Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Sexta-feira à noite, Maite estava de molho na banheira da família. Era uma de suas coisas favoritas, especialmente à noite, quando todas as estrelas brilhavam no céu escuro. Naquela noite, os únicos sons em volta dela eram o das bolhas do jato da hidromassagem e o barulho de um dos labradores da família, Beatrice, mastigando um osso.

Então, de repente, ela ouviu um graveto quebrando. Depois outro. E, então... Alguém respirando. Maite virou quando a irmã, vestida num biquíni xadrez Nova, da Burberry, desceu a escada e entrou na banheira também.

Por um tempo, nenhuma delas disse nada. Maite escondeu-se embaixo de uma barba de bolhas, e Mila estava olhando para a mesa do guarda-sol, perto da piscina. De repente, Mila inspecionou a irmã.

– Então, eu estou um pouco irritada com dra. Evans.

– Por quê?

Mila mexeu as mãos em volta da água.

– Às vezes, ela fala um monte coisas sobre mim, como se me conhecesse há anos. Ela faz isso com você?

Maite deu de ombros. Mila não a tinha avisado de que a dra. Evans faria isso?

Mila pressionou a palma da mão contra a própria testa.

– Ela me disse que escolho homens que não são dignos de confiança para namorar. Que eu vou atrás de caras que sei que nunca irão se comprometer ou que não vão assumir nada duradouro, porque eu tenho medo de ficar próxima a alguém.

Mila estendeu o braço e bebeu de sua grande garrafa de Evian que estava perto da banheira. Acima de sua cabeça, Maite viu a silhueta de um grande pássaro, ou talvez um morcego, passar voando diante da lua.

– Eu fiquei brava com isso no princípio, mas agora... Eu não sei. – Mila suspirou. – Talvez ela esteja certa. Eu comecei a pensar sobre todos os meus relacionamentos. Alguns dos caras com os quais saí realmente não pareciam ser dignos de confiança, desde o princípio.

Seus olhos espetaram Maite, e Maite ficou vermelha.

– O William é um que é óbvio. – Continuou Mila, como que lendo os pensamentos de Maite, que olhou para o outro lado, para a cachoeira da piscina. – Ela me fez pensar no Dylan também. Acho que ele me traiu quando nós estávamos no ensino médio.

Maite ficou tensa.

– Mesmo?

– Ahã. – Mila inspecionou as unhas pintadas de pêssego, perfeitamente manicuradas. Seus olhos estavam escuros.

– Eu tenho quase certeza. E eu acho que sei com quem.

Maite mordeu uma pelezinha que escapava de um dos dedões. E se Mila tivesse escutado Maite e Dylan antes, no campo? Dylan tinha comentado sobre o beijo que haviam dado. Ou, pior: E se a Angel tivesse contado a Mila o que Maite fizera anos antes?

Não muito tempo antes de a Angel desaparecer, o pai de Maite tinha levado as cinco amigas para jogar paintball. Mila tinha ido junto também.

– Eu vou contar para Mila o que você fez. – Cantarolou Angel para Maite enquanto elas punham os macacões no vestiário.

– Você não faria isso. – Silvou Maite de volta.

– Ah, não? – Provocou Angel. – Me aguarde.

Maite seguiu Angel e as outras até o campo. Todas elas se agacharam atrás de um fardo de feno, esperando o jogo começar. Então, Angel se debruçou e tocou o ombro de Mila.

– Ei, Mila. Eu tenho uma coisa pra te contar.

Maite a cutucou.

– Para com isso.

O apito tocou. Todo mundo começou a atirar uns contra os outros. Todos que estavam lá, exceto Angel e Maite. Maite pegou no braço de Angel e a arrastou para trás de um fardo de feno próximo. Ela estava tão brava que seus músculos estavam trêmulos.

– Por que você está fazendo isso? – Questionou Maite.

Angel tentou sair, debruçando-se no feno.

– Por que você está fazendo isso? – Imitou ela num falsete. – Porque é errado. Mila merece saber.

A raiva se espalhou pelo corpo da Maite como nuvens antes da tempestade. Amigas não guardavam os segredos umas das outras? Elas haviam guardado o segredo de Megan por Angel, afinal de contas, fora Angel quem acendera o rojão, Angel é que tinha cegado Megan, e todas elas tinham jurado não contar. Angel não se lembrava disso?

Maite não teve a intenção de apertar o gatilho da arma de paintball... A coisa aconteceu. Tinta azul se espalhou por todo o macacão de Angel, e ela deu um grito assustado. E se ela tivesse contado para Mila naquela época, e Mila tivesse esperado todo esse tempo pelo momento certo para despejar isso em Maite?

– Algum palpite de quem possa ser? – Provocou Mila, arrancando Maite de suas lembranças.

Maite afundou ainda mais nas bolhas da banheira, seus olhos ardendo com o cloro. Um beijo mal se qualifica como traição, e tinha sido há tanto tempo.

– Não. Não faço a menor ideia.

Mila suspirou.

– Talvez a dra. Evans esteja exagerando. Afinal, o que ela sabe, de verdade?

Maite estudou sua irmã com cuidado. Ela pensou sobre o que a dra. Evans tinha dito sobre Mila, que a irmã precisava de validação. Que ela tinha ciúme de Maite. Essa era uma possibilidade tão esquisita. E será que os problemas da Mila tinham a ver com a vez em que elas foram assaltadas, quando Maite ficara doente, e que Mila teve que ir ao campeonato de soletrar com Yolanda? Quantas outras coisas sua irmã teria perdido naquele verão porque os pais estavam ocupados demais se preocupando com Maite? Quantas vezes ela teria sido deixada de lado?

Eu gostava quando éramos amigas, disse uma voz dentro da cabeça de Maite. Eu gostava de cantar as palavras para você soletrar. Eu detesto o jeito como as coisas são agora. Eu detesto faz um bom tempo.

– Faz mesmo diferença se Dylan traiu você no ensino médio? – Disse Maite baixinho. – Quer dizer, faz tanto tempo.

Mila olhou para cima, para o céu limpo e escuro. Todas as estrelas estavam lá.

– Claro que importa. Foi errado. E se eu algum dia descobrir que é verdade, Dylan vai se arrepender para o resto de sua vida.

Maite se encolheu. Ela nunca tinha visto Mila tão vingativa.

– E o que você vai fazer com a menina?

Mila virou-se bem devagar e deu um sorriso venenoso para Maite. Nesse mesmo momento, as luzes com timer do quintal dos fundos se acenderam. Os olhos de Mila brilharam.

– Quem disse que eu já não fiz algo a ela?