Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

– Meu irmão e eu demos uma olhada nesse lugar no final de semana – explicou Vanessa enquanto Ale dirigia para dentro do estacionamento de cascalho.

Ale saiu do carro e se alongou.

– Eu tinha me esquecido desse lugar.

Elas estavam na trilha de Marwyn, que tinha uns oito quilômetros de comprimento e era margeada por um riacho profundo. Ela e suas amigas costumavam andar de bicicleta por ali o tempo todo, Angel e Maite pedalavam furiosamente até o final da trilha e quase sempre empatavam, e davam uma parada na pequena lanchonete perto da área onde era permitido nadar para comer chocolates Butterfingers com Cocas Diet.

Elas seguiram até um monte lamacento e Vanessa agarrou o braço de Ale:

– Ah! Esqueci de contar. Minha mãe disse que sua mãe deu uma passada lá ontem enquanto estávamos na escola e levou brownies.

– É mesmo? – respondeu Ale, confusa, perguntando-se por que sua mãe não mencionara nada para ela durante o jantar.

– Os brownies estavam deliciosos. Meu irmão e eu acabamos com eles ontem à noite!

Elas chegaram à trilha de terra cercada por uma enorme quantidade de carvalhos. O ar tinha um cheiro fresco e selvagem, e parecia uns cinco graus menos quente por ali.

– Nós ainda não chegamos. – Vanessa a pegou pela mão e a levou por um caminho que dava numa pequena ponte de pedra. Seis metros abaixo delas, a correnteza se alargava. A água tranquila brilhava ao sol do final da tarde.

Vanessa andou até a beirada da ponte e tirou a roupa, até ficar só de sutiã e com sua calcinha rosa-bebê. Ela fez uma pilha com suas roupas, mostrou a língua para Ale e pulou.

– Espere! – Ale correu até a beira da ponte. Será que Vanessa sabia como o riacho era fundo? Dois segundos depois, Ale ouviu um splash.

A cabeça de Vanessa apareceu, saindo de dentro d’água.

– Eu disse que tinha a ver com natação. Vai, tira a roupa!

Ale deu uma olhada para a pilha de roupas de Vanessa. Ela realmente detestava tirar a roupa na frente dos outros, mesmo na frente das meninas da equipe de natação, que a viam todos os dias. Devagarinho, ela tirou a saia de Rosewood, cruzando as pernas uma sobre a outra para que Vanessa não pudesse ver suas coxas musculosas e depois puxou a camiseta que usava debaixo da blusa do uniforme, mas decidiu ficar com ela. Ale olhou para além da beirada da ponte, criou coragem e pulou. Pouco depois, a água envolveu seu corpo. Estava deliciosamente morna e espessa por causa da lama, não fria e limpa como a da piscina. Seu sutiã inflou por causa da água.

– É como se fosse um banho termal – disse Vanessa.

– É mesmo. – Ale chapinhou até a parte mais rasa, onde Vanessa estava. Ale se deu conta que conseguia ver os bicos dos seios de Vanessa através do seu sutiã e desviou os olhos.

– Eu costumava mergulhar de penhascos com Justin o tempo todo quando estávamos na Califórnia – contou Vanessa. – Ele costumava ficar parado na beirada e, tipo, pensar sobre o pulo por uns dez minutos. Gostei de como você não hesitou nem por um segundo.

Ale ficou de costas e boiou, sorrindo. Ela não podia evitar: achou os elogios de Vanessa deliciosos como um cheesecake.

Vanessa respingou água em Ale com as mãos. Alguns respingos atingiram sua boca. A água do riacho era pegajosa e tinha um gosto quase metálico, nada parecido com a água cheia de cloro da piscina.

– Acho que Justin e eu vamos terminar – disse Vanessa.

Ale nadou para mais perto da beira e parou.

– É mesmo? Por quê?

– Esse negócio de namoro a distância é muito estressante. Ele me liga, tipo, o tempo todo. Eu só fui embora a uns poucos dias e ele já me mandou duas cartas!

– Hum – respondeu Ale, deixando a água turva escorrer por entre os dedos. Depois, algo lhe ocorreu. Ela se virou para Vanessa.

– Será que você, hum, colocou um bilhete no meu armário ontem?

Vanessa franziu a testa.

– O quê, depois da escola? Não... Você me levou em casa, lembra?

– Tá certo. – Ela não achava mesmo que Vanessa tivesse escrito aquele bilhete, mas as coisas seriam muito mais fáceis se tivesse sido ela.

– O que o bilhete dizia?

Ale balançou a cabeça.

– Deixa pra lá. Não era nada. – Ela limpou a garganta. – Sabe, acho que talvez eu termine com o meu namorado também.

Uau. Ale não ficaria mais surpresa nem se um passarinho azul saísse voando de sua boca.

– É mesmo? – Vanessa quis saber.

Ale piscou para tirar a água dos olhos.

– Não sei. Talvez.

Vanessa alongou os braços acima da cabeça e Ale pôde ver a cicatriz no pulso dela mais uma vez. Ela olhou para o outro lado.

– Bem, ligue o foda-se.

Ale sorriu.

– Como é?

– É só uma coisa que eu digo às vezes – explicou Vanessa. – Quer dizer... Dane-se! – Ela se virou e deu de ombros. – Acho que é meio bobo.

– Não, eu gostei – disse Ale – Ligar o foda-se. – Ela riu. Ale sempre se sentia estranha quando falava palavrão, como se a mãe pudesse ouvi-la lá da cozinha de sua casa, a dezesseis quilômetros de distância.

– Você deve mesmo romper com seu namorado – disse Vanessa. – Sabe por quê?

– Por quê?

– Porque isso significaria que ambas estaríamos solteiras.

– E o que isso significa? – Ale quis saber. A floresta estava calma e quieta.

Vanessa se aproximou.

– Isso significa que... Nós... Podemos... Nos divertir! – Ela pegou Ale pelos ombros e a afundou.

– Ei! – gritou Ale. Ela jogou água em Vanessa, fazendo seu braço inteiro correr pela água, criando uma onda enorme. Depois, ela agarrou Vanessa pela perna e começou a fazer cócegas em seus dedos.

– Socorro! – gritou Vanessa. – No pé não! Eu sinto muitas cócegas!

– Encontrei seu ponto fraco! – Ale comemorou, arrastando Vanessa para a queda d’água como uma maníaca. Vanessa conseguiu puxar o pé e soltá-lo e atacou os ombros de Ale por trás. As mãos de Vanessa deslizaram pelos lados do corpo de Ale, depois para seu estômago, onde começou a fazer cócegas nela. Ale gritou. Por fim, ela empurrou Vanessa para uma pequena caverna nas pedras.

– Espero que não haja morcegos aqui – gritou Vanessa. Ela ergueu a mão. Raios de sol entravam através de pequenas aberturas na caverna, fazendo um halo em volta da cabeça molhada de Vanessa. – Você tem que entrar aqui. – Vanessa pegou a mão de Ale.

Ale ficou perto dela, sentindo as paredes lisas da caverna. O som de sua respiração ecoava pelas paredes estreitas. Elas olharam uma para a outra e sorriram.

Ale mordeu os lábios. Aquele era um momento de amizade tão perfeito que a fez sentir-se melancólica e nostálgica.

Vanessa baixou os olhos, concentrada.

– O que foi?

Ale respirou fundo.

– Bem... Sabe aquela garota que morava na sua casa? Angelique?

– Sei.

– Ela desapareceu. Logo depois do sétimo ano. E nunca mais foi encontrada.

Vanessa estremeceu de leve.

– Ouvi falar alguma coisa sobre isso.

Ale abraçou a si mesma. Estava ficando com frio também.

– Nós éramos muito próximas.

Vanessa chegou mais perto de Ale e passou um dos braços em volta dela.

– Eu não sabia.

– É. – O queixo de Ale tremia. – Eu só queria que você soubesse.

– Obrigada.

Um tempo longo passou; Ale e Vanessa continuaram abraçadas. Depois, Vanessa recuou.

– Eu meio que menti mais cedo. Sobre querer romper com Justin.

Ale ergueu as sobrancelhas, curiosa.

– Eu... Eu não tenho muita certeza se gosto de meninos – disse Vanessa, baixinho. – É estranho. Eu acho que eles são bonitinhos, mas quando fico sozinha com eles, não quero estar com eles. Eu prefiro estar, bem, com alguém mais parecido comigo. – Ela sorriu meio torto. – Você entende?

Ale passou a mão pelo rosto e pelo cabelo dela. De repente, o olhar de Vanessa, parecia próximo demais.

– Eu... – ela começou. Não, ela não entendia.

Os arbustos acima delas se moveram. Ale hesitou. Sua mãe costumava detestar quando ela vinha para essa trilha, você nunca sabia que tipo de sequestradores ou assassinos se escondiam em lugares como aquele. As árvores ficaram quietas por um instante, mas então uma revoada de pássaros dispersou-se no céu. Ale se achatou contra as pedras. Será que alguém as estava observando? De quem era aquela risada? O riso parecia familiar. E então Ale ouviu uma respiração pesada. Sentiu um arrepio nos braços e espiou o que estava acontecendo fora da caverna.

Era só um grupo de meninos. De repente, eles invadiram o riacho, empunhando galhos como se fossem espadas. Ale se afastou de Vanessa e da queda d’água.

– Onde você está indo? – chamou Vanessa.

Ale olhou para Vanessa e depois para os garotos, que tinham abandonado os galhos e agora estavam jogando pedras uns nos outros. Um deles era Poncho Herrera Espinoza, o irmão mais novo de sua antiga amiga, Dulce. Ele havia crescido um pouco desde a última vez que o vira. E, espera aí, Poncho estudava em Rosewood. Será que ele conseguiria reconhecê-la? Ale saiu da água e correu encosta acima.

Ela se virou para Vanessa.

– Tenho que voltar para a escola antes que o treino de natação de Laura acabe. – Ela pegou sua saia. – Quer que eu jogue suas roupas aí pra abaixo?

– Tanto faz. – Então, Vanessa ficou de pé e andou com certa dificuldade pela água, a calcinha fininha grudada no traseiro. Vanessa subiu devagar pela encosta, sem cobrir a barriga ou os seios com as mãos nenhuma vez. Os calouros pararam o que estavam fazendo para encará-la.

E apesar de não querer, Ale também olhava para ela.