Não. Na verdade, eu só peguei um atalho por aqui para chegar à minha casa. Eu vim ver Mila. – Ele fez uma pausa, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans. – O que você acha de Mila e eu voltarmos a namorar?

Maite deu de ombros.

– Não é da minha conta.

– Não é? – Dylan sustentou o olhar de Maite sem piscar. Ela desviou os olhos, o rosto ardendo. Dylan não estava se referindo ao fato de eles já terem se beijado. Não podia ser.

Ela reviveu aquele momento. A boca de Dylan havia encontrado a dela com tanta força que seus dentes de chocaram. Depois daquilo, seus lábios tinham ficado doloridos e sensíveis. Quando Maite contou para Angel aquela supernovidade, Angel gargalhou alto.

– O que, você acha que Dylan vai sair com você? – Ridicularizou ela. – Duvido muito.

Maite deu uma olhada em Dylan, calmo, casual, como sem perceber que ele era o motivo de todo o seu conflito. Ela meio que desejou não tê-lo beijado. Parecia que aquilo havia desencadeado um efeito dominó, levara à briga no celeiro, que levara à saída intempestiva de Angel, que levara a... Quê?

– Então, Mila me disse que vocês estão fazendo terapia, não é? – Perguntou Dylan. – Que loucura.

Maite ficou tensa. Parecia esquisito, Mila falando com Dylan sobre a terapia. As sessões deveriam, supostamente, ficar entre elas.

– Não é loucura.

– É mesmo? Mila me disse que ouviu você gritando.

Maite piscou.

– Gritando?

Dylan concordou.

– O... O que eu estava dizendo?

– Ela não disse que você falou alguma coisa. Só que estava gritando.

A pele de Maite pinicou. Parecia que o irrigador dos Boyer espalhava um bilhão de pequenas guilhotinas, cortando as cabeças das folhas da grama.

– Preciso ir. – Maite andou de um jeito meio esquisito em direção a casa. – Acho que preciso tomar água.

– Espera um segundo. – Dylan se plantou na frente dela. – Você viu o que há lá nas suas árvores?

Maite nem se mexeu. Dylan estava com uma cara tão estranha que Maite se perguntou se tinha alguma coisa a ver com Angel. Um de seus ossos. Uma pista. Alguma coisa que batesse com as lembranças que Maite tinha.

Então, Dylan estendeu a mão aberta para ela. E nela havia seis amoras, gorduchas e suculentas.

– Vocês têm os pés de amora mais incríveis ali atrás. Quer uma?

As amoras tinham manchado a palma da mão de Dylan de vermelho escuro, cor de sangue. Maite pôde ver a linha do amor e a da vida e todas as manchas esquisitas próximas aos dedos. Ela balançou a cabeça.

– Eu não comeria nada que venha ali de trás. – Disse ela.

Afinal de contas, Angel havia sido assassinada ali.